segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Igreja Virtual um desafio missiológico

ARTIGO: A Igreja Virtual um desafio missiológico A raça humana está se adaptando a uma nova forma de viver, e nunca na história humana houve um tempo como os dias atuais, que é o século 21. A Igreja também faz parte desta realidade, e não pode fugir da forma como a civilização se estrutura, e das tecnologias que promovem esta civilização. As tecnologias que promovem a comunicação, são uma das mais importante nos dias atuais. A Igreja que é um grupo social, ou um grupo humano, é diretamente impactada pelas tecnologias de comunicação, especialmente quando é considerado que uma das funções principais da igreja é a pregação do evangelho. Conforme Erickson, um teólogo conhecido na igreja, a igreja tem três funções básicas: adoração, edificação e evangelização . Nestas três funções da igreja, a comunicação é fundamental. Como a comunicação é a parte fundamental do cumprimento destas três funções da igreja, a tecnologia que envolve a comunicação humana, será também fundamental para o cumprimento destas funções. Como a Igreja em suas funções básicas utiliza da comunicação, o principal desafio da Igreja que utiliza as ferramentas da Igreja Virtual é um desafio missiológico. Ao considerar o termo “desafio missiológico” é o aspecto mais amplo que conceitua a missão da Igreja na terra, a função de se comunicar a mensagem de Deus ao homem. Esta é a mensagem que a Igreja recebeu, o evangelho ou as boas novas que Jesus veio ao mundo salvando a humanidade. Também o conceito de desafio missiológico, inclui que a Igreja tem que se adaptar as formas de comunicação humana, para poder comunicar a mensagem do evangelho, pode-se chamar isto de contextualização. O aspecto da utilização da comunicação para edificação e para adoração, é um aspecto auxiliar, mas não é o mais urgente. A tarefa da evangelização é com certeza a tarefa ou função mais urgente. As novas tecnologias que estão formando este novo tipo de igreja, de reunião da igreja, ou ainda de relacionamento dentro da mesma, seja entre ela, seja da Igreja com o mundo, tem que considerar a forma como o mundo está se sociabilizando. A medida que o homem foi criando novas tecnologias e sistemas como o caso da escrita, a comunicação humana foi mudando, ou foi sendo adaptada a estas novas tecnologias e sistemas de comunicação. A igreja não se limitou a somente utilizar as palavras nos tempos bíblicos, ela também utilizou da escrita, e com a escrita utilizou das tecnologias que o homem foi inventando, como as tabuinhas de barro, pedras, e papiros. Assim como aconteceu antes, hoje com as novas tecnologias que envolvem a comunicação humana, a igreja irá utilizar, como sempre fez. Todas as tecnologias que envolvam a facilitação ou a dificultação da comunicação, serão consideradas como importantes na vida da Igreja. A comunicação então é o fator que envolve a igreja com as novas tecnologias de comunicação, assim como é o fator que faz o próprio homem querer utilizar-se delas. O valor da tecnologia é seu uso, ou sua utilidade, não sua forma física. A forma física dos objetos que são as novas ferramentas de comunicação é apenas um fator de embelezamento da ferramenta. A internet é uma nova forma de comunicação, e utiliza de objetos que serão as ferramentas dos novos meios de comunicação. Ferramentas como telefones, computadores, televisões, e rádios. Esta nova tecnologia, que é proveniente da informatização da sociedade, envolve a comunicação dos seres humanos. Se a internet e tudo que está relacionado com ela, faz parte da forma como os seres humanos se comunicam na nova sociedade moderna e globalizada, com certeza a Igreja terá que considerar sua participação ou sua não participação. A decisão da participação terá que ser fundamentada em princípios bíblicos, pois a Bíblia não fala destas tecnologias, e não trata de forma clara e objetiva o que é certo e errado dentro das tecnologias humanas. A decisão de não participar destas ferramentas tecnológicas é também decidir ficar com menos ferramentas, ou com menos possibilidades de se comunicar. Além disto como estas tecnologias estão se interligando em outros tipos de serviços, a decisão de não participar deste avanço tecnológico é perder muitas oportunidades na sociedade. Em alguns casos até perder a possibilidade de sobreviver numa sociedade que se fundamenta na nova tecnologia. A internet também está criando um mundo que não é o mundo real e físico, é um mundo virtual. Um mundo virtual que se mistura como o mundo real ou físico, e algumas vezes até se confundem. A Igreja também já está vivendo este mundo atual, e como consequência já vive um novo fenômeno que tem sido chamado de “Igreja Virtual”. A Igreja virtual não é uma igreja imaginária ou não existente, é apenas uma forma de chamar as pessoas que são a igreja, participando de meios de comunicação modernos ou utilizando deles. A utilização das novas tecnologias de comunicação, criaram uma forma de relacionamento que é a distância. Durante este artigo, a questão “Igreja Virtual” será considerada, analisando vários aspectos que envolvem esta nova realidade que é humana, mas também é eclesiástica. E considera o desafio missiológico como a origem da utilização destas ferramentas, e além da origem é a motivação principal. A internet que nasce como uma ferramenta de comunicação tendo assumido várias funções, e todas estas funções estão vindo junto com a comunicação. Antes era apenas para comunicação, depois começou a ser parte de sistemas de gerenciamento de órgãos governamentais e empresas, foi acrescentado o arquivamento de informações com a idéia das bibliotecas sendo interligadas e acessível a todo mundo. O arquivamento assumiu uma proporção gigantesca, e junto com este arquivamento e comunicação o correio de cartas físicas, assumiu um novo formato tecnológico com um correio eletrônico (e-mail). A história da internet está exposta em vários livros e sites, como no site Prof2000 , que mostra todo caminho começando com os americanos no tempo da “guerra fria” criando uma rede de computadores que pudessem arquivar os documentos, que seriam partilhados por todos participantes da rede. A partir dai o mundo mudou, as comunicações mudaram, inclusive com a pesquisa de novas tecnologias. A escola também, assim como todos os setores da sociedade humana, descobriu a internet, e agora várias funções estão ligadas a mesma, ajudando faculdades e escolas. A escola é um dos setores que mais afetam a Igreja, pois acaba sendo também um modelo para a edificação que é uma das funções da igreja. Em especial, a escola seguiu um novo processo, que implica numa comunicação a distância, começando com os cursos por meio da correspondência. O processo do curso à distância criou novos modelos que foram se modificando, conforme a tecnologia avançava. O site “modelosEaD” apresenta quatro tipos de gerações do ensino a distância: primeira geração a correspondência por meio de cartas, segunda geração a tv, rádio, telefone e correio, e a terceira geração a internet interligando todos os meios de comunicação. Após o advento da internet com sites que mantem fóruns e interações seguindo os modelos das redes sociais, está progredindo para a quarta geração. A quarta geração cria locais e pessoas virtuais. As pessoas utilizam de “bonecos virtuais” ou “avatares”. Filmes como “matrix” ou “avatar” demonstram este projeto de um “mundo virtual” com participação humana. O site citado ‘modelosEaD” chega a dizer que existirá ainda uma quinta geração “baseada no desenvolvimento da rede e da passagem e proliferação da Web 2.0” . Com certeza o avanço da tecnologia da internet também afetará as ferramentas que serão utilizadas, inclusive pela igreja. Independente destes projetos educacionais e projetos de todas as áreas da sociedade humana atual, a internet é uma