terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Natal uma ferramenta de Evangelização

Quando era pequeno, minha família comemorava o natal, e era muito comum as reuniões de família com todo aparado da festa. Cresci, e percebi que muita coisa estava errada na festa de Natal. Cheguei ao extremismo de não comemorar e mais que isto pregar contra. Realmente podemos ver muitas artimanhas do Diabo nesta festa desviando os olhos d´Aquele que deveria ser o motivo principal do Natal, e retirando a mensagem que deveria ser a principal do Natal. A mensagem que a " paz veio a terra aos homens de boa vontade" , é uma mentira tão grande e sutil, que invade o Natal e retira a mensagem principal. A mensagem que os anjos cantaram foi: " Paz na terra e boa vontade para com os homens", leia na Bíblia. Não existe um homem de boa vontade, pois " não há um justo, nem um sequer", como diz o apóstolo Paulo. A Paz e a Boa vontade são parte do presente de Deus para a Humanidade, ela veio com o presente, ou melhor veio no presente. A invenção do Papai Noel retirando a visão do verdadeiro PAI que está nos céus, e o pior criando uma imagem de um ser "mágico" que é ajudado por "doendes", retira também a visão dos céus para o inferno, que é o local dos doendes e seres mágicos, ou seja, os demonios.
O Natal não é uma obrigação bíblica, portanto quem não comemorar, não estará contra o evangelho, é apenas uma tradição cristã, como várias tradições que os cristãos criaram e continuam criando nos séculos de existencia da igreja. Inclusive o dia de natal nem é o dia do nascimento de Jesus que deve ter sido em Março ou Abril. É verdade que foi parte do "pacote" do sincronismo que o catolicismo romano criou para atrair os pagãos politeistas para dentro da nascente igreja. É verdade que foi utilizado a festa do "natalis invictus solis" ou nascimento do vitorioso sol,que era o "deus sol" romano, pois no dia 25 de dezembro é o solisticio no hemisfério norte. É verdade que as tradições de arvores, troca de presentes, e outros vieram de uma mistura de tradições humanas que muitas delas foram inspiradas em motivações idolatras e pagãs. Mas uma boa pergunta é quais são as tradições que não tem nenhum tipo de influencia de motivações idolatras e pagas? O que é totalmente puramente cristão?
Retirar desta tradição e utiliza-la como instrumento de evangelização, seria uma boa forma de usar coisas naturais para destacar as espirituais.
O Natal deveria ser apenas uma lembrança que poderia ser utilizada para mostrar Jesus ao mundo, pois no mundo é a maior festa cristã de todos os tempos. Jesus é o presente de Deus. O seu nascimento foi sem dúvida um dos maiores acontecimentos da história humana, mas sua morte e ressurreição, é que foi nossa salvação, pois se Ele não tivesse morrido por nós, e ressuscitado, seu nascimento teria sido um fracasso. O ato de salvação, é maior que toda mensagem, e é o cumprimento de sua mensagem de paz e boa vontade. Por isto a "ceia do Senhor" que é um mandamento bíblico é a verdadeira festa do cristianismo, pois comemora sua morte e ressurreição. Entretanto lembrar de seu nascimento não é ruim, é bom. Comemorar seu nascimento não é ruim, é bom.
Eu me cansei que lutar a favor de sofismas e filofias, prefiro lutar por almas perdidas. Vamos então usar a festa de Natal para mostrar Jesus, e deixemos para lá, as divisões de discussões acaloradas sobre usos e costumes, e tradições de homens. Enquanto nos preocupamos com quem está a verdade ou o certo, o mundo morre vendo papai noel e o tal espirito natalino. Enquanto ficamos escandalizados com as besteiras que falam no natal, o mundo bebe estas besteiras como verdades. Falemos no Natal a verdade do Natal, ou seja, Jesus. Calemos a boca dos falsos profetas natalinos com a verdadeira mensagem do Natal, ou da história do Natal, que é a história do nascimento de Jesus.
Aproveitemos para mostrar os enganos da idolatria mariolatra, mostrando quem foi a verdadeira Maria, uma serva santa do Senhor, que foi salva pelo seu salvador Jesus, como ela mesmo disse em seu cantico na sua gravidez. Aproveitemos para mostrar que Jesus foi o próprio Deus encarnado, pois foi adorado em seu nascimento. Aproveitemos para mostrar sua deidade, sua bondade, seu amor, sua graça, seu poder, enfim para mostrar Jesus.
Que neste Natal voce olhe para Jesus, e aproveite da ocasião para pregar o evangelho, ao invés de ficar perdendo tempo com seus medos.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Cosmovisão Ribeirinha e a Construção de Uma Teologia contextualizada

Considerando a realidade que temos visto vivendo entre os ribeirinhos, podemos chegar a algumas conclusões sobre o caminho da construção da teologia local. É fato que todo grupo tem uma cosmovisão baseada em sua cultura e religião. Com a mistura da fé cristã com as crenças passadas pelos povos amazonicos, temos uma forma de pensar que vai dos ditames dos dez mandamentos e dos ensinamentos de Jesus aos mitos e lendas que transmitem uma forma de subsistencia e sobrevivencia, no respeito a floresta e ao rio que dá o sustento, e a criação de uma moralidade que enfatiza a necessidade como a forma mais elevada de respeito ao grupo que pertence. Se a subsistencia desrespeita o rio e a floresta, ela é aceita, mas se a sobrevivencia exige o respeito, os ditos populares são a forma de transmissão da moralidade. Encontro duas formas claras de transmissão de conhecimento, ou de educação das comunidades ribeirinhas, que tem na transmissão oral sua maior forma de aprendizagem: As Histórias (incluindo os mitos e lendas) e os ditos populares (provérbios).
Encontramos na cosmovisão da sobrevivencia o pouco desejo e necessidade do conhecimento formal que é transmitido de forma institucionalizada nas escolas municipais que estão nas comunidades. O ribeirinho tem sua necessidade de ler e escrever, e conhecer as quatro funções básicas da matemática, mas além disto, é quase que desnecessário, pois o mais importante é saber caçar, pescar, cortar madeira e construir com madeira, plantar para subsistencia, retirar da mata os frutos e plantas de alimentação e medicação, e cuidar de filhos. O filho muito educado, é a possibilidade de "perder" para a cidade, ou seja, de ver seu filho indo morar na cidade e deixar a comunidade ribeirinha.
Diante desta realidade estamos no trabalho da construção de uma forma de estudo bíblico que construiria os conceitos do caráter cristão. Temos como base a idéia dos ditos populares, na fixação de conceitos por provérbios e ditos bíblicos.
Em breve anexaremos uma forma de estudo, que está sendo desenvolvida por mim, e pela missionária Gislaine.

