domingo, 17 de outubro de 2010

As Habilidades Pastorais diante dos Desafios Urbanos no Brasil

Texto 1: As Habilidades Pastorais diante dos Desafios Urbanos no Brasil


Por: Marco Antônio de Castro Faleiro


Vivemos dias em que a igreja evangélica precisa reconhecer que a sociedade brasileira vive uma transformação que na verdade é uma migração da modernidade para a pós-modernidade. No conceito medieval, o Brasil foi colonizado por uma sociedade voltada para a religiosidade obrigatória e inquestionável. Este momento brasileiro foi dominado pelo cristianismo católico e impediu a igreja chamada protestante entrar no país, a não ser por espias camuflados e tolhidos. Houve as invasões da Holanda e da França, com os calvinistas, mas foi pouco tempo, e pouco influenciou a sociedade brasileira colonial. No momento histórico da modernidade, nosso país, recebeu os protestantes que tinham que enfrentar o catolicismo reinante medieval, e uma sociedade abolicionista e republicana que já influenciada pela Europa, buscava a comprovação cientifica do religioso, e do metafísico. A maçonaria e os ingleses abriram portas ao evangelismo que também trouxe os ideais de liberdade, e fraternidade. Depois os missionários americanos formataram a liturgia e os métodos missionários. A técnica era simples, e os pastores heróis de um tempo de perseguição e penúria. Os pastores de um Brasil mais rural. Agora vivemos uma sociedade que esquece a racionalidade do darwinismo, que pensa conhecer uma filosofia freudiana idealizada como verdadeira, que idolatra o consumismo capitalista e poetisa o pensamento marxista. Esta sociedade brasileira que vive os três estágios misturados e fomenta a criação de um novo momento histórico, ainda desconhecido, chamado de pós-modernidade, ainda “embaralha” as mentes da igreja evangélica. Uma igreja que criou sistemas e metodologias de evangelização fundamentadas na lógica e no convencimento da aproximação da razão cientifica como aliada da fé cristã. Diante desta realidade do século XXI, a liderança da igreja brasileira precisa desenvolver suas habilidades pastorais num novo conceito de pensamento ou para a renovação considerando nossa atual realidade. Olhando para os brasileiros que vivem no meio rural, vemos cada dia mais a mentalidade urbanizada, através da televisão e da internet. O homem brasileiro rural através da tecnologia da informática tem se aproximado cada dia mais da contextualização urbana. Portanto devemos analisar com mais atenção a cultura urbana brasileira que tem sido formada, e os pastores precisam unir forças aproveitando os erros e acertos dos desbravadores da vida urbana num mundo globalizado.


Neste contexto de necessidade de análise da vida urbana, chamamos os pastores do rebanho de Deus para uma conversa. Pergunto aos pastores se nossos seminários já estão criando vertentes para a analise da vida eclesial no contexto urbano? Chamo de vertentes, os novos caminhos que temos de trilhar para alcançar as “tribos urbanas”. Chamamos de tribos, porque o homem urbano para sobreviver forma grupos. E o mundo urbano brasileiro tem sido uma cópia da identidade global criada nos bastidores das ONUs. Afinal para chegar numa tribo inalcançada enfrentamos um caminho desconhecido, mas existe um caminho interessante que é perguntar para os convertidos das tribos como trilhar este caminho. Assim como no passado criávamos grupos de estudo e de estrategistas evangelísticos para alcançar os povos não alcançados, temos que reconhecer que nas cidades cada dia mais nós temos várias tribos com suas próprias formas de viver, ou seja, sua língua, sua cultura, seus hábitos, e suas crenças. Sem dúvida é fundamental uma reformulação de metodologia para o campo da evangelização e de discipulado no contexto urbano da geração informatizada. Vemos que a igreja brasileira hoje está vivenciando um conjunto de laboratórios com muitas idéias, algumas que estão enchendo a igreja de interessados, outras idéias trazendo os observadores, algumas idéias somam os aproveitares, e poucas idéias acrescentam os convertidos. Mas para avançar temos que passar por esta fase de ensaios, quando nossa liderança pastoral está criando ou formando habilidades novas, habilidades plurais numa sociedade brasileira mutante que adere ao convívio global das muitas culturas disseminadas pela rede informatizada da internet. Uma cultura global que faz nascer o homem global, sendo brasileiro ou de qualquer nacionalidade. O globalismo traz para o Brasil o sonho arquitetado pelos controladores deste “mundo tenebroso”, da aldeia global. E os pastores são os responsáveis por fazer a igreja brasileira que é formada por brasileiros pós-modernos, formar uma “roupa santa não contaminada pela carne”. Vivemos dias em que temos que decidir se a igreja brasileira é pós-moderna, ou criará habilidades de atingir a pós-modernidade sem agredir as bases do cristianismo autentico.


Uma igreja brasileira pós-moderna seria a conformidade de nossa mente ao sistema reinante, assim como uma igreja medieval, ou modernista? Mas será que o “não conformeis com este século” está relacionado com as tradições e costumes do povo que nascemos, ou seria a negação da aceitação da forma de pensar e agir fora dos princípios ensinados por Cristo? O mesmo texto fala para “sermos transformados pela renovação do nosso entendimento”. Então existe uma forma da igreja brasileira liderada por pastores, ter uma transformação por meio de uma renovação sem uma conformação do sistema deste século? Será que faço perguntas, criticas, ou afirmo socraticamente?


Aqui está o momento da liderança da igreja brasileira, que precisa desenvolver uma transformação, e isto significa habilidades pastorais renovadas num entendimento que é o verdadeiro conhecimento de Deus. Como Deus agiria na sociedade brasileira urbana?


Vamos focar na realidade urbana brasileira, e pensar o que a liderança pastoral da igreja brasileira precisa fazer para levar a própria igreja à “boa, perfeita e agradável vontade de Deus”. Talvez seja uma resposta a palavra anterior desta frase de Romanos, a palavra: “experimenteis”.


Não tenho uma resposta, mas um monte de perguntas, talvez seja um bom começo num ambiente de educação teológica. Mas tenho certeza de uma coisa, que não há uma forma de desenvolver habilidades sem experimentar a vida. Na experiência existem verdadeiras habilidades, e na teorização existem as idéias que os corajosos procuram experimentar.


Como conclusão para terminar este texto a sugestão é que os maiores contribuintes para uma formação acadêmica no campo das habilidades pastorais no novo contexto brasileiro urbano são exatamente os corajosos que estão formando projetos urbanos. Estes projetos podem ser igrejas, missões, escolas, ou grupos. Sem dúvida estas novas habilidades são um desafio para a liderança pastoral da igreja brasileira, mas são nos desafios que as habilidades são formadas ou testadas.

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