realidade mundial e tem criado uma nova civilização que tem sido chamada de civilização pós moderna, principalmente por causa da globalização e pela popularização das tecnologias da informática. A tecnologia da comunicação como destaque deste artigo, está a cada dia se tornando mais facilmente adquirível e utilizável. Com esta popularização da tecnologia da comunicação, o mundo está se tornando dependente e até refém dos sistemas interligados que gerem e controlam todos os equipamentos informatizados nas empresas, inclusives nos órgãos governamentais. A energia elétrica, a água, o sistema de transporte, os meios de comunicação, enfim toda nova estrutura de vida está ligada a internet. O sr. José Luiz Boromelo afirma em um artigo de um jornal virtual, chamado “odiário.com”, da cidade de Maringá (Paraná – Brasil). A humanidade mostra sinais evidentes de que se rendeu definitivamente às novidades da modernidade. Novos hábitos foram incorporados ao cotidiano, influenciando radicalmente os costumes e as atividades das pessoas. E não há como se livrar tão facilmente dessa onda tecnológica, onde tudo gira em torno de aparelhos celulares de última geração, tablets, notebooks, desktops, consoles de jogos, tevês de tela grande, aparelhos de GPS e uma infinidade de produtos disponíveis no mercado. E toda essa parafernália eletrônica requer um mínimo de conhecimento possível para sua correta manipulação. O comentarista Boromelo apresenta um quadro de dependência, que a Igreja não poderá deixar de participar, pois a Igreja são pessoas, e as pessoas que são a Igreja, vivem dentro de uma sociedade, que tem uma cultura, uma estrutura que chamamos de civilização. Boromelo ainda afirma que “a tecnologia é indiscutivelmente necessária e indispensável, porém, há que se encontrar equilíbrio e discernimento suficiente para não ultrapassar certos limites óbvios. Não há como inserir em cada usuário uma fronteira entre o razoável e o ridículo.” Mas e dentro da Igreja, como um grupo social, como a Igreja irá determinar estes limites? Como a Igreja irá criar a fronteira entre o razoável e o ridículo? A Igreja não poderia e não poderá fugir da realidade mundial atual. Esta realidade é o início da discussão sobre a Igreja Virtual, pois a Igreja tem que considerar o que o próprio Jesus orientou a Igreja em um texto dos evangelhos: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno” . Nestas palavras de Jesus percebesse a orientação para não “sair do mundo” ou do lugar que vivemos, ou mais ainda do sistema que o mundo vive, que é no caso a civilização criada pelo povo que a Igreja participa. Nesta orientação de Jesus que inclui a idéia de afastamento do mal ou do maligno, não inclui o afastamento do mundo. Pode-se considerar que a Igreja não precisa rejeitar os avanços tecnológicos, mas tem que rejeitar todo mal que está dentro da sociedade que a Igreja vive. Este princípio bíblico tem que ser considerado quando se analisa a participação da Igreja no ambiente virtual, e na tecnologia que o mundo está construindo. O mundo atual é uma civilização informatizada, com costumes e usos ligados a esta tecnologia. Por isto a Igreja que também está entrando neste ambiente virtual, está produzindo um tipo de igreja, que tem sido chamada “Igreja Virtual”. A idéia de “sair deste mundo” provocaria um isolamento, que poderia ser total ou parcial. Para não utilizar as tecnologias de comunicação a igreja teria que se isolar em comunidades rurais, pois não poderiam ter nenhum tipo de utilização da tecnologia atual. Para rejeitar de uma forma cristã ou bíblica a nova civilização informatizada, teria que ter uma fundamentação bíblica. Como a Bíblia não fala nada sobre esta nova tecnologia mundial, especialmente a informatizada e de comunicação, a Igreja teria que considerar a idéia da criação de uma classificação de tecnologia boa e tecnologia má, ou da descoberta da maldade na tecnologia ou da bondade na tecnologia. Mas para considerar uma tecnologia boa e outra má, teria que ter um embasamento bíblico, para ser considerado um fundamento cristão ou bíblico. A revista Super Interessante da editora Abril (Brasil), apresenta o caso de um grupo de cristãos que resolveram “sair do mundo” e “negar a tecnologia que seria má”, estes são os “Amish”. No caso dos Amish, eles criaram uma “tecnologia maligna ou proveniente do diabo”. O artigo da revista Super Interessante baseado no artigo de Donald Kraybill, Steven Nolt e David Weaver-Zercher entitulado: “The Amish Way: Patient Faith in a Perilous World” (O caminho Amish: Fé paciente em um mundo perigoso), mostra como a “aversão à tecnologia” e o desejo de ter uma vida como no século 18 fez deste grupo um novo povo, separado dos EUA . Considerando o caso dos Amish nos EUA, que decidiram desde o século 18, não aceitar mais as novas tecnologias, eles se basearam em conceitos de que eles são “cristãos” que “sairam do mundo”. Neste caso os Amish representam claramente a idéia de isolamento como forma de preservação de um tipo de “cultura cristã ou cultura santa”. Eles então demonstram que para ser santo, não se pode ter a nova tecnologia, mas um problema se levanta, pois eles mesmos já tinham uma tecnologia adotada, como as carroças com rodas, as casas com tecnologia de engenharia avançada, ferramentas inventadas com aço. O fato é que todos os povos vivem com tecnologias, é uma questão de constatação, não de opinião. Mesmo os Amish que pararam no tempo, ainda assim mantiveram a tecnologia que no tempo que pararam havia sido aderido por aquela civillzação. Se o homem não pudesse utilizar nenhuma tecnologia, teria que voltar a viver num Éden sem nenhuma descoberta científica. A descoberta científica inclusive é uma discussão, mas ela pode ser considerada como parte da inteligencia criada por Deus no homem. Neste caso tudo o que o homem constroi, descobre ou desenvolve é proveniente de uma inteligencia criada por Deus. Este seria outro aspecto a ser discutido quando se nega a tecnologia. Mas a questão de existir uma tecnologia boa e outra má, teria que definir quem defeniria o que é bom e mal. A Bíblia, que para o cristianismo evangélico ou reformado é a única regra de fé e prática não poderia determinar os objetos bons e os maus, precisaria então de considerar apenas os princípios. Diante destas considerações iniciais, uma análise do que a Igreja diz sobre o assunto é fundamental. Numa breve pesquisa no google, pode-se digitar “igreja virtual” e aparecerá várias igrejas ou religiões que estão mantendo sites com informações, com interação, e até mesmo com serviços religiosos. É importante destacar que este problema ou nova realidade não é algo que tem afetado somente a religião cristã, tem afetado todas as religiões, e todo tipo de agrupamento humano. O foco é na Igreja e este artigo considera a igreja evangélica e protestante. Infelizmente, apesar de facilmente verificar a existência do fenômeno da Igreja Virtual na internet, não existe material desenvolvido sobre o tema, e não foi encontrado livros que analisam o problema ou o fenômeno de forma direta. O material que a Igreja atualmente pode utilizar é a própria internet que é a promovedora da metodologia, ou de um novo estilo de vida. Esta realidade também demonstra a necessidade de que os teólogos e pastores se debrussem em escrever e estudar o assunto, principalmente porque está assumindo uma atuação grande e absorvidora. O pouco material de estudo leva a Igreja a simplesmente aceitar sem criticar ou reformular. Pode-se afirmar de forma alegórica que a Igreja tem seguido “a onda” ou a “moda”. A formação de uma cultura globalizada baseada na informatização tem pressionado a Igreja a se adaptar, e não a adaptar o que está chegando ao padrão bíblico. Um site em especial chama-se “Primeira Igreja Virtual” , e ao abrir encontra-se além de informações, uma loja virtual, e vários outros serviços. A