O Ungido do Senhor

O Ungido do Senhor

Falaremos em partes este tema. Depois uniremos em uma postagem apenas.
Quem é o ungido do Senhor? Esta doutrina é amplamente defendida como a base para fortalecer o respeito e a obediência aos lideres ou especificamente aos pastores da igreja. Eu mesmo pregava com muita convicção esta doutrina num sentido bem restrito, mas após muitos acontecimentos vividos e observados em outras vidas, comecei a questionar as motivações dos que utilizavam este tema bíblico. Quando digo restrito, quero dizer da forma que eu aprendi. A forma que eu aprendi talvez tenha a forma que muitos aprenderam, especialmente porque em minha igreja na adolescência, o pastor era muito enérgico e não admitia qualquer tipo de opinião contrária a ele. Na verdade as pessoas tinham medo de ir contra as convicções ou opiniões do pastor. Por causa disto a doutrina do “ungido de Deus” era amplamente ensinada como uma forma de impedir qualquer tipo de discordância. Isto não significa que era um pastor ruim, pelo contrário era um homem de Deus, muito zeloso, e muito dedicado ao cuidado do rebanho, além de demonstrar um caráter fiel aos padrões cristãos. Verifico que infelizmente muitos líderes da igreja têm motivações erradas ao aprofundar no tema “autoridade da liderança”. Também verifico que muitos não querem confrontar o erro na liderança, pois para eles isto significaria estar dizendo que o líder é um mau líder, ou que estariam indo contra o próprio Deus. E muitos líderes acham que se forem confrontados, isto significaria o fim de sua autoridade sobre o rebanho, e ainda que os liderados estariam assumindo uma atitude rebelde. Se a repreensão aos lideres fosse não permitida por Deus, nunca poderia ser colocado na Bíblia que Paulo repreendeu publicamente a Pedro, e ainda relatou em sua carta para que toda igreja ficasse sabendo, e que fez isto porque Pedro já era um homem repreensível (Gálatas 2:11 - E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.). Será que nós, os pastores somos repreensíveis, e já chegamos ao nível que Pedro chegou? Vemos claramente que pastores, e até apóstolos podem ser repreendidos, e seu erro pode ser usado como exemplo para ensinamento da igreja. Pedro e todos os homens de Deus da Bíblia são usados por Deus como exemplos dos acertos e dos erros. Deus não esconde os erros dos seus servos na Bíblia, Ele os expõe para mostrar como estes homens usados por Deus são comuns como qualquer homem. Eles não são especiais, são normais, e são necessitados como qualquer homem. Lendo a Bíblia vemos os homens de Deus sendo corrigidos por seus pais, por parentes, por profetas, por inimigos, pelo povo de Deus e pelos povos do mundo, até mesmo por um animal. Martinho Lutero defendeu o sacerdócio universal na igreja, e isto deveria ser lembrado constantemente.
Como tenho costume farei perguntas para sua própria análise pessoal. Faço isto, e não respondo todas as perguntas, pois acredito que a unção de Deus é disponível para cada cristão, e não precisamos de intermediários para que Deus nos fale suas verdades, mesmo que Deus use seus dons para nos aperfeiçoar. Por que alguns líderes usam este tema como um amparo para seu autoritarismo ditatorial? Ou para silenciar os que discordam de sua autoridade ou de sua liderança? Ou para impedir que os liderados verifiquem e investiguem como é seu procedimento moral, social, espiritual e financeiro? Ou ainda para justificar a impossibilidade de “membros comuns” ou como diria o catolicismo, “leigos”, corrigirem, admoestarem, disciplinarem e delatarem os erros do líder? Existem na igreja “membros comuns” e “membros especiais”, ou “clérigo e leigo”? Existem duas classes na igreja?
Então vamos estudar este tema em duas partes: O Sacerdócio Universal e a Autoridade da Liderança. Neste primeiro texto vamos ver o Sacerdócio Universal, que foi restaurado e amplamente pregado após a Reforma Protestante. Na verdade para entender esta realidade, nós temos também que lembrar a doutrina criada na igreja, durante o período que a igreja estava dominada pelo sistema católico apostólico romano.
O Sacerdócio Universal é um tema amplo, mas foi uma das bases da revelação que Martinho Lutero e todos reformistas se embasaram quando lutaram pela reforma da igreja. O objetivo inicial era que a igreja dominada pelo sistema católico fosse reformada, mas infelizmente o sistema era mais forte que o desejo de descobrir e amar a verdade. O sistema manteve seus “dogmas”, ao invés de estar disposta a reconhecer as verdades bíblicas. Infelizmente os sistemas ou organizações que dominam a igreja podem tornar-se tão fortes e inflexíveis que não tolerem mudanças, ou reconhecimento do erro. Isto ainda acontece até nos dias de hoje, inclusive em muitas denominações evangélicas. Muitos esquecem que a Igreja é um Corpo, não uma Organização, e Corpo é um organismo mutante, ou seja, o corpo cresce, modifica, se adapta ao meio, precisa de cuidados, pode enfermar, precisa ser alimentado, precisa ser cuidado, precisa de novos cuidados à medida que os anos passam, a roupa precisa de mudar de acordo com o crescimento do corpo e de acordo com a estação do ano. Esta alegoria pode nos fazer pensar muito sobre a necessidade de haver mudanças na estrutura e vida da igreja.
A igreja após terceiro século começou a se estruturar dentro de uma realidade política que era o império romano. A cultura romana e judaica formou as estruturas e modus vivente da igreja. Aos poucos a liderança da igreja foi tomando uma autoridade parecida com o império romano. A idéia de ter um líder máximo assim como o império que tinha seus imperadores, foi tomando conta da crença geral. A autoridade máxima foi sendo criado embasado numa doutrina que colocava a primazia do apóstolo Pedro sobre todos os outros apóstolos. A idéia que Jesus teria colocado Pedro como a Pedra, foi tomando conta de toda liderança da igreja nascente num sistema hierárquico. No passado não existia esta hierarquização, pois a liderança era de uma forma mais judaica, que seguia um sistema mais congregacional. Sem entrar aqui na discussão da melhor forma ou da forma que seria bíblica, podemos constatar historicamente que a igreja criou um sistema hierárquico que estratificou a liderança e distanciou a liderança dos liderados. Esta distancia foi aumentando a ponto de se criar duas classes na igreja, o clero e o laicato. Esta divisão não é vista no Novo Testamento, e não existe nenhum texto que pode colaborar com esta idéia, apesar da doutrina papal que é discutível e negada pela igreja reformada. A igreja católica foi buscar no Velho Testamento a base para criar duas classes: o Sacerdócio e o povo. No Velho Testamento esta realidade é clara, e real. O Sacerdócio era inclusive passado de pai para filho, era herdado, e não somente uma posição social. Se buscarmos o Sacerdócio do Velho Testamento, o sacerdócio de Arão, temos que também trazer a “herança familiar”, e o sangue apenas dos filhos de Arão, e gentios nunca poderiam fazer parte deste sacerdócio. Como explicar esta realidade, mas ao invés de tentar explicar, é apenas espiritualizado, sem dar muitas explicações. O livro de Hebreus é claro ao falar que Jesus é do sacerdócio de Melquisedeque, que era maior que Abraão, do qual saiu Arão (Hebreus 5:10 - Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque). O Sacerdócio de Melquisedeque é claramente um sacerdócio espiritual, pois como diz a Bíblia, Melquisedeque era sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre (Hebreus 7:3). Como Melquisedeque não era sacerdote porque era filho de algum homem, e seu sacerdócio não se baseava em fatos físicos e humanos, o novo sacerdócio é o sacerdócio que a igreja tem. Assim como Jesus que não era da família de Arão, nem da tribo de Levi, nós a Igreja somos “feitos” semelhantes ao Filho de Deus. Na verdade, nós, a Igreja, por meio do novo nascimento somos feitos Filhos de Deus, e participantes da vida e do ministério de Cristo. O sacerdócio de Melquisedeque é o sacerdócio da Igreja, um sacerdócio baseado na herança espiritual, na ligação sacerdócio e realeza, pois Melquisedeque era sacerdote e rei da cidade da Paz, que espiritualmente mostra a realeza da igreja. O sacerdócio de Arão no Velho Testamento é uma figura do sacerdócio verdadeiro, por isto não pode ser usado como modelo em todos seus aspectos, pode ser usado como figura ou sombra do verdadeiro sacerdócio. Não precisamos usar as mesmas roupas que eles, não precisamos criar um grupo especial. Na verdade o sacerdócio na Igreja é a manifestação da Igreja como sacerdote de Deus na terra, e cada ser humano que nasce de novo, e torna-se Igreja, começa a fazer parte do sacerdócio de Melquisedeque. A divisão que existe na terra é entre a Igreja e o mundo, os sacerdotes de Deus e o povo do mundo que pode ser parte deste sacerdócio, por meio da conversão a Cristo Jesus. O sacerdócio da Igreja não é fechado, como o de Arão, é aberto e convidativo para todos. A divisão criada pela igreja católica é antibíblica e promove a divisão no Corpo de Cristo, afastando os lideres dos liderados. Entretanto esta realidade é uma herança pagã que está na estrutura e na crença de muitas igrejas do Senhor Jesus. Muitas igrejas pós-reforma mantêm esta doutrina separatista, distanciando os lideres ou pastores ou o episcopado dos liderados. A própria ênfase distorcida do ensino sobre o “ungido do Senhor” já é uma manifestação desta doutrina católica que ainda sobrevive, mesmo depois da advertência e ensino dos reformadores do período chamado Reforma Protestante.
Vejamos a base do sacerdócio universal, além do texto de Hebreus que fortalece o sacerdócio de Melquisedeque como o sacerdócio de Jesus e da Igreja. O apóstolo Pedro mostra o sacerdócio da Igreja em I Pedro 2:9 que diz: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” É interessante ver Pedro afirmando que somos um “sacerdócio real”, sabemos que Melquisedeque era sacerdote e rei. Pedro também afirma que somos uma “geração eleita”, ou uma geração espiritual não natural ou de uma geração de carne e sangue, esta geração também é eleita, pois depende de uma decisão, que somente nós podemos fazer por meio de nossa aceitação do Senhorio de Jesus. Pedro também afirma que a Igreja é “nação santa” e “povo adquirido”, mostrando várias realidades espirituais que não vamos abordar aqui, mas vamos apenas citar alguns aspectos: a Igreja tem uma “terra de domínio e hospedagem”, tem uma “língua própria”, tem “um governo”, tem uma “forma de viver” (cultura própria), tem um “nome comum”, tem uma “origem comum”, além de outras realidades comuns.
Pedro afirma que a Igreja é um sacerdócio, e nenhum lugar no Novo Testamento, os apóstolos ou o Senhor Jesus disse que existe uma classe superior de sacerdotes. Todos são sacerdotes diante de Deus, a Igreja é um povo de sacerdotes reais. Portanto a idéia que a liderança é especial, é mais privilegiada que o restante do povo de Deus, é uma mentira e um grande engano. Todos os cristãos são iguais diante de Deus, e não existe uma preferência de Deus por um grupo de lideres, ou de ungidos. Todos nós, Igreja, somos “ungidos” de Deus com a mesma unção. O apóstolo João diz em I João 2:20: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo”; e também diz em I João 2:27: “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”. A unção de todo cristão é igual, e não existe uma unção maior que a do outro, existem dons e ministérios diferentes. E cada um que cumprir seu chamado divino terá os mesmos galardões no céu, os galardões não serão especiais para lideres, e maiores, pois são lideres. Um intercessor que não aparece na Igreja, muitas vezes, ou alguém que pratica hospitalidade e boas ações poderá ter o mesmo galardão, ou até maior, que um líder de projeção na Igreja. Deus nivela todos da mesma forma que Ele faz com ‘dízimos’, veja todos dão o mesmo valor, se são fiéis naquilo que recebem de Deus. Todos que dão dízimos dão dez por cento (10%), e este valor é igualitário. O dízimo de um milionário é para Deus o mesmo valor que o dízimo de um trabalhador que ganha o salário mínimo. Cada um recebeu de Deus talentos, e no valor que recebeu, será o valor que será cobrado. Os textos de I João falam da ‘unção’ que todos os cristãos tem, e esta unção é igual, mas é somente para os que são a Igreja. Os que não são Igreja, ou aqueles que não nasceram de novo não tem esta unção. Então todos os cristãos são os sacerdotes e tem a unção de Deus, portanto todos os cristãos são “ungidos do Senhor”. E Deus adverte em I Crônicas 16:22: “Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal”.

O Ungido do Senhor – parte 2

Esta segunda parte do tema “autoridade da liderança”, que intitulamos: “O Ungido do Senhor”, vamos ver sobre a ‘unção’ que o sacerdócio recebia. O texto final da primeira parte é I Crônicas 16:22: “Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal”, e este texto é o mais usado pela liderança para afirmar a tese de que ninguém pode ‘tocar’ os lideres. Mas somente os lideres são os ungidos de Deus? Vamos começar estudando sobre unção.
Em Êxodo 25:6 diz: “Azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso” e em Êxodo 29:7 diz: “E tomarás o azeite da unção, e o derramarás sobre a sua cabeça; assim o ungirás”. Encontramos no Velho Testamento a figura utilizada por Deus para demonstrar a realidade espiritual que é a “unção”. A unção é o derramamento de óleo ou azeite sobre a cabeça de alguém. Esta cerimônia era uma forma de demonstrar que o “ungido” estava recebendo algo. Mas o que estava recebendo?
O Primeiro objetivo da unção está em Êxodo 29:21 que diz: “Então tomarás do sangue, que estará sobre o altar, e do azeite da unção, e o espargirás sobre Arão e sobre as suas vestes, e sobre seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; para que ele seja santificado, e as suas vestes, também seus filhos, e as vestes de seus filhos com ele”. Este texto mostra que a unção tem objetivo de “santificar”, mas o óleo da unção está agora ligado ao sangue. O Sangue e o Óleo de unção estão juntos na purificação do sacerdote. Isto nos leva ao Novo Testamento lembrando que o sangue do Cordeiro de Deus que é Jesus junto com o óleo ou a unção do Espírito Santo são a nossa salvação e purificação. Como sacerdotes, somente seremos sacerdotes se tivermos o sangue de Jesus purificando nossas vidas, mas também precisamos do óleo da unção. Em Êxodo 40:9 temos a confirmação do objetivo da santificação: “Então tomarás o azeite da unção, e ungirás o tabernáculo, e tudo o que há nele; e o santificarás com todos os seus pertences, e será santo”.
Depois encontramos o segundo objetivo da unção em Êxodo 40:15: “E os ungirás como ungiste a seu pai, para que me administrem o sacerdócio, e a sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo nas suas gerações”. Este é o objetivo mais reconhecido para a unção, mas sem a santificação que é a separação para “uso exclusivo de Deus”, não existe sacerdócio. Encontramos neste texto o objetivo da administração, ou seja, do ministério. A unção também tem o objetivo de capacitar de forma espiritual uma pessoa para uma função no sacerdócio. Como nosso sacerdócio é nossa vida em serviço do Senhor Jesus, todo ministério que um cristão exerce é o exercício do ministério. Para todo cristão poder exercer o ministério que Deus concedeu para ele, é necessária a unção, assim como os sacerdotes no ministério de Arão.
O terceiro objetivo que muitas vezes não é muito percebido nos textos sobre unção, mas é muito reconhecido está em Levítico 21:12: “Nem sairá do santuário, para que não profane o santuário do seu Deus, pois a coroa do azeite da unção do seu Deus está sobre ele. Eu sou o SENHOR”. O texto diz que a unção é uma coroa, e coroa está ligado a reinado. Aqui encontramos a menção do “sacerdócio real”, que foi colocado sobre a Igreja. O objetivo de representar ao Senhor é um dos maiores objetivos da unção que recebemos de Deus, como sacerdotes. Somos os representantes do Santuário, somos os enviados para o mundo. Somos os ‘ungidos’ enviados para intermediar, ou para levar o povo do mundo ao encontro de Deus, através da pessoa de Jesus. Recebemos a unção para representar a Deus nesta terra, este é nosso testemunho e nossa pregação.
A unção tem muitas bênçãos, mas uma que toda Igreja deve sempre lembrar é a que está em Isaías 10:27: “E acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção”. Todos que tem a unção podem ter seu jugo despedaçado, e isto é cumprido na Igreja por meio de Jesus, pois ele diz: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:30).
No Novo Testamento esta unção é o derramamento do Espírito Santo, que também aparece no templo de Jerusalém como o óleo que alimenta a lâmpada do Senhor. Temos o termo ‘unção’ no Novo Testamento em I João 2:20 e em I João 2:27. Nos dois textos vemos a unção que tanto era conhecida pelos judeus, como a ‘unção’ dada a Igreja. Em I João 2:20 diz: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo”, e em I João 2:27: “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”. A Igreja é ungida por Deus, assim como os sacerdotes eram ungidos no tempo da lei. A Igreja tem a purificação, a administração e a coroa que a unção do sacerdócio capacitava aos sacerdotes da lei. A Igreja é o sacerdócio constituído por Deus para ministrar na terra nestes dias, e todos os cristãos são “ungidos do Senhor”.