lista de serviços incluem: aconselhamento, hinos e louvor, oração, testemunho, cursos, cultos, e outros. O interessante é que antes aconselhamento, oração, louvor e cultos eram somente de forma presencial. Agora o mundo virtual está oferencendo ferramentas que a igreja está usando para incluir o pastoreio, o discipulado, a evangelização e até o serviço de culto. O site desta “igreja virtual” tem até um pastor. Rick Warren em um artigo traduzido por Billy Wesley L. Rios , artigo que é uma entrevista sobre a internet e a igreja virtual feita por Rick Warren com David Young Cho, dois pastores conhecidos, apresentam várias opiniões. Rios começa com um questionamento: Você já parou para pensar numa igreja virtual aonde os crentes não vão mais ao Templo para assistirem aos cultos, entregam os seus dízimos via cartão de crédito ou débito? Não acha impossível? Então leia este diálogo entre Rick Warren (autor do bestseller: Uma Igreja com propósitos) e David Young Cho (pastor da maior Igreja do mundo em Seul – Coréia do Sul), e tire suas próprias conclusões. O artigo de Warren faz várias perguntas a Cho, que afirma que agora “temos uma igreja on line e muitos jovens participam dos cultos em suas próprias casas”. Cho ainda afirma que suas “igrejas lares estão usando os cultos pela internet agora”. Cho diz que tem cultos gravados e ao vivo, e que estão tão “abarrotados de pessoas” que a única forma para manter o crescimento é usando o “cyberspace” (espaço cibernético). É interessante a afirmação de Cho que a Igreja vitual é a “única forma”, criando uma dependência e uma autorização para cristãos não irem mais aos templos, ou terem uma comunhão física. Warren também em uma de suas perguntas afirma: Queremos provar para o mundo que você não tem que ter um edifício para fazer uma igreja crescer. Nós estávamos com uma freqüência de 10 mil antes que construíssemos o nosso primeiro prédio. Portanto, sabemos como fazer uma igreja crescer e como ministrar sem edifícios. Mas o que estamos tentando aprender agora é como fazer isso através da Internet nos lares. Cho responde a esta afirmação de Warren: “É exatamente esse o caminho! A próxima geração é a internet! Use a internet – é muito melhor!” No restante da entrevista Cho e Warren conversam demonstrando como é muito mais vantajoso finaceiramente, pois os gastos são menores, o discipulado com ensinos gravados e virtuais, e também chamam a atenção ao potencial missionário, principalmente entrando em países fechados para o evangelho e locais distantes. Esta discussão final dos entrevistados enfatiza a utilização destas tecnologias e da metodologia que está sendo chamada de Igreja Virtual, baseada no desafio missiológico. Mais uma vez o destaque é o cumprimento da missão da igreja como base para a utilização, que para os dois entrevistados é “ a única forma de manter o crescimento da igreja”, seja considerando o pastoreio com a edificação e a adoração, seja considerando a evangelização. Cho chega mesmo a afirmar que a Igreja Virtual será a Igreja do futuro, portanto torna imprescindível a Igreja analisar este desafio. Este ultimo tópico é importante destacar, pois a Igreja começou com evangelistas que usavam o rádio e a televisão, que eram na época, os novos meios de comunicação, de uma nova tecnologia da comunicação, para evangelizar e atingir os perdidos. Conforme o site Wikipédia este fenômeno começou nos EUA. O televangelismo começou como um peculiar fenômeno americano, resultado de uma mídia sem regulamentação, em que as redes de televisão aberta e por assinatura estavam acessíveis a praticamente qualquer pessoa que pudesse pagar, combinada com a grande população cristã do país, capaz de fornecer o financiamento necessário para a compra de horários de televisão. A crescente globalização das mídias permitiu a alguns televangelistas americanos chegarem a públicos mais amplos fora dos Estados Unidos através de redes de televisão internacionais, especialmente as declaradamente cristãs, como Trinity Broadcasting Network e a GOD TV. Os primeiros passos daquilo que hoje é chamado de Igreja Virtual, passaram pela evangelização. A idéia do cumprimento da missão da Igreja é que promoveu a busca de novos métodos e novas tecnologias que auxiliassem nas funções da Igreja. Pode-se então afirmar que a Igreja Virtual é em princípio um desafio missiologico, pois se não houvesse esta missão de atingir o maximo de pessoas, ou como a Bíblia diz “todo o mundo” em “todos os lugares”, a Igreja Virtual não teria tanta validade. Os grupos poderiam ser pequenos grupos, sem ligação uns com outros, e a congregação deste grupo seria muito facilmente presencial. A Idéia de uma igreja Virtual está mais ligada com o alcance de mais pessoas, em lugares diferentes e num tempo mais rápido. Este instrumento de comunicação com certeza atingiu a igreja, que começou a utilizar do antigos cultos evangelisticos, como cultos virtuais para sua própria edificação. A função da igreja que envolvia evangelização, acabou incluindo a edificação, e em simultaneadade incluiu também a adoração. A adoração é um caso a parte que pode ser estudado e considerado, quando se pensa no “mundo gospel”, que é cheio de novas tecnologias e muito da tecnologia de comunicação. Como resultado destas utilizações da tecnologia moderna, surgiram os mestres virtuais com programas de estudo bíblico, e agora programas musicais de louvor e adoração. A ampliação para cultos que os telespectadores eram virtuais, trouxe a possibilidade de louvar e orar interagindo virtualmente com os pregadores e públicos que estavam presentes em algum outro lugar, que não era o lugar do telespectador. A interação incluiu o sistema das redes sociais, como a facebook e o twitter, fazendo que em tempo real, as pessoas se comunicassem na hora dos cultos ou dos programas. Estes cultos e estudos bíblicos também foram para ambientes virtuais mais privados, como estúdios que não tinham público real, mas o público era apenas o virtual. Depois chegamos a era das igrejas virtuais, que utilizando de toda esta experiencia que inicialmente era para auxiliar a igreja na evangelização dos perdidos, ou seja o grande desafio missiológico da Igreja, promoveu o ensino com o acrescimo do pastoreio da igreja, e por fim adquiriu um sentido de reunião ou de congregação, em que membros virtuais começam a participar de uma igreja, sem a necessidade de estar presente. A mensagem evangelística é uma mensagem, mas a questão é se a mensagem é mais importante que o o mensageiro ou se a mensagem pode ser desvinculada do mensageiro. A idéia de que a mensagem pode ser desvinculada ou é mais importante que o mensageiro empurrou a igreja para a aceitação da congregação como comunicação e não como presença física. A presença do mensageiro adquiriu o aspecto de relacionamento e não de contato físico, pois também nos relacionamos com Deus sem um contato físico. Tudo contudo se origina no desafio que a Igreja tem em cumprir sua missão, ou seu desafio missiológico. Com esta nova realidade as igrejas virtuais estão atingindo até aquelas experiencias que no passado seriam somente presenciais, mas no passado não havia estas tecnologias. Não será que Paulo e os apóstolos não usariam estas tecnologias se as tivessem no tempo deles? Eles usaram várias tecnologias que as gerações antigas não tinham tido, como o caso das estradas romanas e do sistema de correio romano. No tempo atual as igrejas começaram a substituir opções reais por opções virtuais, como o caso do dízimo e oferta, ou o caso da ceia do Senhor. Hoje já é possivel a pessoa depositar nas contas de igrejas, cumprindo a exigencia do dizimo e oferta, e pode receber os elementos da ceia ou produzir sozinho os elementos da ceia, e ceiar virtualmente num tipo de participação virtual. A cada dia que passa temos mais membros virtuais de igrejas, que não participam presencialmente. Alguns