O Ungido do Senhor – Parte 3

Nesta terceira parte do tema “autoridade da liderança” que estamos estudando, agora de fato vamos falar sobre a relação do “ungido do Senhor” e a liderança. O texto mais usado para relacionar o “ungido do Senhor” com a liderança da Igreja é I Crônicas 16:22: “Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal”. Também encontramos em Salmos 105:15, o mesmo texto que diz: “Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas.” No texto de Salmos fica claro que os “ungidos” e os “profetas” estão ligados ao povo de Deus, pois o contexto é claro nos versículos de 12 a 14. Encontramos, entretanto, uma diferença destacada no texto os que são os “ungidos” e os “profetas”. Sabemos que todos os profetas são também “ungidos”, principalmente num contexto da Igreja. Então entre os ‘“ungidos” podemos encontrar os “profetas”, que no período da Igreja, podem ser chamados de “pastores”, ou os cinco ministérios do Corpo de Cristo. Sei que existe um dilema que não abordarei neste artigo, sobre a função do episcopado e dos ministérios fundamentais, mas mesmo considerando um ou outro pensamento, podemos identificar os “profetas” como a liderança espiritual de Israel, e neste conceito, podemos considerar os pastores (presbíteros, bispos) e os ministérios fundamentais (apóstolos, profetas, mestres, evangelistas e pastores) como a liderança espiritual da Igreja. O ensino específico para os profetas ou a liderança da Igreja é a advertência de “não fazer mal para eles”, mas os “ungidos” que são todos os filhos de Deus, nascidos de novo (Igreja ou Povo de Deus) e que incluem toda liderança espiritual a Igreja, o ensino é “não toqueis”. Os profetas ou liderança espiritual da Igreja devem temer “tocar” os “ungidos”, da mesma forma que todos os outros “ungidos”, que são toda a Igreja, devem temer “tocar” na liderança, mas com um acréscimo, que é “não fazer mal para eles”.
O “Não Toqueis” é uma advertência para toda a Igreja, tanto para quem “toca”, quanto para quem é “tocado”. Mas o que é “tocar”? Colocar a mão na pessoa seria um entendimento literal, mas o contexto demonstra que este “tocar” tem um sentido mais amplo. É óbvio que o texto não está proibindo tocarmos fisicamente um “ungido”, mas “tocar” com um sentido de agressão. A palavra hebraica no texto original dá o sentido de “tocar” como: “ferir”, “alcançar e agredir”, o que demonstra que Deus alerta a qualquer pessoa, que o povo dele não deve ser agredido fisicamente, pois isto trará conseqüências contra quem fizer isto. No contexto dos dois textos citados, a maior ênfase é a agressão física, que era comum quando o povo de Deus, Israel, reagia de forma negativa à vida de santidade dos ungidos e as palavras proféticas dos profetas. Esta reação incluía matar, espancar, apedrejar, aprisionar, e no caso dos profetas era maltratar de forma exemplar. Os profetas eram mais maltratados, pois eram usados por reis, por lideres, ou pelo próprio povo como um exemplo, e porque principalmente eles eram os que manifestavam em palavras as admoestações de Deus. A agressão física não tem sido comum no mundo da Igreja “livre”, mas no mundo da Igreja “perseguida”, a agressão física é mais comum. Muitos dos ungidos do Senhor têm sido “tocados” e profetas “maltratados” no mundo hoje. Alguns violentados, espancados, queimados vivos, torturados, aprisionados, deixados passando fome e frio, e mortos. Estas muitas formas de “tocar” os “ungidos do Senhor” eram mais comuns na época em que a lei viva sobre a tutela do “olho por olho” e “dente por dente”. Hoje muitos da Igreja do mundo “livre”, que tem muita pressão da perseguição com agressões físicas, não conseguem entender a realidade de que a Igreja é odiada pelo sistema do mundo, por Satanás e seu reino, e por todos que não desejam a santidade de Deus, mesmo dentro da Igreja. Por isto é comum muitos quererem levar a palavra “toqueis” para um sentido apenas psicológico e não físico. A palavra está mais ligada à agressão física, mas sem dúvida uma agressão psicológica pode ser considerada “ferir e alcançar para agredir”, pois nosso corpo é fisicamente afetado por “agressões psicológicas”, e muitas vezes podem produzir “feridas” muito maiores que as físicas.
Diante da realidade do contexto, não deveríamos usar de forma tão ampla e comum o texto para amparar a doutrina de autoridade da liderança. Existem outros textos que mostram o respeito e a submissão a liderança, mas infelizmente este texto tem sido usado para amparar a autoridade de lideres da Igreja que abusam de seu poder para dominar e abusar, ou até “tocar” os “ungidos” de Deus com seu domínio abusivo.
Em Zacarias 4:14 encontramos a mesma palavra hebraica para “ungidos” que diz: “Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra”. Neste texto vemos mais uma característica do “ungido”. Estes dois “ungidos” são como “vasos” ou “vasilhas” comunicantes. Que os “ungidos” sejam canais de unção do Altissimo.
Um último fator que gostaríamos de considerar, é que os textos da Bíblia são escritos primeiramente para o próprio povo de Deus. Então este alerta tem sido principalmente para a Igreja que não deve “tocar” os “ungidos” e não deve “maltratar os profetas” ou a liderança espiritual da Igreja. O Senhor Deus não faz acepção de pessoas e não tem um grupo especial que Ele trata de forma mais cuidada no Corpo de Cristo, ou no Povo de Deus. Deus tem o mesmo amor por todo membro da Igreja. Um líder não é maior do que um liderado, mas o líder tem uma função diferente, que merece o respeito e a submissão dos liderados. Entretanto “discordar”, “questionar”, “denunciar erros”, e “não obedecer a todas as ordens”, não significa em todos os casos como rebelião, ou desrespeito a liderança. Muitos lideres usam os textos estudados para “calar”, para impedir os liderados de ter opinião diferenciada, de impedir que liderados possam denunciar os erros dos lideres, de questionar para sanar suas dúvidas. Mas também devemos lembrar que quando falamos que estes textos não são a maior forma de provar a autoridade da liderança, mas apenas uma parte desta realidade espiritual, eu não quero aprovar as atitudes de “maltrato” que muitos no povo de Deus têm promovido contra sua liderança. A liderança da Igreja deve ser amada e cuidada, e isto pode incluir corrigir a liderança, mas como se corrigisse um “pai”, com respeito e amor.
Então não vamos “tocar” ou “maltratar”, vamos amar, dando toda liberdade que a Graça concedeu ao Povo de Deus, e toda submissão que o Senhorio de Cristo exige de sua Igreja. Lembremos sempre que obediência plena nós temos apenas para com o Senhor, mas a submissão é devida a todos os que são autoridade sobre nós, começando pelos pais. Submissão é sob a missão.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

MATEUS 11.12 – A Violência e o Reino de Deus?

MATEUS 11.12 – A Violência e o Reino de Deus

“E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele”.
Com o atual movimento de Batalha Espiritual muitos na igreja acabam considerando normal a violência como uma forma espiritual para combater o mal e o pecado. Palavras como armas, guerra, inimigo, batalha, estratégia, lutas, conquista e outras têm sido muito enfatizadas e por isto a violência tem sido muito incentivada como um conceito cristão. Mas qual é o tipo de violência que a batalha espiritual pode ser? Não podemos deixar de perceber e constatar que existe uma violência no conceito de batalha, de guerra espiritual, mas será que esta violência pode ser trazida para o relacionamento humano? A Bíblia diz que temos de revestirmos de uma armadura, mas as peças são espirituais, e Paulo diz que a vida dele foi um bom combate, entretanto a Bíblia diz que esta luta é espiritual, não física: (Efésios 6:12) - “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Quando a igreja transfere esta luta para o mundo físico, identificando pessoas pelo qual Jesus morreu para salvar, a igreja pode criar doutrinas perigosas, assim como aconteceu no período da idade média com as fogueiras e torturas para os que são contra a denominada igreja cristã.
Um dos textos mais usados para permitir atitudes violentas como de inspiração divina é Mateus 11:12. Façamos uma análise mais aprofundada do texto. Estas palavras do Senhor Jesus tem sido usadas para promover muitas violências contra pessoas, foram nelas que a Igreja Católica Medieval se apoiou para fazer a inquisição, e inclusive que muitos movimentos cristãos históricos se apoiaram para promover perseguição, genocídio, preconceito, racismo, e divisões. Os cristãos chegaram a formar exércitos para exterminar inimigos “pagãos”. Houve os “soldados de Cristo” que carregavam uma armadura e espadas reais e matavam fisicamente os chamados “inimigos da igreja”. A violência “cristã” criou a doutrina do anti-semitismo fazendo de todo judeu um traidor como Judas, e diminuiu todos os povos de pele escura como amaldiçoados por teoricamente serem filhos de Cão. Com doutrinas absurdas os pretensos “cristãos” criaram suas ‘desculpas’ para a violência a favor do Reino de Deus. O texto de Mateus 11:12 tem sido usado por muitos “cristãos” que o utilizam como apoio para promover a perseguição de todos que são considerados hereges, perdidos e traidores da igreja. Mas o que o texto diz dentro do contexto e nas palavras originais. Será que o Senhor Jesus estava pregando uma forma de aniquilação dos inimigos? Será que Jesus estaria de acordo com todas as atrocidades físicas e morais que foram promovidas dentro e pelas organizações dirigidas por igrejas? Será que Jesus apoiou em vida a eliminação dos romanos ou dos judeus que não aceitaram sua doutrina? Porque Jesus não deixou a “orelha de Malco” cortada, mas a curou e mandou Pedro deixar a espada?
A questão de ligar a violência contra o Reino dos Céus a uma pretensa violência contra todos que violentam o Reino de Deus seria uma contradição. Porque considerar que se pode violentar alguém que está violentando o Reino dos Céus seria afirmar que a violência do que violenta é maligna, então a violência não poderia ser usada em hipótese nenhuma, pois é do mal. Neste caso um herege ou inimigo do Reino dos Céus estaria apenas tentando conseguir conquistar o Reino dos Céus, e isto não deveria ser impedido, porque ele poderia ser salvo com sua violência. Vemos claramente que este pensamento é totalmente contrário a mensagem do Sermão da Montanha que afirma que os que alcançarão o Reino dos Céus são os “pobres de espírito” e “os que sofrem perseguição por causa da justiça”. (Mateus 5:3) - “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; (Mateus 5:10) - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Estes dois versículos utilizam o mesmo termo usado pelo texto estudado: Reino dos Céus. Além disso, no Sermão da Montanha, Jesus afirma outra bem-aventurança que diz ser os pacificadores ou os que trazem a paz, os que serão os filhos de Deus: (Mateus 5:9) - “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”. Isto afasta muito o conceito de violência como forma benigna de alcançar o Reino dos Céus. No texto do Sermão da Montanha em Lucas o Reino dos Céus é traduzido por Reino de Deus, o que mostra que os dois são o mesmo lugar, não há diferença, pois o Reino dos Céus é o Reino de Deus.
Temos seis textos traduzidos abaixo do mesmo versículo:
O texto na tradução Almeida Corrida File (ACF) diz: “E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele”.
Na Atualizada (A) diz: “Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele”.
Na Corrigida (C) diz: “E, desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele”.
Na linguagem do dia de hoje (LDH) diz: “Desde os dias em que João anunciava a sua mensagem, até hoje, o Reino do Céu tem sido atacado com violência, e as pessoas violentas tentam conquistá-lo”
Na Nova Versão Internacional (NVI) diz: “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele”
Na Versão Católica (VC) diz: “Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam”.
Nas seis traduções encontramos uma primeira parte praticamente igual: “E, desde os dias de João o Batista até agora...”, apenas na LDH acrescenta uma amplificação que não é uma tradução, mas uma conclusão: “...anunciava a sua mensagem...”.
Já a segunda e terceira parte há uma diferença fundamental, que levará sua mensagem para dois caminhos opostos. Estas duas conclusões podem ser duas doutrinas diferentes:
- O Reino dos Céus é conquistado por meio de uma violência positiva e estas pessoas violentas conquistam o Reino dos Céus por meio desta violência, que seria um esforço extremo de conquistar a salvação.
- O Reino dos Céus sofre violência pelas pessoas violentas que tentam apoderar-se dele.
As duas posições são muito diferentes, mas as duas posições demonstram que o Reino dos Ceus recebe uma violência, entretanto numa corrente a violência é negativa e noutra é positiva. Nas duas correntes seria uma incoerência permitir a violência contra outras pessoas, pois o Reino de Deus aqui é chamado de Reino dos Céus, não da terra. Apoderar-se de territórios físicos usando de violência como se fosse para o Reino dos Céus, é um erro de interpretação e de coerencia com o texto. O texto diz de pessoas buscando positivamente ou negativamente o Reino dos Céus, e não conquistando mais espaço para o Reino dos Céus. O Reino dos Céus já está feito, quando a violência é usada para conquistá-lo. O Reino é dos Céus, não da Terra. O Reino dos Céus já de propriedade de Deus, e os “violentos” querem adquiri-lo. É muito estranho imaginar uma violência positiva, mas conforme a corrente que defende a violência como forma de alcançar o Reino dos Ceus, esta violência torna-se necessária. Neste pensamento: “O Reino dos Céus é conquistado por meio de uma violência positiva e estas pessoas violentas conquistam o Reino dos Céus por meio desta violência”.
No segundo pensamento o Reino dos Céus é violentado ou agredido por pessoas violentas, mas não conquistado por violência. Neste conceito a violência é uma arma usada contra o Reino dos Céus, e por meio de violência ou força apoderam-se dele. Em várias parábolas Jesus demonstra o que é o Reino dos Céus, e diz que o Reino dos Céus é semelhante a algum simbolo. Independente do local do Reino dos Céus, ele é um ambiente ou um grupo de pessoas que Deus está no controle. Então a violência contra o local ou grupo de pessoas que estão sobre o governo de Deus poderia gerar um tipo de conquista, mas que o texto não diz ser uma conquista de domínio, mas de aprisionamento, mesmo que seja apenas fisicamente. Pessoas violentas então poderiam através da violência agredir o Reino de Deus e apoderar-se dele. E o texto não diz que este domínio é a conquista e sim o “roubo” ou apropriação usurpadora, conforme a palavra no original.
O texto no original diz:
΄από δε τϖν ΄ημερϖν ίωάννου τοΰ βαπιστοΰ ΄έως ΄άρτι ΄η βασιλεία τϖν οϋρανϖν βιάζεται καί βιασταί ΄αρπάζουσιν αΰτήν.
Transliterado é : APO DE TON EMERON IOANNU TU BAPTISTU (João Batista) EOS ARTI E BASILEIA TON URANON (Reino dos Céus) BIAZETAI KAI BIASTAI ARPAZUSIN AUTEN.
Encontramos algumas palavras nas duas partes finais do versículo que vamos estudar:
βιάζεται - ( Biazetai) Esta Palavra que é traduzida por violência é na verdade um verbo BIAZW que está na voz passiva e deveria ser traduzido como “sofrer violência”.
βιασταί - (Biastai) é outra palavra que é um substantivo proveniente do verbo BIAZW, e que quer dizer “homem violento”.
΄αρπάζουσιν - (Arpazusin) é um verbo ARPAZO que significa “roubar, arrebatar, tomar para si”.
Considerando as palavras chaves das duas partes finais do texto poderiamos dizer que o texto literalmente diz:
“... o Reino do Céus sofre violência e o homem violento rouba ou arrebata para si a ele.”
Não podemos acreditar que que um homem violento poderia através de um roubo que é adquirir o que não é de seu poderio ser uma forma aprovada por Deus. E a salvação não pode ser adquirida por nenhum mérito próprio é dada gratuitamente, graça, por meio do ato sacrificial de Jesus Cristo em sua morte e ressurreição. Ninguem pode alcançar a salvação por meio de atitudes extremas ou violentas, pois para alcançar o Reino dos Céus é necessário receber o que Jesus fez. Nenhum cristão deveria ser violento roubando algo que não é seu, isto é uma obra do diabo. Então este texto leva a compreensão que existe uma agressão contra o Reino de Deus, assim como foi feito contra João Batista, e homens violentos usam da violência para aprisionar ou roubar para si tudo que é do domínio de Deus, especialmente seu povo, a igreja. João Batista foi aprisionado e decapitado por homens violentos, e isto foi uma violência contra o Reino dos Céus, assim como todos os atos violentos contra a igreja durante todos os séculos. A violência contra o Reino de Deus sempre aconteceu, e vai acontecer a ponto de aprisionar e até matar o povo do Senhor, mas o dia da vingança virá, e esta vingança não pertence a igreja, pertence a Deus. (Deuteronômio 32:35) - “Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder, se apressam a chegar”.

Romanos 8.26 - A Aflição do Espírito Santo

Romanos 8.26 – A Aflição do Espírito Santo


Romanos 8:26 - “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”.
Este texto no original é:
Ώσαΰτως δέ καί τό πνεϋμα συναντιλαμβάνεται ταϊς ΄ασθενείαις ΄ημών τό γάρ τί προσευξώμεθα καθό δεϊ οΰκ οϊδαμεν ΄αλλ΄ αύτό τό πνεΰμα ΄υπερεντυγχάνει ΄υπέρ ΄ημών στεναγμοϊς ΄αλαλήτοις.
A transliteração do texto grego é: OSAUTOS DE KAI TO PNEUMA (Espírito) SÜNANTILAMBANETAI TAIS ASTHENEIAIS ENÖN TO GAR TI PROSEUKSÖMETHA KATHO DEI UK OIDAMEN ALL’AUTO TO PNEUMA (Espírito) UPERENTUGKHANEI UPER EMÖN STENAGMOIS ALALETOIS.
A primeira palavra analisada é PNEUMA, que é espírito, e pode ser espírito do homem, outros espíritos como anjos e demônios, e o Espírito de Deus. No contexto podemos concluir que se refere ao Espirito de Deus, pois faz uma referência a TO PNEUMA, ou O ESPÍRITO. Se fosse nosso espírito, que seria o espírito humano, o “nosso espírito”, pois logo depois é falado “em nossas fraquezas”. O Espírito nos ajuda, então é o Espírito de Deus. Também o contexto mostra a diferença dos dois espíritos: (Romanos 8:16) – “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. E confirma qual é o Espírito que testifica e que nos ajuda em nossas fraquezas: (Romanos 8:14 e 15) – “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai”.
O texto começa com a frase: “E da mesma maneira”..., que demonstra uma ligação com o texto anterior que diz: (Romanos 8:23) – “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. (Romanos 8:24) - Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? (Romanos 8:25) - Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos”. Então podemos concluir que da mesma forma que com paciência esperamos para ser salvos e somos salvos, o Espírito de Deus nos ajuda a esperar, pois temos fraquezas.
A palavra para Ajudar em Grego é: Συναντιλαμβάνομαι (sünantilambávomai) = ajudar, vir em socorro de (com dat. )- Lc 10.40; Rm 8.26.
Vemos que o Espírito Santo vem em socorro de, para ajudar. A palavra também é encontrada em Lucas 10.40 que diz: (Lucas 10:40) – “Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude”. Marta precisava de ajuda, de alguém que lhe prestasse socorro. O Espírito veio para ajudar.
Em que? Nas “fraquezas”. Como falamos a palavra no original é: SÜNANTILAMBANOMAI que conforme o léxico grego significa: fraqueza, doente, fraco. Depende do contexto podemos compreender a palavra de uma forma diferente. A palavra também é usada no versículo 3, e é traduzido como “enfermo” na carne. Esta fraqueza conforme o contexto do capítulo pode ser levado mais para estar fraco, pois tem uma doença o enfraquecendo. Neste caso, o pecado seria esta doença, e o Espírito Santo é o único que pode nos ajudar a vencer esta fraqueza.
De quem? “Nós”. A Igreja? Sim, conforme o contexto é a igreja, pois Paulo escreve para a Igreja, não para o mundo este capítulo.
Agora chegamos a uma parte central do texto: “porque não sabemos o que havemos de pedir como convém...”; o texto original é: ... TO GAR TI PROSEUKSÖMETHA KATHO DEI UK OIDAMEN... (τό γάρ τί προσευξώμεθα καθό δεϊ οΰκ οϊδαμεν ).
GAR (γάρ) – é uma conjunção usada para expressar causa, inferência, continuação, ou explicação. A tradução é “porque” ou “pois”.
PROSEUKSÖMETHA (προσευξώμεθα) – esta palavra aparece em outros textos: Mt. 5:44; 6:5-7; Mc. 1:35; 14:38; Lc. 1:10; 20:47; At. 6:6; 1 Co. 11:4s, 13; 14:14a, 15; Hb. 13:18; e Tg. 5:17. O significado dela é “orar”, ou fazer uma “oração para Deus”. A “oração” pode ser uma petição, mas significa mais que isto. Por isto o melhor é traduzir por “orar”.
KATHO (καθό) – a palavra é um advérbio: “a medida em que”. Encontramos também em 2 Co. 8:12 e 1 Pe. 4:14.
DEI (δεϊ ) – verbo impessoal que significa: “é necessário, deve-se, tem-se que”.
UK (οΰκ ) – advérbio que significa: “não mais, nem mais, já não mais”, e de forma figurativa pode adquirir o sentido de “nunca mais”.
OIDAMEN (οϊδαμεν) – verbo OIDA, que significa: “conhecer (acerca de)”.
Fazendo uma junção das palavras originais, podemos chegar a uma amplificação do texto estudado assim: “Porque já não mais conhecemos acerca da oração na medida em que é necessária ou tem que ser”.
Agora estudaremos a última parte do texto: “mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”.
No original é: ALL’AUTO TO PNEUMA (Espírito) UPERENTUGKHANEI UPER EMÖN STENAGMOIS ALALETOIS. (΄αλλ΄ αύτό τό πνεΰμα ΄υπερεντυγχάνει ΄υπέρ ΄ημών στεναγμοϊς ΄αλαλήτοις)
UPERENTUGKHANEI (΄υπερεντυγχάνει) – significa: rogar ou interceder.
UPER (΄υπέρ)– Preposição que inclusive faz parte da forma do verbo acima, pois é um prefixo de várias palavras, significa: “por, em lugar de, por amor a”. Seria uma preposição que demonstraria “ficar em lugar de”.
EMÖN (΄ημών) – traduzido como “nós”.
STENAGMOIS (στεναγμοϊς) – significa: “gemido”, “lamento”. Encontramos esta palavra também em Atos 7:34: (Atos 7:34) – “Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito”. Aqui vemos que os “gemidos” são uma forma que os homens utilizam quando estão em aflição, e o Espírito usa a mesma forma para interceder pela Igreja.
ALALETOIS (΄αλαλήτοις) – significa: Inexpressável, inexprimível, ou pode ser considerado profundo demais para ser expresso com palavras. O que demonstra que os “gemidos” do Espírito não poderão ser demonstrados por meio de palavras, ou de qualquer manifestação humana, porque a Igreja já não mais conhece acerca da oração na medida em que é necessária ou tem que ser, então o Espírito em nosso lugar intercede de uma forma que nós não conhecemos e não podemos entender. Esta forma é aflitiva e demonstra a força como o Espírito intercede para que a Igreja possa ser livre da fraqueza, que é este domínio que o pecado ainda pode ter na Igreja. Então o mesmo Espírito (Santo) intercede ficando em nosso lugar.
Isto, no entanto, não é uma forma de impedir a igreja de orar, mas sim de demonstrar como o Espírito Santo está agindo para que a Igreja esteja viva e salva. Sem o Espírito Santo, a Igreja estaria destruída.
Existe uma corrente teológica que ensina que a Igreja deve “gemer” da mesma forma que o Espírito Santo, mas como Ele ‘geme’? Se for inexprimível, o homem não pode imitar a forma, apenas a aflição de ser livre do pecado. A forma é sem valor, o valor é o desejo intenso de ser livre do pecado, para poder servir a Deus com todo coração. A busca de uma forma é como a busca de símbolos e rituais, é apenas meios de visualizar o espiritual, que é superior a toda manifestação física. Isto não impede manifestações de gemidos ou de orações não compreendidas como está citado no livro de Atos, a manifestação da glossália, que no meio pentecostal é chamado de “línguas estranhas”. Entretanto o valor de qualquer manifestação espiritual é a motivação de agir na dependência completa do Espírito Santo e na convicção completa que somente por d’Ele a Igreja ou o Crente poderá alcançar o favor de Deus.
A Aflição do Espírito Santo é que sejamos todos salvos, e Ele até “geme” no meio da sua intercessão. Que nós estejamos prontos para receber o amor de Deus.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