pastores tem até pedido ou exigido a presença dos membros de forma presencial, por observar que muitos não aparecem mais nas reuniões presenciais da igreja. Alguns membros de igrejas virtuais ou de igrejas que tem um ambiente virtual tem a convicção que não é preciso participar da igreja real, pois seria dificil por causa de suas ocupações, por causa de opiniões doutrinárias, ou por causa de interesses pessoais, que incluem a decepção em igrejas reais, ou o desejo de um reino de Deus unido. Encontra-se inclusive a idéia da unidade da Igreja por meio da Igreja virtual. Mas a realidade do conforto de suas casas ou locais escolhidos tem sido um fator que tem mantido vários membros virtuais em igrejas virtuais. Há também aqueles que usam das duas igrejas, a virtual e a real, participando de cultos nos dois ambientes. Esta talvez seja a realidade de muitos cristãos no mundo, inclusive com a possibilidade de participar de igrejas denominacionais diferentes, sem a dificuldade da rejeição por parte do pastor real. Neste aspecto, as igreja virtuais estão ganhando espaço no aspecto da diminuição da rejeição considerando tendências dogmáticas. Há pentecostais assistindo cultos ortodoxos, e ortodoxos assistindo cultos pentecostais; há pessoas de tendencias da teologia da libertação junto com pessoas com tendência da teologia da prosperidade, e vice versa. A dogmática e a liturgia no ambiente virtual é tolerável, o que muitas vezes não acontece no ambiente real. O site de notícias Gospel Prime em um artigo entitulado “Igreja no Facebook atrai 40 mil pessoas em seu primeiro culto virtual”, mostra como esta realidade apresentada no parágrafo anterior é atual. O artigo afirma: “A Liberty University realizou o primeiro culto do que está sendo chamdo de Igreja no Facebook. Um número estimado de 40.000 pessoas participou, incluindo um soldado americano que está no Afeganistão e missionários em Uganda” . O vice presidente de projetos executivos da Liberty, pastor Johnnie Moore ainda afirmou algo que demonstra a tendência das igrejas que estão utilizando das tecnologias de comunicação: “O que é o Facebook, afinal? É uma comunidade. O que é a igreja, afinal? É uma comunidade. Para nós, pensar numa igreja pelo Facebook não é algo inovador. É intuitivo” Nesta frase existe a tentativa de ligar o conceito de igreja, a esta nova realidade que é mundial. Percebe-se aqui a idéia de comunidade como um grupo que se relaciona através de uma comunicação, e não de um contato físico. Tudo isto entretanto foi originado no conceito da evangelização, que enfatiza mais a mensagem que o mensageiro. Surge uma pergunta que atinge em primeiro lugar a conduta que cumpre a evangelização: Será que podemos pregar o evangelho apenas falando? Não é necessário ser “testemunha”, ou ser conhecido de forma visivel e física o mensageiro? Não será que isto tornará mensageiros, pessoas sem compromisso com sua vida pessoal, apenas criando uma imagem que facilmente é construida no mundo virtual? Nestes dias modernos, ou pós modernos como alguns históriadores querem nomear, a Igreja está diante destes novos desafios. Um desafio como tem sido mostrado fundamentalmente missiológico, pois implica no cumprimento da missão e funções da Igreja dada por Jesus. Esta missão é o “IDE” ou a pregação do evangelho, por meio de pregar e de testemunhar. Mas apesar de ser um desafio missiológico, estes desafios não estão relacionados com a conduta que a Igreja tem diante daquilo que a civilização atual promove, o problema verdadeiro é quais as crenças que a Igreja têm. A Igreja não pode fazer algo que seja contrário a Bíblia. As crenças serão fundamentais para a conduta, pois o homem reage conforme sua fé, e esta fé está baseada em algum padrão de moralidade. A moral cristã está baseada na Bíblia, portanto é fundamental considerar a Bíblia como fator de determinação para a moral cristã, e a moral cristã deve ser uma moral bíblica. Todo julgamento sobre se a Igreja Virtual, que já uma realidade, é ou não uma ferramenta boa para a Igreja tem que seguir uma análise bíblica. Alguns fatores deveriam ser considerados para determinar a aceitação ou rejeição da “Igreja Virtual”. Em tese dois princípios são fundamentais na discussão da existência e utilização da forma de conduta e ferramentas tecnológicas que são a “Igreja Virtual”, estes princípios são: a conceituação do que é igreja e a conceituação do que é reunião da igreja. Sem estes dois princípios definidos, a idéia de uma igreja virtual é apenas uma consequência da praticidade imposta pela sociedade. Quando porém a Igreja fundamenta sua conduta e a utilização de ferramentas ou métodos, deixa de ser apenas um consequência, para ser uma causa. Primeiro é necessário considerar que a igreja é o povo de Deus na terra, sendo que existe duas realidades; a igreja de todos os tempos (Igreja Universal), e a igreja viva (igreja local). O primeiro aspecto então é considerar a questão: “o que é Igreja?”. Jesus que foi o criador do termo “igreja”, originalmente da palavra grega “eklesia”, deu estes dois sentidos nos únicos textos bíblicos que ele apresenta sua conceituação de Igreja. Os textos são Mateus 16:18 que diz: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela”, e Mateus 18:17 que diz: “Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano”. O primeiro texto mostra a realidade da igreja como um povo universal de todos os tempos, ou todos os que participam do povo de Deus. O segundo texto mostra a realidade da igreja como um grupo de cristãos que se reúnem em uma localidade, pois somente conseguiríamos falar com pessoas que temos contato. A Igreja Virtual chega quebrando o conceito de localidade, pois pela internet podemos contatar pessoas no mundo todo, o que estas pessoas tem que estar é vivas. Será que a Igreja Virtual vai mudar os conceitos teológicos de igreja local? Considerando os teólogos encontramos três que apresentam conceitos sobre o que é a igreja. Erickson apresenta em sua conceituação, a visão mais ortodoxa e histórica do que é igreja: “No Novo Testamento a palavra igreja tem dois sentidos. Por um lado, denota todos os crentes em Cristo em todas as épocas e lugares. Esse sentido é universal... Com maior freqüência, porém, igreja refere-se a um grupo de crentes em dada localidade geográfica” . Considerando o conceito da frase anterior surge um problema para a idéia da igreja virtual, pois para Erickson os crentes são de “dada localidade geográfica”, e no caso dos membros virtuais podem estar em várias localidades, até vários países. Gruden também utiliza esta idéia histórica de “igreja local e universal” e afirma: “No Novo Testamento a palavra igreja pode ser aplicada a um grupo de cristãos de qualquer tamanho, desde um pequeno grupo que se reúne sempre em uma residência até o grupo de todos os cristãos na igreja universal” . Nesta declaração de Gruden um problema pode ser considerado na sua conceituação: “grupo que se reúne sempre em uma residência”. Neste caso então não poderia haver uma igreja essencialmente virtual, pois em algum momento era necessária uma reunião presencial. Quando os conceitos como o de Berkhof que chama estas duas realidades da igreja como “igreja militante e igreja triunfante” ou “igreja visível e invisível” , são analisados, pode-se repensar os conceitos mais ortodoxos de uma igreja presente e fisicamente se reunindo. Talvez Berkhof com estes conceitos pudesse fundamentar que a “igreja virtual” é local a partir de serem pessoas visíveis, ou vivas se relacionando em um ambiente comum. Este ambiente comum seria o ambiente virtual que estas pessoas têm acesso para se comunicar. Também duas realidades são considerações proveniente da análise destes conceitos: a primeira que estes conceitos foram feitos em tempos que não existia esta realidade de comunicação e relacionamento virtual; e segundo a realidade que em nenhuma parte da Bíblia existe rejeição a um relacionamento virtual, inclusive o nosso relacionamento com Deus, é um tipo de relacionamento “virtual”. Este virtual seria um relacionamento não propriamente físico, mas espiritual, e acima de tudo imanente. Pensando desta forma o relacionamento com Deus é num ambiente imaterial, então a comunicação com Deus segue um padrão espiritual. A falta da presença física não limita o relacionamento, desde que haja algum tipo de comunicação. Mas a Igreja viva tem um segundo fundamento bíblico que se torna primordial na discussão da “igreja virtual”, é o doutrina da reunião, que é a congregação, no sentido de congregar. Nesta congregação da igreja temos um príncipio bíblico: “não deixemos de congregar como é costume de alguns” . No tempo bíblico a congregação somente era imaginada de forma física, não havia nenhuma possibilidade tecnológica para a igreja se reunir de forma virtual. Com os avanços da ciência, a tecnologia humana criou um ambiente virtual, que como um mundo paralelo, em que os seres humanos podem interagir utilizando pelo menos dois sentidos do contato humano: visão e audição. O homem então pode ouvir e ver o outro, num ambiente virtual, mas não pode tocar, sentir o cheiro, apesar de haver alguns programas que querem aproximar esta realidade virtual com cheiros e sentidos de toque, que não são os reais, mas são aproximados ou imitados. Outro problema aparece na crença da congregação da igreja, é a necessidade do contato físico na reunião da igreja. Algumas perguntas podem ser feitas como: A falta do contato físico nas reuniões da Igreja pode vir a impedir, coibir, dificultar ou mesmo até proibir a igreja virtual, ou seja, como congregar sem um contato físico? O contato virtual pode substituir o contato físico? E a Bíblia permite, ou não apresenta nenhum impedimento para uma congregação virtual? Hoje já existe na ciência um estudo sobre esta percepção humana, que é chamada de “percepção humana na interação humano-computador” (IHC) . Sem dúvida a Igreja estará diante destas questões nos próximos anos, pois diante desta nova realidade, o ser humano no mundo moderno está se habituando a ter relacionamentos virtuais, muitas vezes até sem nenhum contato anterior com o outro, somente por meio da tecnologia da telecomunicação. Este ambiente virtual atingiu o relacionamento da igreja, inicialmente com a idéia da evangelização, e depois com ensino, pastoreio e adoração. Esta discussão do mundo virtual está sendo ampliado, saindo somente do ambiente acadêmico, mas conquistando os pulpitos, pois não somente existe a igreja virtual, mas também o mundo virtual está ganhando espaço dentro do ambiente real nas igrejas. O ambiente acadêmico que lançava as novas tendências comportamentais da igreja com suas teses, está se defrontando de uma nova realidade, ou a prática criando um comportamento na igreja, e esta prática buscando agora a fundamentação bíblica. Não é muito comum uma nova tese estar formando a igreja virtual, é a igreja virtual que está formando as novas teses. Este pragmatismo moderno evangélico está sendo empurrado principalmente por causa dos TICs que estão cada vez mais sendo parte da Igreja, assim como faz parte da vida do mundo em geral. A Igreja não está fora do mundo, faz parte do mundo, portanto a cultura virtual está também sendo assumida pelos membros da igreja. As mudanças e avanços das novas tecnologias estão sendo muito rapidamente transmitidas para o mundo, e a igreja está dentro deste mundo. Portanto as mudanças estão rápidas, e a teologia está ficando para trás, na análise dos novos fenômenos. Os relacionamentos virtuais com as redes sociais, as bíblias virtuais nos tablets e telefones, os cadernos de pregação virtuais com os notebooks, as conversas virtuais na internet e na telefonia em geral, as pregações virtuais nas rádio, televisões e blogs, enfim um mistura de real com virtual mesmo dentro das igrejas reais. Este ambiente que mistura o real com o virtual tem se tornado desde as invenções da televisão, rádio e telefone parte da vida cotidiana. Depois com a invenção do computador e da internet, um novo momento está dominando esta nova cultura moderna e globalizada. Neste ambiente que faz parte do real, temos a igreja virtual vivendo dentro da igreja real. A questão que se levanta é qual é o problema, e quais os riscos desta tecnologia. Diante deste desafio o autor deste artigo pode criar uma hipótese como fundamento para a análise da idéia de uma tecnologia boa ou má. Após uma análise mais profunda pode-se chegar a conclusão que o problema não está nos objetos, mas em quem utiliza estes objetos. Este item pode ser rejeitado quando se levanta as idéias platônicas, que afirmavam que a matéria é má em si mesma, mas considerando a presença de Deus num corpo humano, ou seja, Jesus encarnado, não podemos aceitar que o corpo de Jesus continha maldade. A idéia do objeto como imparcial e sem nenhum tipo de atuação pessoal, é com certeza a rejeição do animismo, que para a Igreja é um pensamento anti-cristão ou anti-biblico. É como uma faca que pode ser usada para coisas boas, ou para coisas más, como matar alguém. A faca em si não é má, é a pessoa que utiliza que pode ser má, ou agir de forma maligna. Da mesma forma, o mundo virtual com todos os aparelhos e meios tecnológicos não é mal em si mesmo, é a forma que a igreja o utiliza é que pode gerar situações malignas, ou destruidoras. É como um site que explica o que é a internet e como ela se desenvolveu de forma simbólica colocando a internet como uma auto-estrada. A super Auto-Estrada da informação já chegou, e chama-se Internet. A má notícia é que ela é como algumas das estradas das nossas cidades, cheia de desvios, buracos e lombas não assinalados. Muito se pode descobrir na Internet, mas por vezes, pode ser uma tarefa árdua. Navegar através desta excitante e fascinante paisagem do ciberespaço é necessário, com vista a prepararmo-nos para o século XXI. O utilizador pode viajar a velocidades de cruzeiro através de um universo não cartografado de prazer, jogos e informações. O ciberespaço modifica-se diáriamente, pois todos os dias ficam online novas pessoas, sítios e negócios. É necessário então perceber que no meio de toda esta revolução tecnológica, com a facilitação da comunicação e do compartilhar do conhecimento, que a Igreja precisa fortalecer os principios, não os “usos e costumes”. Os “usos e costumes” são apenas parte de uma forma que pode mudar ou ser transformada para se adaptar ao que é mais util, ao que é mais benéfico, ou considerando a primazia da santidade que leva a Igreja para mais perto da vontade de Deus. Hoje a realidade das igrejas virtuais está adquirindo um sentido tão concreto, não se pode mais considerar que a Igreja pode estar fora deste problema. Todas as igrejas estão dentro desta realidade mundial, mesmo as que estão em ambientes afastados e sem acesso a algumas tecnologias mais avançadas. Somente não teriam este problema se estivessem totalmente isoladas numa floresta ou ambiente ermo, como é o caso de cristãos que vivem nestes ambientes. Fora estes cristãos, todas as outras igrejas locais estão diante deste problema, e precisam se posicionar, a favor ou contra, liberando ou coibindo, limitando ou não participando, mas com certeza sendo afetada. Dainte de toda esta realidade discutida e analisada, são fatos que hoje existem pastores que acompanham de forma virtual seus membros, sem mesmo os conhecer presencialmente. Existem membros que não conhecem suas igrejas reais, pois apenas participam de forma virtual. Alguns somente conhecem grupos menores, como a metodologia das células promove. Os sites das igrejas tem as informações e até salas virtuais para todo tipo de apoio pastoral. A cada dia que passa a igreja adquire tecnologia suficiente para um relacionamento virtual, principalmente quando