No amor não há medo - I João 4:18

1 João 4:18 - No amor não há medo

(I João 4:18) - No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.
O texto no original grego é:
Φόβος ούκ έστιν έν τή άγάπη
άλλ΄ ή τελεία άγάπη ΄έξω βάλλει τόν φόβον
ʹότι ό φόβος κόλασιν ΄έχει ό δέ φοβούμενος
ού τετελείωται έν τή άγάπη.
Transliterado é: FÓBOS UK ESTIN EM AGÁPE ALL’ E TELEIA AGÁPE EKSÖ BALLEI TON FOBON OTI HO FOGOS KOLASIN EKHEI O DE FOBUMENOS U TETEIOTAI EM TE AGÁPE.
Uma tradução amplificada poderia ser da seguinte forma: “O Medo não está dentro do amor, antes o verdadeiro amor lança para fora o medo; porque o medo possui dentro de si o castigo ou pena, e o que tem medo não é perfeito em amor”.
As palavras principais deste versículo são: FÓBOS e AGÁPE, ou, MEDO e AMOR. FÓBOS que é medo aparece quatro vezes, e AGÁPE que é amor (amor divino) aparece três vezes.
A ênfase é que o medo não está dentro do amor (FÓBOS UK ESTIN EM AGÁPE). Depois o texto enfatiza que o verdadeiro AGÁPE retira o medo da situação ou pessoa que está recebendo o AGÁPE. Então quando o AGÁPE age, o medo vai embora, é expulso.
Depois temos uma explicação sobre o motivo do medo não estar dentro do amor, é que o medo tem dentro de si o KOLASIN. O que é KOLASIN conforme o léxico GREGO: Κόλασις, εως = punição, castigo. Mt 25.46; 1 Jo 4.18.
O medo tem dentro de si a punição ou o castigo, e conforme o texto, o amor não pode ter dentro de si a punição ou o castigo. A palavra aparece também em Mateus 25.46 que diz: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”. No original é:
Καί άπελεΰσονται οΰτοι είς κόλασιν
αίωνιον οί δίκαιοι είς ζωήν αίώνιον.
Transliterado é: KAI APELEUSONTAI UTOI EIS KOLASIN AIONION OI DE DIKAIOI EIS ZWEN AIONION.
A palavra KOLASIN aparece aqui como um “tormento”, que é eterno. Este “tormento” é o castigo ou a punição. Um castigo ou punição produz um tormento, mas somente vem por motivo de um julgamento. Quando alguém tem um crime, tem um julgamento e tem sua punição. No caso do amor AGÄPE, encontramos a justificação para qualquer erro, que a Bíblia chama de GRAÇA, um favor imerecido. Ao encontrar no AMOR o perdão, temos então a destruição do medo da punição. O AMOR lança fora a punição, pois o perfeito amor é a confiança do AMOR de Deus pelo amado.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Romanos 7 - Quem é a pessoa deste capítulo?

Uma das grandes indagações ao ler o texto é sobre quem era o homem que Paulo se referia? Será que era uma pessoa que não tinha nascido de novo? Ou um crente carnal? Ou um crente normal? Ou crente que estava desviado? Enfim que tipo de pessoa era esta mencionada por Paulo. As outras questões que vem deste texto, já foram e são muito estudadas e pregadas por vários pregadores e teólogos. Whatchman Nee é um que fala muito especificamente sobre estes textos de Romanos 7 e 8, no seu livro que na verdade é um compendio, o Homem Espiritual. É interessante ler este livro, e ver as várias questões. Vamos ver algumas, e chamarei o nascido de novo de crente: O crente pode ter desejos pecaminosos em seu corpo físico? Será que o crente pode dizer que não tem desejos da carne ou pecaminosos? Os desejos da carne são pecado? O que é carne? Os desejos da carne e desejos do corpo são os mesmos? O que eu desejo é o que define o que eu quero? Será que um crente pode chegar a não ter desejos carnais? Será que Paulo estava falando dele como crente e apóstolo? São boas perguntas, e a resposta delas determinará a forma como abordaremos santificação e salvação. São respostas deste tema amplo que poderíamos chamar de natureza humana ou natureza humana remida por Jesus, que fizeram a igreja buscar o afastamento do pecado, dos desejos da carne, do corpo físico, como os mosteiros, os conventos, as normas de roupas e comidas, as normas de afastamento de tudo que pode provocar os desejos carnais. Vários movimentos cristãos tem se afastado da convivência com o mundo, formando até grupos fechados, vilas separadas, comunidades e até cidades com aqueles que querem ser “puros”, tudo por querer ser livre dos desejos da carne. É um desejo intenso de “castidade”, de buscar agradar ao Senhor. Mas o que agrada ao Senhor? É afastar-se do mundo? Deixar os perdidos pecadores morrerem em seu pecado, para não nos contaminarmos? Seria criar uma sociedade paralela perfeita que serve o Senhor, que não tem nenhum contato com o mundo, mundo este que pode morrer em seus pecados indo para o inferno? Seria do agrado de Deus, os crentes pararem de cuidar de seus corpos físicos, e deixarem o corpo morrer, ou ficar doente, ou até ficar bem debelitado, para se purificar? Seria do agrado de Deus, os crentes se preocuparem mais com sua própria salvação do que com a salvação dos outros? O que seria de Moisés que pediu para Deus riscar seu nome do livro da vida, se Deus não salvasse o povo de Israel? Será que Moisés desagradou a Deus, por amar tanto aquele povo, a ponto de estar pronto a perder tudo, até sua salvação? Ou será que Moisés cria tão profundamente na misericórdia de Deus, que ousou colocar-se entre o povo e a ira de Deus?
Neste texto não farei um estudo exegético, considerando as palavras originais, mas utilizarei nossa tradução que sem dúvida foi feita com muita dedicação e seriedade. Farei isto para mostrar que qualquer um pode fazer uma interpretação usando o contexto, mesmo sem o conhecimento das línguas originais.