se considera as redes sociais como o caso do facebook ou do twitter. Muitas vezes o culto virtual está sendo assistido, e o telespectador participa com sua intervenção por meio de algum tipo de chat. Algumas vezes pode haver até um tipo de reunião virtual com interação entre os participantes. Diante deste quadro histórico e atual, a igreja tem um grande desafio missiológico que envolve a evangelização de pessoas que não estão sendo alcançadas, mas estão “plugadas” no mundo virtual da internet. Pessoas que muitas vezes nunca entrariam num ambiente real da igreja, mas sentem facilidade de entrar no mundo virtual da igreja. Além do aspecto da evangelização, poderiamo considerar o aspecto da evangelização dos “cristãos formais” que se consideram cristãos, mas não são nascidos de novo. Considerando os “não alcançados” temos também a realidade missiológica da possiblidade de um cristãos ser um missionário em outros países, sem sair de seu país. A capacidade de comunicação por meio dos novos meios de comunicação, criou até a possibilidade de ministérios virtuais, que alcançam pessoas para Cristo, sem nunca ter tido um contado físico e real com o perdido que foi alcançado. Mesmo com todas as situações negativas que o ambiente virtual possa estar criando para a igreja, retirando seus membros reais, ou criando a crença que um cristão não precisa se congregar presencialmente, as oportunidades missionárias são reais. Hoje a igreja pode ir em qualquer parte do mundo por meio dos novos meios de comunicação. Pode pregar e ensinar o evangelho em qualquer parte do mundo, sem o perigo da morte, das dificuldades reais, e da falta financeira. Este desafio missionário deve ser considerado de forma real, para que a igreja não rejeita a ferramenta, mas para que a igreja saiba como usar a ferramenta de forma bíblica e de forma saudável. A Igreja precisa considerar os aspectos teológicos para dividir objeto e atitude. Os novos objetos criados e técnicas desenvolvidas formam condutas humanas, que criam usos e costumes, parte da cultura humana. Esta discussão sobre: “aonde está o mal?” é com certeza parte fundamental para toda discussão da existencia da Igreja Virtual. Em todos os tempos as inovações tecnológicas criaram “crises” acerca da interpretação dos novos usos e costumes gerados por estas “invenções”. A Igreja precisa considerar que o objeto em si não é pecado, mas que a forma errada de utiliza-lo que promoverá o pecado. Deus criou todas as coisas puras, mas após o pecado, aquilo que era naturalmetne bom, foi visto como algo pecaminoso, mas não porque a coisa em si se tornou má, o motivo é que o homem começou a se relacionar com a criação com atitudes malignas. Tanto a matéria como a inteligencia é um dom de Deus, portanto é boa. Por isto pode-se pensar que sempre o homem tentará culpar a natureza, fazendo o que Adão fez no Éden, culpando a Deus na sua afirmação: “mulher que tu me deste”. Este tipo de conduta que é proveniente do pecado, pode-se relacionar com o homem culpando a Deus, pelo mal e pelo pecado, ou foi a “mulher que o Senhor me deu”. Poderia o homem dizer: “foi a matéria que o Senhor criou, como ela era má, ela me fez errar, ou pecar”. Outra forma de dizer seria: “Foi as invenções que formaram novos objetos que me fazem pecar”; desta forma a culpa não é mais do homem, mas de um objeto, e talvez dentro da mente humana pode ser criado a idéia que foi o Deus que criou esta matéria, ou que criou a inteligencia para produzir estas invenções que é o culpado. É interessante como o homem não quer reconhecer que o problema é a ganância e egoísmo que promovem o mal, não o objeito em si. Terminando este artigo os pensamento que Jesus apresentava são com certeza fundamentais para uma decisão final sobre o que é a Igreja Virtual. Dois aspectos que foram apresentados neste artigo são importante na análise da Igreja Virtual como um desafio missiológico: primeiro é a questão da validação desta conduta ou metodologia como bíblica; e o segundo é a utilização como importante ou como constatável. Quando considera-se a validação pode-se considerar o conceito da origem da maldade, neste caso a afirmação que o mal está dentro do homem, e não na matéria, portanto transformando o problema da utilização da “Igreja Virtual” somente na forma de utilizar e não na utilização em si. Lembra-se um dos discursos de Jesus que falou algo sobre a origem do mal dizendo: “E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina. Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez; todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem”. Jesus afirma que é “o que sai do homem, isso é o que contamina”, ou seja, não é as inovações tecnológicas que são o mal, mas podem ser os novos usos e costumes criados pelo homem que podem estar carregados de atitudes e ações erradas, ou maldosas. Jesus ainda demonstra que é atitude interior que promove os erros, ou pecados como a Bíblia conceitua o erro, ou a atitude maldosa. Ele ainda afirma: “todas estas coisas” ou as atitudes que ele cita, que estão no interior do homem, é que “contaminam o homem”. Conforme a interpretação de Jesus pode-se considerar que o problema não está na internet, nos computadores, nos meios de comunicação ou as TICs, o problema está na contaminação que o homem promove nestas coisas ou objetos. O homem é que contamina, não é o objeto que contamina o homem. O homem cria usos e costumes para os objetos, e estes usos e costumes, que se tornam suas crenças e sua cultura, acabam transmitindo a “contaminação” de uma maldade que foi transmitida pelo próprio homem. É como o caso da nova polêmica que os TICs estão trazendo sobre a utilização da Bíblia como livro ou como e-book. Muitos já estão chamando o “telefone” de “coisa do diabo”, pois os cristãos não estão mais usando Bíblias em forma de livros, mas em forma virtual. Se isto fosse verdade, então a Igreja ainda teria que estar usando os papiros, ou as antigas pedras e tabuinhas de barro. O livro foi uma inovação tecnológica que trouxe muitas facilidades para a Igreja, além da possibilidade de qualquer um ter uma Bíblia completa nas mãos. Agora com as novas tecnologias, as pessoas podem transportar e até reproduzir a Bíblia com uma facilidade como nunca houve antes. Entra-se de novo no problema de quebra de paradigmas, formados por usos e costumes, e não por princípios. A Igreja Virtual somente será um problema, se a Igreja que utiliza destas tecnologias novas estiver com problemas. O problema então não é a Igreja Virtual, o problema é como a Igreja utiliza as tecnologias, ou poderia o autor afirmar para terminar este primeiro tópico desta conclusão: “O problema é a igreja, mas a solução é a Igreja também”. A utilização então somente será viável como um método ou como uma conduta missiológica, se for de acordo com os princípios bíblicos. Quanto à utilização como importante ou como constatável conclui-se que a utilização da Igreja Virtual, em todos seus aspectos de serviços apresentados no artigo, é uma realidade atual e a Igreja não poderá “fugir” da discussão ou da proposta. As igrejas estão utilizando a “Igreja Virtual” nas três funções básicas: Evangelização, Edificação e Adoração. A questão que se levanta neste segundo tópico de análise é a importância da utilização da Igreja Virtual. Esta Importância segue idéias como a que Cho e Warren apresentaram anteriormente sobre se esta é a “única forma atual para avançar com a Igreja”, se é uma forma inescapável considerando a atual formação da sociedade moderna, ou se é apenas auxiliar, sem uma importância vital. Em todos os aspectos apresentados, sempre será um desafio missiológico, pois envolverá o cumprimento da missão da Igreja que é acima de tudo a pregação do evangelho para cumprir aquilo que os teólogos chamam de “missio Dei” ou “missão de Deus”. A missão de Deus é buscar o perdido para que ele seja salvo.