O texto de Romanos 7 fala sobre este homem, mas nossa pergunta é quem é este homem? Vejamos o texto, dentro de seu contexto, e de sua totalidade:
(Romanos 7:1) - NÃO sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?
Paulo começa o texto falando que o “vós” são os irmãos, ou seja, os crentes, e ainda são crentes que não são ignorantes, pois conhecem a lei, que é a Bíblia, ou a Palavra de Deus. Então este escrito é para crentes nascido de novo. Toda vez que falar crente, neste texto será se referindo ao nascido de novo, que aceitou a Jesus e faz parte da Igreja. Estes aqui faziam parte da igreja em Roma.
Não veremos todo texto, que pode ser lido para ver os outros tópicos que já mencionamos. Mas veremos sobre o homem de Romanos 7.
(Romanos 7:4) - Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.
O texto continua e mais uma vez Paulo reafirma que está falando para crentes.
(Romanos 7:5) - Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.
Estes crentes que Paulo fala, estavam no passado na carne. E as paixões dos pecados operavam, no passado, em nossos membros.
(Romanos 7:6) - Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.
Agora Paulo diz que nós, os crentes, temos sido libertados da lei e (nós, crentes) tendo morrido para aquilo em que (nós, os crentes) estávamos retidos; para que (nós, crentes) sirvamos...
(Romanos 7:7) - Que diremos (nós, crentes) pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu (o apóstolo Paulo) não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.
Paulo faz uma pergunta para os crentes, e depois fala de algo que aconteceu em seu passado.
(Romanos 7:8) - Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado.
Operou em Paulo, que é crente, mas aqui pode estar falando de um período que ele não era crente, pois é no passado.
(Romanos 7:9) - E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri.
Paulo agora fala de algum tempo, mas não define este tempo, entretanto é no passado de Paulo, talvez no período que não era crente. É o mais provável e aceito a idéia que ele fala do passado sem Cristo agora. Mas para alguns poderia ser o tempo que Paulo era um crente carnal, mas quando foi isto na vida de Paulo? Quando ele foi um crente carnal como alguns dizem?
(Romanos 7:10) - E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.
Eu, Paulo achei ou pensei algo sobre o mandamento de Deus, no meu passado, este passado que Paulo diz.
(Romanos 7:11) - Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou.
Neste passado de Paulo, o pecado o enganou e o matou. Se fosse um crente carnal, então este Paulo carnal teria morrido e neste caso apostatado da fé. Bem então, parece que está mais ligado ao passado antes dele ser crente.
(Romanos 7:13) - Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.
Neste passado de Paulo, ele fala sobre a operação da lei para apontar o pecado.
(Romanos 7:14) - Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.
Paulo agora faz uma afirmação, que está no presente, e em todo tempo ele usa o verbo no passado para determinar as ações dos versículos anteriores. Então este “eu sou carnal”, é no presente, pois se fosse no passado, ele continuaria sua abordagem continuada no passado. Paulo, o crente, antes se vincula a igreja, falando para o “vós”, os irmãos que ele está escrevendo, quando ele usa “sabemos”.
(Romanos 7:15) - Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.
Agora mais uma vez Paulo continua com o verbo no presente, indicando que é ele naquele momento, não no antes, quando ele era um não convertido a Jesus, ou um carnal. Então este crente faz o que não aprova, e o que ele quer não faz, mas o que o que ele aborrece. Se Paulo aqui está dizendo que é um crente carnal, então ele não teria a autoridade, nem de estar escrevendo, pois seria carnal, no sentido de um crente sem compromisso com Deus, ou um crente que anda fazendo sua vontade carnal, e não tem compromisso com Deus. Este Paulo, que confessa fazer o que não aprova, mas também ele afirma que ele não quer fazer o que “não aprova” e o que “aborrece”, é sem dúvida um apóstolo comprometido com Jesus, e com a uma vida cristã santa.
(Romanos 7:16) - E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
Mais uma vez Paulo reafirma o que disse antes, fala duas vezes, como um testemunho claro de seu erro. E este é o apóstolo Paulo que está ensinando o corpo de Cristo, os crentes, a igreja em Roma, as verdades de Deus, mas ele fala que é ele, naquele momento que é o que “faz o que não quer”.
(Romanos 7:17) - De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.
Paulo continua sua narração no presente, e ainda acrescenta que “o pecado habita dentro dele – em mim.” A afirmação no presente é tão forte que ele usa a palavra “agora”, ou seja, neste momento chamado hoje, agora. É o Paulo no momento que escrevia esta carta. Não um Paulo no passado, ou num tempo que ele era um crente sem compromisso com Deus, e além disto a Bíblia nunca fala de um Paulo sem compromisso com Deus. Então afirmar que houve um Paulo carnal sem compromisso com Deus, é acrescentar a Bíblia uma interpretação que não tem em nenhum dela. Pelo contrário sempre fala de um Paulo comprometido, desde o dia que encontrou com Jesus, após cair do cavalo.
(Romanos 7:18) - Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
Mais uma vez Paulo utiliza o verbo no presente, se quisesse dizer que era no passado, o “velho homem”, ou o antigo “crente carnal”, ele usaria no passado o verbo, mas ele fala no presente. E ele usa “eu”, e “em mim”, para fixar que é ele mesmo, o apóstolo Paulo que era um servo reconhecidamente fiel ao Senhor, por toda igreja naquela época.
(Romanos 7:19) - Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.
Paulo, um crente fiel afirma que faz o que não quer, ou seja, em seu coração tem um desejo intenso de não pecar e servir ao Senhor, mas este crente fiel faz coisas que desagradam a Deus.
(Romanos 7:20) - Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
Este crente fiel afirma que o “pecado habita nele”, e é um crente com projeção no Corpo de Cristo, na verdade, um dos principais pastores da época.
(Romanos 7:21) - Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
Mais uma vez este crente fiel diz que ele vê uma lei que traz o “mal” para ele.
(Romanos 7:22) - Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
Aqui podemos chamar atenção, que mesmo com este “mal” e estas atitudes de fazer o “mal”, que notóriamente, este Crente fiel, não quer fazer, ele tem “prazer” na lei de Deus. Esta é outra lei, não é a mesma que leva este crente fiel para o mal. Então temos duas leis operando no crente fiel. E esta lei que tem “prazer na lei de Deus”, é no momento chamado hoje, ou seja, no presente, não no futuro. Não é uma promessa para o futuro, pois se fosse o verbo viria no futuro, mas é uma realidade do presente, deste crente fiel, chamado apóstolo Paulo. Que esperança!
(Romanos 7:23) - Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.
Agora Paulo, o crente fiel que estamos verificando, pois Paulo se identifica claramente com toda igreja, nesta situação que ele vive, afirma que a “lei do mal” está nos membros dele. Paulo não tem membros crentes nele, então não são pessoas, são os membros físicos mesmos, o corpo físico. Então no corpo físico do crente fiel, tem uma lei contrária a lei de Deus, que pode operar. Mas no entendimento dele, o crente fiel, tem uma lei que batalha contra a “lei do mal”. Então o entendimento é fundamental para vencer a “lei do mal”. Não podemos reter o entendimento.
(Romanos 7:24) - Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
O crente fiel, apóstolo Paulo, diz que é um “miserável”. Misericórdia é uma palavra do português, mas tem sua origem no latim, em duas palavras: miserere e cordis – “miséria e coração”, ou “a miséria do coração”. Quando pedimos misericórdia, estamos falando da miséria de nosso coração. Então Paulo não se afasta muito da realidade aceita por todo cristão em todas as épocas, a de reconhecer que temos uma “miséria”, ou uma “pobreza de espírito”, como diz nas bem-aventuranças de Jesus, ou “uma falta imensa” de capacidade para fazer a obra de Deus, ou de ser um “filho de Deus”. Sem dúvida, sem ter alguém que nos livre do “corpo desta morte”, em nós, não existe possibilidade para viver sob a “lei de Deus”.
(Romanos 7:25) - Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.
A pergunta de Paulo, o crente fiel, é respondida de forma clara e objetiva: “Quem?” Quem livra o crente fiel é Jesus Cristo nosso Senhor, enviado por Deus Pai. E somente “graças” ao Pai, que podemos ser livres do “corpo desta morte”. E o crente fiel, Paulo, termina este parágrafo de sua carta com uma afirmação, antes de falar da fenomenal verdade de que a “lei de Deus”, chamada a “lei do Espirito e da Vida”, é maior que a lei do “pecado e da morte”, isto ele fará em Romanos 8. Sua afirmação é que o crente fiel por meio de seu entendimento serve a lei de Deus, mas através de sua carne ele serve a lei do pecado. Isto então é para o crente fiel. Então surge uma grande pergunta: “O que é carne?” Isto é outro estudo, o importante neste estudo é confirmar que o “quem” do capítulo 7 é um crente fiel, não um incrédulo ou um crente carnal.

Romanos 16:17, I Coríntios 5: 9 a 13; e II João – O Princípio da Separação

Versículos e textos bíblicos comentados :

Romanos 16:17, I Coríntios 5: 9 a 13; e II João – O Princípio da Separação


Romanos 16:17 e I Coríntios 5: 9 a 13 – O Princípio da Separação
Estes dois textos tem sido muito usados para promover o afastamento de “irmãos” na igreja. Porque dois versículos são mais fortes que uma multidão de versículos que promovem a reconciliação, o amor entre os irmãos, a unidade? Será que estes versículos são a base do evangelho, ou apenas uma ponta? Porque pessoas insistem em apontar mais para a separação do que para a união? Será que é o medo de ser influenciado e assim perder a salvação, mas que arriscar para ajudar alguém? Vamos estudar estes dois textos, començando por Romanos 16:17:
“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Será que o Senhor inspirou o apóstolo Paulo para produzir um texto que promoveria divisão e afastamento de irmãos? Será que o objetivo deste texto é afastar os que “promovem divisões e escândalos”? Seria para proteger os que têm a “doutrina”? Ou seria para proteger a “doutrina”? Boas perguntas talvez sem resposta, mas com certeza sempre o objetivo das Escrituras Sagradas é aproximar o homem mais de Deus.
Temos algumas traduções do versículo:
Almeida Corrigida Fiel (ACF): “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Corrigida (C): “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Revista e Atualizada (A): “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles”.
Linguagem do dia de Hoje (LdH): “Meus irmãos, peço que tomem cuidado com as pessoas que provocam divisões, que atrapalham os outros na fé e que vão contra o ensinamento que vocês receberam. Afastem-se dessas pessoas”.
Nova Versão Internacional (NVI): “Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles”.
O texto no original de Romanos 16.17 diz:
Παρακαλϖ δέ ΄υμάς ΄αδελφοί σκοπεϊν τούς τάς διχοστασίας καί τά σκάνδαλα παρά τήν διδαχήν ΄ήν ΄υμειίς ΄εμάθετε ποιοϖντας καί ΄εκκλίνατε ΄απ΄ αύτϖν.
Transliterado diz:
PARAKALO DE HUMAS ADELFOI SKOPEIN
TUS TAS DIKHOSTASIAS KAI TA SKANDALA PARA TEN DI-
DAKEN EN HUMEIS EMATHETE POIUNTAS KAI EKKLINATE AP’
AUTON.
A palavra principal para ser analisada é EKKLINATE que vem do verbo EKKLINO que conforme o dicionário é: Έκκλίνω = desviar-se, separar-se. Rm.16.17; 1 Pe 3.11; Rm 3.12.
Fica claro que o conselho é desviar ou separar-se dos que “promovem divisões e escândalos contra a doutrina”. A outra palavra importante é ADELFOI que significa “irmão”. Esta palavra determina o tipo de pessoa que deve ser observada, pois são os “irmãos” que devem notar os que estão no meio da igreja. É uma referência a “irmãos”, ou seja, cristãos, ou ainda pessoas que são parte da igreja, pessoas nascidas de novo. Neste caso “afastar” ou “desviar”, ou ainda “separar-se” de pessoas que não são cristãs, porque elas promovem divisões e escândalos contra a doutrina, ou seja, contra a mensagem que a igreja prega, não está sendo apoiado pelo texto. O texto de 1 Coríntios 5:10 é claro sobre este assunto: (I Coríntios 5:10) – “Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo”. O único assunto a ser discutido neste texto é o “afastamento” de “irmãos” que produzem “divisões e escândalos”, contra a mensagem ensinada, ou a doutrina. Qualquer cristão que se afastar do mundo, porque o mundo persegue, difama, aprisiona, promove divisões até conscientes para destruir a igreja, não pode se apoiar neste texto para deixar estas pessoas. Se o mundo “ataca” a igreja, isto é parte da normalidade da vivência cristã, pois assim fizeram contra o Senhor Jesus, e assim farão contra todos que seguem Jesus. Jesus, no entanto, ordenou o IDE ao mundo.
A mesma palavra para desviar ou separar em Romanos 16:17, estão em 1 Pedro 3:11 e Romanos 3:12, vejamos os textos:
(I Pedro 3:11) - Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a.
É bem interessante que o apartar do mal é a mesma palavra para apartar do provocador, mas o verso também segue “faça o bem, busque a paz e siga-a”, isto sem dúvida é o conselho para ajudar os que são afastados, cortados, ou separados.
(Romanos 3:12) - Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
Todos que se apartam. Aqui vemos a mesma palavra demonstrar que a pessoa pode se separar, por decisão própria.
O tipo de pessoa que promove “divisão e escândalo” é especificado no próximo versículo: (Romanos 16:18) – “Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples”. Então estas pessoas mesmo sendo da igreja, estão enganadas pensando que servem a Deus, entretanto o texto diz que eles servem a si mesmo. Outra característica destas pessoas é utilizar de palavras suaves e lisonjeiras para enganar. Sem dúvida é importante determinar características para estes provocadores. Mas dois outros tópicos são importantes de determinar: quem deve notar os provocadores e qual é a doutrina ensinada.
Quem deve notar são os “irmãos”, isto significa todos da igreja, e não é uma prerrogativa dos lideres, portanto qualquer cristão tem esta autoridade. Um líder pode também estar promovendo a divisão e o escândalo.
Qual é a doutrina? Conforme o texto é a distorção da doutrina o elemento motivador que promove o afastamento dos promovedores do resto da igreja. Então descobrir qual é a doutrina ensinada é fundamental para descobrir a distorção. A doutrina que aprenderam é uma citação sem definição especifica no texto, apenas é uma citação a tudo que é ensinado pelo evangelho de Jesus Cristo. Então a determinação da doutrina pode ser algo muito contraditório, pois existem sempre várias correntes teológicas sobre vários temas. Portanto separar-se de alguém que é considerado um provocador, deveria ser apenas em casos muito escandalosos, e para aqueles que realmente têm atitudes contra o evangelho de Jesus. Quando alguém afirma ser o “dono” da doutrina pura, pode-se até considerar esta pessoa uma pessoa que pode ser o provocador, pois o orgulho é uma marca dos provocadores.
Temos outro texto que trata da separação de provocadores, é o caso do homem que promoveu um escândalo sexual com sua mãe, que talvez pode ter sido sua madrasta. O Apóstolo Paulo foi muito direto com a situação, e temos a determinação de separação na carta aos Coríntios. (I Corintios 5:1) – “GERALMENTE se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai” A continuação do texto trata da separação:
(I Corintios 5:9) - Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;
(I Corintios 5:10) - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.
(I Corintios 5:11) - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
(I Corintios 5:12) - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?
(I Corintios 5:13) - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.
Encontramos aqui o único exemplo real de uma separação na igreja, que poderia ser considerado uma exclusão. Este sem dúvida produziu um escândalo. Mas existe outros casos que podem ter produzido divisões, como outros casos citados por Paulo.
O texto de Coríntios fala sobre que este tipo de atitude não está ligado com pessoas do mundo, os que não são cristãos verdadeiros, na verdade chega a fazer uma lista de não cristãos com erros considerados muito ruins até para os padrões normais do mundo atual: “Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.”
Então mais uma vez estamos com uma atitude de separação que pode ser usada com um objetivo, mas qual é o objetivo da separação na igreja? Seria para castigar o promovedor? Para proteger a Igreja? E o castigo teria qual o objetivo, caso seja o objetivo? Um castigo para vingar o pecado? Mas a vingança não pertence ao Senhor? O castigo não seria como um “castigo da vara da correção” para corrigir o pecador? E quando alguém usa um castigo que traz dor, como a vara, o aplicador deixa de conversar ou demonstrar o amor para com seu filho castigado? Fustigar a vara com ira, não é algo condenado pela própria palavra de Deus?
Se o texto de I Coríntio 5 é usado para promover a separação de algum membro da igreja, ou cristão, então a continuação do que aconteceu com o separado deve ser considerada. Na segunda Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo diz: (II Coríntios 2:5) – “Porque, se alguém me contristou não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos. (II Coríntios 2:6) - Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. (II Coríntios 2:7) - De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. (II Coríntios 2:8) - Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor”.
A importância da preocupação com a pessoa que está sendo separada por motivo de um pecado escandaloso, ou de divisões na igreja, que não tem sido permitido ajuda do provocador, é extremamente necessária. Aqui o Apóstolo Paulo demonstra que existe um acompanhamento para que o separado não seja consumido pela tristeza da separação. Então se alguém produz separação e isto está consumindo o separado, a separação não está produzindo o resultado que é desejado por Deus. E se o castigado não é acompanhado em seu momento de separação, esta separação será destruidora e não restauradora. A destruição do provocador ou do separado é um objetivo que não vem do amor de Deus, vem do diabo, pois Deus quer restaurar, não destruir. A busca pelo perdão e consolo é o objetivo final. Não a destruição pela tristeza. Se alguma separação tem o objetivo de destruir o separado, esta separação não vem de Deus, vem do inimigo de Deus, que veio para matar, roubar e destruir. Deus veio para perdoar e consolar conforme o próprio texto estudado.
Vejamos as palavras nos textos originais do grego coinê, dos dois textos de Coríntios:
(I Corintios 5:9) - Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; (I Corintios 5:10) - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. (I Corintios 5:11) - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. (I Corintios 5:12) - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? (I Corintios 5:13) - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.
dizendo-se irmão – v.5:11
O texto no original como veremos abaixo é ADELFOI como é usado em Romanos. O texto em Coríntios diz que este provocador se diz irmão, e ele será tratado como irmão, conforme o texto, pois somente Deus é que poderá determinar quem é irmão e quem não é irmão. O verso 13 diz que Deus julga os de fora sobre o pecado e salvação, mas a igreja julga sobre erros dos membros da igreja, mas isto não significa que a igreja faz o julgamento sobre a salvação deste membro, ou de qualquer um. É apenas para a disciplina na igreja, para o testemunho diante do mundo, e para proteção da igreja e do próprio provocador.
No original 1 Cor. 5.9 a 13

9 ̓έγραψα ͗υμϊν ̓εν τή ̓επιστολή μή συναναμίγνυσθαι πόρνοις. (EGRAPSA ÜMIN EM TEH EPISTOLEH MEH SÜNANAMIGNÜSTHAI PORNOIS)
10 καί ού πάντως τοϊς πόρνοις τοϋ κόσμου τούτου ̓ή τοϊς πλεονέκταις ̓ή ̓άρπαξιν ͗ή ε͗ιδωλολάτραις ͗επεί ̓ οφείλετε ̓άρα ̓εκ τοϖ κόσμου ̓εξελθεϊν. (KAI HOÜ PANTÖS TOIS PORNOIS TOÜ KOSMOÜ TOÜTOÜ Ë TOIS PLEONEKTAIS Ë ÄRPAKSIN Ë EIDÖLOLATRAIS EPEI OFEILETE ÄRA EK TOÖ KOSMOÜ EKSELTHEIN).
11 νϋνί δέ ͗έγραψα ύμϊν μή συναναμίγνυσθαι ͗εάν τις ͗αδελΦός ͗ονομαζόμενος ͗ή πόρνος ͗ή πλεονέκτης ͗ή ε͗ιδωλολάτρης ͗ή λοίδορος ͗ή μέθυσος ͗ή ͗άρπαξ τώ τοιούτώ μηδέ συνεσθίειν. (NÜNÍ DE EGRAPSA HUMIN MË SÜNANAMIGNÜSTHAI EAN TIS ADELFOS HONOMAZOMENOS HË PORNOS HË PLEONEKTËS HËS EIDÖLOLATRËS HË LOIDOROS HË METHÜSOS HË ARPAKS TÖ TOIOÜTÖ MËDE SUNESTHIEIN).
12 τί γαρ μοι καί τούς ͗έξω κρίνειν ο͗υχί τοΰς ͗έσω ͗υμεϊς κρίνετε. (TI GAR MOI KAI TOÚS HEKSÖ KRINEIN OÜKHI TOUS HESÖ HÜMEIS KRINETE).
13 τοΰς δέ ͗έξω ͗ο Θεός κρινεϊ καί ͗εξαρεϊτε τόν πονηρόν ͗εξ ͗υμϖν α͗υτϖν. (TOÚS DÉ HEKSÖ HO THEOS KRINEI KAI EKSAREITE TON PONERON EKS HÜMÖN HAÜTÖN).
não vos associeis com os que se prostituem – v. 5:9
não vos associeis com aquele – v.5:11
Nos dois versos a palavra é a mesma: συναναμίγνυσθαι, que transliterado é: SÜNANAMIGNÜSTHAI e conforme o léxico é: Συναναμείγνμι (SUNANAMEIGNMI) = misturar com, pass. Unir-se ou associar-se com – 1 Co 5.9,11; 2 Ts 3.14.
Misturar, unir, e associar, e vemos a mesma palavra em 2 Ts. 3.14 =
(II Tessalonicenses 3:14) - Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.
Verificamos então o mesmo ensinamento de separação de alguém que não obedece, ou seja, é um tipo de rebelde. Entretanto temos aqui em Tessalonicenses duas realidades. A primeira é que objetivo da não associação, ou união, ou ainda mistura, é para que o separado sinta vergonha. A vergonha é um sentimento que somente pode acontecer em alguém que sente que errou e foi exposto. O segundo é o texto seguinte: (II Tessalonicenses 3:15) – “Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão”. Este texto mostra que este cristão ou irmão em Cristo, não deve ser tratado ou considerado um inimigo, mas tratá-lo como um irmão. Este texto então se aplica ao acontecimento de Coríntios e também Romanos. O provocador que foi separado não é um inimigo, mas um irmão que precisa de ajuda, se não for irmão, não pode ser separado ou “cortar” qualquer contato com ele, pois todos os não cristãos são pessoas que Deus deseja alcançar.
Vemos em Romanos e em Coríntios as duas atitudes básicas da separação: separar – que significa uma atitude de afastamento para com o provocador, e não associar – que significa uma atitude de afastamento do grupo. Entretanto é importante sempre observar que o objetivo é a restauração, não a destruição do separado. Estes textos têm sido muito usados para determinar o que é chamada pela igreja institucional de exclusão. Contudo qual tem sido o objetivo da separação? E como tem sido a proteção do separado?
Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo – v. 5:13
A palavra “Tirai” é EKAIRO, que significa: Εξαίρω = Remover – 1 Co 5.13; 5.2 v.1.
Esta palavra também está em (I Coríntios 5:2) – “Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação”. Tirar é remover, ou fazer que o separado esteja fora da comunhão da igreja. Mas isto significa não poder mais conversar com esta pessoa? Não poder mais conversar com ela? O texto não determina isto, e nenhum texto dá este tipo de permissão a igreja. Ele apenas orienta a separação, mas não uma atitude de desprezo e menosprezo.
O segundo texto analisado é:
(II Coríntios 2:5) – “Porque, se alguém me contristou, não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos. (II Coríntios 2:6) - Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. (II Coríntios 2:7) - De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. (II Coríntios 2:8) - Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor”.
No original o texto transliterado de II Cor. 2: 5 a 8 é:
5 EI DE TIS LELÚPËKEN OÚK HEME LELÜPËKEN HALL HAPO MEROÜS HINA MË HEPIBARÖ PANTAS ÜMAS.
6 HIKANON TÖ TOIOÚTÖ HË HEPITIMIA AÜTË HË HÜPO TÖN PLEIONÖN.
7 HÖSTE TOÜNANTION MALLON HÜMAS KHARISASTHAI KAI PARAKALESAI MËPÖS TË PERISSOTERA LÜTË KATAPOTHË HO TOIOÜTOS.
8 DIO PARAKALÖ HÜMAS KUROSAI EIS AÜTON AGAPEN.