Motivo da Parada de Textos

Desculpe, mas é muito difícil a internet no país que estou lecionando e ministrando como missionário.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A importância da Bíblia como a Palavra de Deus para a igreja e teologia

O texto bíblico apresentado chama a atenção sobre uma parte fundamental da revelação de Deus ao homem. A Palavra de Deus é uma “lâmpada” e “luz”. Quando interpretamos o termo “palavra” estamos reconhecendo dois aspectos bíblicos encontrados neste termo: o primeiro é a compreensão que Deus fala e esta comunicação é compreendida pelo homem; e o segundo aspecto é que no tempo do salmista, o conceito que o termo “palavra” significava também era as “palavras de Deus” reveladas por meio dos livros que eram reconhecidos como as “escrituras sagradas”. Mais tarde estes livros, que no tempo do salmista ainda estavam sendo escritos, foram reunidos naquilo que os judeus chamavam de “lei e profetas”. Após o tempo de Jesus, os apóstolos, e os discipulos dos apóstolos escreveram mais uma parte destas “palavras de Deus”, formando um compendio de livros que é reconhecido como um livro apenas, e chamado de Bíblia. A Bíblia então reune os escritos sagrados antes de Jesus e depois de Jesus, e Jesus é o que confirma a veracidade e autenticidade da Bíblia, porque sendo Ele, o Deus encarnado, tem a autoridade de confirmar. Jesus confirmou que a “lei e os profetas” que a Igreja chama de Velho Testamento são as “escrituras sagradas”, e autorizou a escrita de mais palavras inspiradas, naquilo que a Igreja chama de Novo Testamento. Com sua aparição e revelação no último livro da Bíblia, sendo o escritor um dos seus 12 apóstolos autorizados para levar suas palavras, Jesus confirma o final das escrituras sagradas, inclusive afirmando que ninguém poderia retirar nada do que foi escrito, nem mesmo acrescentar nada ao que foi escrito. O texto bíblico diz: (Apocalipse 22:18, 19) – “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro”. No verso 16 diz que “eu, Jesus”, então é Jesus terminando a Bíblia. Diante destes dois aspectos apresentados acima citados, a “palavra” do texto bíblico apresentado carrega em si o conceito de “palavra revelada” ao homem, de forma escrita. O salmista considerava que a palavra mencionada é para ele, e para os que leem uma “palavra inspirada” por Deus. Esta “palavra”, que considerando a ligação que Deus fez em sua sabedoria onisciente, era a lâmpada e a luz. Esta “palavra” tinha duas vertentes, sendo uma palavra pessoal e outra uma palavra universal, que utilizou a experiencia pessoal do salmista como forma de demonstrar uma verdade que é para toda humanidade em todos os tempos. A “palavra” deste salmos é com certeza a “palavra escrita”, além de ser a “palavra viva revelada”. Apesar de considerar a “palavra” como parte ou até integralmente a palavra escrita, isto não retira a revelação que a palavra escrita pode produzir individualmente em cada leitor. Aqui introduzimos a afirmação que a Bíblia era, ainda é, e será importante para a revelação de Deus ao homem, consequentemente é importante para a Igreja, que é o povo de Deus, e para a teologia que é o estudo de Deus. No caso da teologia, somente podemos considerar um estudo de Deus, partindo do pressuposto que Deus se revela a nós, pois não existe em nós a capacidade de conhecer e descobrir quem é Deus, sem Ele mesmo se revelar. Nossa incapacidade diante da infinitude do ser de Deus é um fato que nos coloca sem possibilidades de colher fatos e dados, sem um intervenção divina. Deus contudo em sua palavra escrita trouxe a possibilidade de investigação, incluindo a sua própria afirmação na Bíblia, que a criação é parte desta revelação. É por este motivo que podemos utilizar o exemplo deste salmista para chamar a atenção a importancia da “palavra de Deus” na vida prática de cada leitor. Este salmista apesar de estar consciente do duplo significado, ou seja, a palavra individual vivicante e a palavra escrita universal reveladora, ele não foi consciente da extensão de que estas suas palavras se tornariam, assim como provavelmente todos os escritores da Bíblia. Nós contudo como igreja, temos a revelação completa, por meio de Jesus, e de sua palavra terminada, e podemos considerar a afirmação do salmista como uma permanente verdade sobre a “palavra de Deus” escrita. A Bíblia sempre será a “luz” e a “lâmpada”, e por isto sempre será importante para os dias atuais, ou para atualidade da igreja, em qualquer lugar ou tempo que viver. Ainda reafirmando este conceito de importancia, colocamos alguns pressupostos que confirmam esta importancia. O primeiro pressuposto que é necessário considerar é que a Bíblia é a “palavra de Deus”. Este é o primeiro aspecto que precisa ser considerado, pois se a Bíblia não é a “palavra de Deus”, então ela deixa de ser importante para a Igreja e a Teologia. Se considerarmos que a Bíblia apenas contêm a “palavra de Deus”, poderiamos selecionar aquilo que nos convêm, e transformariamos a Bíblia num livro relativista e sem autoridade. Cada um poderia criar sua teologia, e usar a Bíblia como um ambiente de opiniões, e não de afirmações. Ela se tornaria apenas um auxílio, não o fundamento. O primeiro pressuposto para que a Bíblia seja importante para a Igreja e para a Teologia, é que a Bíblia é a Palavra de Deus. Sendo ela a palavra de Deus, ela foi, é e será, a palavra de Deus eterna. Sempre esta palavra será a palavra de Deus. Grudem diz que a Palavra de Deus em forma escrita é o “ponto de convergência” de todo estudo teológico . Esta afirmação demonstra a certeza que os teólogos tem de que sem a Bíblia, não haveria uma teologia que poderia estar unida e unindo o povo de Deus. O segundo pressuposto para demonstrar a importancia da Bíblia na Igreja, que são todos os “nascidos de novo” ou “cristãos” vivos na atualidade, e na teologia que é a ciência que os cristãos formaram e reutilizam para o estudo da revelação de Deus ao homem, é que a Bíblia é atual e é eficaz. A Bíblia em outro texto afirma: “a palavra de Deus é viva e eficaz” . Como a Bíblia que é a palavra revelada escrita de Deus é viva, e além disto é eficaz em produzir o que ela foi destinada a revelar, como diz em “minha palavra não volta vazia, mas...” ; então a palavra de Deus pode adquirir um sentido individual e contextualizada para cada leitor. A Bíblia não está desatualizada e ineficaz, ela se adapta ou se contextualiza, para cada tempo, época, história, povo e lingua. Grudem afirma que apesar de podermos ouvir a Deus, falando conosco pessoalmente, a Bíblia é a forma de termos a “certeza da total exatidão de nossa compreensão, memória e subsequente relato delas.” A Bíblia confirma qualquer tipo de compreensão do que Deus tenha falado a nós. Este aspecto inclui uma afirmação de Erickson que diz que a doutrina é uma ligação entre a verdade e a experiência . A experiência é uma das característica daquilo que é chamado de pós modernidade, com uma enfase para a confirmação da verdade, por meio dos fatos experimentados. Sendo a Bíblia viva e eficaz, ela torna-se parte das experiências vividas dos leitores, muitas vezes é ela que cria as experiências. O testemunho que faz parte da liturgia dos cultos, fortalece a importancia da Bíblia, quando os cristãos demonstram como a Bíblia influência suas experiências. Erickson ainda afirma: “A Bíblia é a constituição da fé cristã: ela especifica em que se deve crer e o que se deve fazer” . Com esta afirmação, Erickson demonstra como a Bíblia é prática, porque é um manual de conduta. A capacidade da Bíblia estar viva e eficaz, é uma realidade não somente natural, mas principalmente espiritual, pois Deus está falando por meio das “escrituras sagradas” em todo tempo que alguém de coração busca a voz do Senhor. É um compromisso divino com o homem, pois é sua própria forma de revelar-se, utilizando um texto escrito, já planejado e organizado para apresentar sua Verdade, em todas as facetas que a compreensão humana consegue entender. É importante lembrar, que a capacidade humana de compreensão é limitada, diante da infinidade da mente do Senhor, portanto Deus tem que limitar sua revelação ao nível da compreensão humana, sendo assim antrópica. Parte desta compreensão humana é simbológica, mas isto não uma dificuldade para a compreensão é apenas uma ampliação do ambiente de compreensão, devido a nossa limitação em relacionar o mundo espiritual com nosso mundo terreno e visivel. Deus então mostra algo que não conhecido, com o que é conhecido por nós. Ainda dentro deste primeiro aspecto, ou seja, que a “palavra de Deus” ou a “Bíblia” é “viva e eficaz”, e que afirmamos como fundamental para compreensão da importancia da Bíblia na atualidade, seja para a Igreja, ou seja para a Teologia, também devemos lembrar que existe uma diferença no original grego para o termo “palavra”. O Novo Testamento que de uma forma geral apresenta uma explicação de tudo que é revelado no Velho Testamento, pois as duas partes se complementam e se explicam, apresenta duas palavras para o termo “palavra”, na lingua grega, que foi a lingua original de quase todo Novo Testamento. Estas palavras são “rhema” e “logos”. Apesar de serem palavras gregas diferentes, são traduzidas normalmente por “palavra” e no caso do tema em discussão, podem adquirir o sentido da “palavra escrita”, que chamamos de Bíblia. Estes dois termos são então importantes na compreensão da importancia da Bíblia, pois reforçam as duas características da “palavra revelada de Deus”. O Rhema é uma faceta do termo “palavra” que significa: “palavra vivificante” ou uma “palavra que é viva”. O segundo termo “logos” já tem um significado diferente, pois significa: “palavra que dá conhecimento” ou “o conhecimento”. Estas duas palavras são interessantes na compreensão da Bíblia como “palavra”, pois cria duas facetas: a faceta individual e a faceta coletiva. A Bíblia como Rhema é uma revelação individual, permanentemente atual e transformadora, pois é Deus falando no momento para o leitor. A Bíblia como Logos é uma revelação coletiva, pois é imutável e sem acepção de pessoas, pois é uma revelação que não muda, sendo a verdade absoluta. No conceito de Logos, entramos muito na idéia da compreensão da ética estabelecida por Deus, pois sendo imutável e prescritivo, a ética se torna normativa, universal e deontologica. Mas a faceta do Rhema que torna a Bíblia uma “palavra viva” que se contextualiza e aplicável para todo tipo de realidade histórica, considerando as tecnologias e culturas, cria a possibilidade da discussão dos aspectos individuais. Os aspectos individuais podem ser discutidos como parte da manifestação real e permanente de Deus na vida do ser humano. Deus então não escreveu uma “carta” e foi embora, Ele continua presente, explicando e ampliando a compreensão de suas palavras para os leitores. Nesta compreensão de presença divina, a interpretação das “palavras sagradas” pode adquirir um aparente relativismo, contudo os princípios fundamentais de seu caráter impedem a disvirtuação da compreensão. Considerando que o “amor” é a base do relacionamento entre Deus e os homens, a interpretação, deve sempre considerar o amor, como ponto de partida para o entendimento de conceitos, e do chamado “logos”. Também é importante observar que Deus chamou seu próprio filho de “logos”, no evangelho de João. Em João capítulo 1, verso 1 diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”; mais a frente no mesmo texto diz: (João 1:14) – “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. Nos dois versículos a palavra Verbo é no original “Logos”, ou “palavra”. Os dois textos demonstram a vinda do Senhor Jesus Cristo, como o “logos” de Deus. Percebemos então que o “logos” também é vivo, mas é imutável, pois a revelação plena de quem é Deus. Jesus revelou em sua integralidade o caráter de Deus. Em outro texto vemos que Jesus “se esvaziou” da divindade, sendo um homem em plenitude, sem deixar de ser Deus. Mas sua revelação na terra, não demonstrou seus atributos de grandeza, mas demonstrou a “glória”, “graça” e “verdade” ou seus atributos de bondade. Como homens não podemos manifestar os atributos de grandeza de Deus, pois é parte de ser divino e nisto somos apenas semelhantes a Ele, mas podemos manifestar seus atributos de bondade, pois somos a sua imagem. Então considerando estes dois aspectos da revelação da “palavra de Deus” como vivificante e exclarecedora, ou Rhema e Logos, podemos reafirmar que a Bíblia continua sendo a revelação atual e eficaz para a Igreja e consequentemente para a teologia, que estuda a Deus na Bíblia. Na verdade, não existiria a teologia sem a Bíblia, pois a Bíblia que fundamenta todo conhecimento de Deus. Mesmo a teologia natural somente existe porque a Bíblia permite sua existencia, afirmando que “os céus proclamam a sua glória, e o firmamento as obras de suas mãos” e em Romanos 1:19, 20 diz: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. A teologia nunca pode pensar em existir sem a Bíblia, pois estaria rejeitando a autoridade de Jesus que fundamentou seus ensinamentos na Bíblia. Sendo Jesus, Deus na terra, não há como modificar o que Ele demonstrou como o verdadeiro e a forma correta de viver, ou de compreender a verdade. Um terceiro pressuposto que Erickson destaca é a que as crenças doutrinárias são essenciais no relacionamento entre o cristão e Deus . Este pressuposto é interessante observar, porque quando a Igreja e a Teologia buscam doutrinas que não estão fundamentadas na Bíblia, acabam afastando os cristãos e até mesmo os não cristãos da revelação verdadeira de Deus. A história demonstra isto através da formação de heresias e seitas que são uma realidade que fez a Igreja iniciar uma teologia sistemática em forma de credos e confissões. O estudo da Bíblia sempre foi a delimitação do que é certo e errado, ou do que é tolerável no relacionamento da Igreja com os membros que formam a Igreja, ou do relacionamento entre igrejas. Sem a Bíblia, a Igreja criaria uma teologia diferente para cada conflito ou para cada interesse que o grupo que forma a igreja desejasse. A Bíblia é um fundamento, que não permite uma modificação na forma como Deus demonstra que Ele é, e que Ele deseja que sejamos.