A palavra mais importante deste texto é a última: AMOR, e Paulo roga. Paulo roga para que a igreja confirme para com o separado o AMOR. Amor aqui é AGÁPE, o amor sacrificial, o amor de Deus para com o homem.
Qual o princípio da separação? É o amor, a vingança, o medo, ou o desprezo? Sem dúvida é unicamente o AMOR.

O Princípio da Separação em II João
(II João 1:5) - E agora, senhora, rogo-te, não como se escrevesse um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros.
Mais um texto para analisar o princípio da separação depois que já estudamos em Romanos 16 e 1 Coríntios 5 este princípio. Assim como fizemos com os dois outros textos, vejamos no original este texto que o apóstolo João escreveu para uma presbítera como está no original, ou uma senhora (anciã) que aparentemente cuidava de uma igreja, era uma “eleita” para algo, talvez somente uma referência a sua salvação, ou para a sua liderança.
Antes de João falar sobre o tema abordado, que é “separação”, ele fala sobre o amor. Como o assunto da separação não é o assunto principal do texto, mas apenas uma parte, nós não podemos desvincular o assunto principal que o apóstolo João aborda, que é o amor, e na verdade nunca compreenderemos a “separação”, sem o amor. Biblicamente podemos tirar uma conclusão que antes de falar sobre a “separação”, é importante aprender sobre o amor, e muito mais é importante “andar no amor”, como João disse: “E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele”. (II João 1:6) O mandamento que João disse é o amor. Que amor é este mencionado neste versículo? A palavra é AGÁPE, o amor de expressão divina, diferente de “amor fraternal” (FILEO) ou “amor físico” (EROS). No versículo, o apóstolo João usa também a palavra “princípio”, ou seja, “início”, que é a palavra ARCHÊ, a mesma palavra usada por ele no evangelho quando disse que no “princípio” era o Verbo, ou a Palavra (LOGOS). Este “princípio” ou inicio é no começo de tudo, quando Deus criou os céus e a terra, e o homem. Então este mandamento é o fundamento de todos mandamentos, é a base de como devemos andar. Então não podemos continuar no ensinamento que João passou a dar para os cristãos, através da senhora eleita, se não entendermos o que é andar em amor (AGÁPE). Portanto antes de pensar nos assuntos secundários dos próximos versículos, vamos sempre usar o amor como o “padrão” para o entendimento deste ensino de João. Tudo que impede ou luta contra o amor, impede a compreensão da “separação” mencionada no texto.
Então surgem algumas perguntas do texto que veremos abaixo: Há algum amor em separar-se de outra pessoa? Deus tinha o propósito de dividir a igreja entre os crentes santos e os crentes não santos ou crentes que são enganadores? Seria amor separar os enganadores? Quem são os enganadores? Quem pode definir quem são os enganadores? Qual é a característica ou características dos enganadores que este texto diz? Podemos aplicar este texto a todo que não concorda conosco ou com nossa igreja? Qual é a doutrina de Cristo? Quem vai determinar ela? Quem tem a doutrina pura de Cristo?
(II João 1:7) - Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo.
Este enganador está sendo definido de uma forma muito clara: Ele é o que não confessa que Jesus Cristo veio em Carne. Então qualquer um que confessa não é este enganador ou o anticristo, como depois foi acrescentado. Uma pessoa que confessa ou reconhece que Jesus é aquele que veio em carne, não pode ser classificado nesta classe, nem nas próximas regras de separação. Estes enganadores entraram no mundo (KOSMOS), não estão especificamente na igreja, mas atuam na igreja.
A palavra grega para “enganador” é PLÁNOI, que significa: “enganador, impostor”, e é usado em também em Mt. 27.63; e 2 Co. 6.8. Vejamos os textos:
(Mateus 27:63) - Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei. Aqui os Fariseu e Saduceus usaram a mesma palavra para definir a Jesus, chamando-o de enganador. Por isto, podemos concluir que a definição clara, é a usada por 2 Jo. 7, não a de alguém que não concorda conosco, ou que prega algo que não cremos. Todos nós sabemos que Jesus não era um enganador, mas os religiosos intitularam Jesus, pois não concordavam com ele. Quantos infelizmente fazem isto na igreja? Devemos ter muito cuidado em classificar uma pessoa de enganador, e utilizar este texto para “cortar” o contato com pessoas. Os Fariseus e Saduceus fizeram isto com Jesus, e estavam enganados.
(II Corintios 6:8) - Por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; Agora é Paulo que diz que eles assim como outros pregadores do evangelho podem estar sendo chamado de enganadores, mesmo sendo verdadeiro. Isto mostra como a igreja pode se enganar, pensando que alguns são enganadores, quando não são, por isto vamos nos limitar apenas a definição de 2 João 7. Não vamos aumentar o sentido de enganador para englobar as pessoas que não gostamos aquelas que consideramos problemáticas, que não concordam conosco, aquelas que se desviaram, que nos feriram ou magoaram, que dividiram a igreja, ou outra classe que queremos incluir. Vamos ficar apenas no que o texto de 2 João 7 diz.
Outro fator a ser verificado é que estes “enganadores” entraram no “mundo”, que é KOSMOS, no grego. Aqui não define que estes enganadores, estão na igreja, mas sim que estão no mundo. A questão de estar na igreja pode ser ampliada, mas não definida como única realidade. O mundo aqui pode ser no sentido de toda sociedade humana, ou de sociedade humana sem Deus. Como não é uma definição específica, não vamos definir, mas abrir para a possibilidade de ter ou não ter pessoas que são da igreja.
Em 2 João 8 o texto continua: Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão. O apóstolo João continua falando para que os crentes, os nascidos de novo, que ele está escrevendo a carta, ou seja, a igreja, não perca o que tem ganhado. É uma advertência antes de falar do assunto que estamos abordando, que é a separação. E esta sempre será a advertência antes de “separar”, qualquer pessoa, olhe primeiro para você, antes de ver o engano nos outros. E nunca se esqueça do mandamento maior que é o amor, antes de decidir “separar” alguém.
Agora em 2 João 9, o apóstolo João diz: Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Esta afirmação segue a admoestação de estar julgando a si mesmo, e é uma continuação desta fala, quando João adverte que para ser de Deus, o cristão precisa perseverar na doutrina de Cristo. E a doutrina de Cristo, é aquela que ele está defendendo de forma ampla acima. A única doutrina específica mencionada neste texto até agora é o mandamento que desde o princípio foi ensinado, ou seja, o mandamento de amar. Seria esta a verdadeira doutrina de Cristo que João está se referindo. Não podemos incluir aqui nesta “doutrina de Cristo”, os credos denominacionais, ou as doutrinas defendidas por movimentos cristãos, temos que ficar dentro do texto. Poderiamos ampliar apenas para uma compreensão maior, de que “doutrina de Cristo”, é a doutrina acerca de Cristo, ou seja, que o Cristo veio a este mundo em carne. Porque veio? Veio por que Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna.
Definir doutrina de Cristo, como as doutrinas de uma determinada denominação, igreja ou grupo cristão é “forçar” o texto. A única forma de interpretar é usar o que o texto está falando.
Chegamos agora a 2 João 10 e 11 que diz: Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras. Agora estamos diante do texto que realmente estamos abordando neste texto, e trata da “separação”. A pessoa aqui é citada como “alguém”. Este “alguém” no original é TIS, que é um pronome indefinido: “qualquer um, alguém”. Não existe uma definição de quem é esta pessoa, pode ser da igreja ou de fora da igreja, mas sem dúvida é alguém que traz uma “doutrina” parecida com a de Cristo. Então este “alguém” está em contato com a igreja, e quer introduzir uma doutrina que não é a de Cristo. Este “alguém” pode ser ligado apenas ao “enganador” dos versículos acima. Alguém que traz um tipo de doutrina que retira a verdade da encarnação de Jesus. Paulo em 2 Tim 3.16 diz que Jesus é “aquele que foi manifesta em carne” e em várias outras declarações Paulo afirma que Jesus veio em carne. Sabemos historicamente que João estava se referindo a falsa doutrina do docetismo que negava a realidade da carne, assim como o gnosticismo que defendia que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação era apenas aparente. Estas linhas de pensamento se formaram no primeiro século e foram se manifestar com grupos no segundo século. Estas eram doutrinas que não participavam da “doutrina” de Cristo, pois negava o amor da vinda do Filho de Deus ao mundo. Quando se nega que Jesus veio em carne, se nega o amor de Deus, em ter se tornado um homem, morrido e ressuscitado.
O texto fala que este “alguém” estava vindo para introduzir uma doutrina falsa. Este “Vir”, no original é ERKHOMAI e significa “vir a público, aparecer, vir perante a”. Vemos agora que este “alguém” vem de forma publica ou decidida para trazer esta doutrina que vai contra a doutrina de Cristo, ou seja, a doutrina do Amor de Jesus Cristo, que veio em Carne para salvar a humanidade. Não podemos aumentar o “alguém” para incluir todos que são indesejáveis. Devemos na verdade restringir somente ao que diz o texto, para poder ter a possibilidade de não separar de ninguém, e ter a oportunidade de levar todos ao arrependimento.
Podemos então chegar à conclusão que a verdadeira doutrina de Cristo é o amor de Deus sendo derramado por meio de Jesus, o seu Filho que veio ao mundo em carne, ou em forma humana, com um corpo físico, morrendo numa cruz para ser nosso substituto, pagando o preço do pecado da humanidade, e posteriormente ressuscitando dentre os mortos, com um corpo e como um homem, e oferecendo a salvação a todo homem que crer para ser como Jesus, amando a Deus sobre todos, e ao próximo como a si mesmo. A doutrina de Cristo não é o credo de uma denominação, ou de um grupo cristão como já falamos, não é nada que não seja o que é de fato a mensagem do evangelho. Muitos querem colocar usos e costumes culturais como a doutrina de Cristo, ou colocar correntes teológicas sobre escatologia, soteriologia, eclesiologia, e bibliologia como a doutrina de Cristo, e não são. Aqui a doutrina de Cristo para determinar o “enganador” tem que ser o texto que o versículo está inserido.
Considerando todo contexto já mencionado acima da compreensão da doutrina de Cristo, do “alguém”, ou do “enganador”, podemos analisar o ensinamento de João sobre a separação da pessoa que traz uma doutrina diferente que não confessa que Jesus veio em carne, ou nega o amor de Deus para com os homens. Como deve ser a separação com esta pessoa? Vejamos as palavras no original: “... não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” = MÉ LAMBÁNETE AUTON EIS OIKIAN KAI KHAIREIN AUTO MÉ LEGETE. HO GAR LEGON AUTO KAIREIN KOINONEI TOIS ERGOIS AUTOU TOIS PONEROIS.
Então o texto utiliza a palavra LAMBANETE que significa: “receber, tomar, pegar, apossar-se”. O sentido desta palavra é maior que deixar entrar em sua casa, está ligado a não fazer desta pessoa um morador de sua casa. A palavra KHAIPEIN significa: “saudar, dizer bom dia ou como vai?”. Então é muito claro que realmente a recomendação apostólica para os que trazem uma doutrina contrária a doutrina de Cristo é muito forte. João realmente ordena que em suas casas ou “lares” não seja recebido estas pessoas, e também não seja saudado. Cremos que podemos parar por aqui, não acrescentando nenhuma outra forma de separação. E, além disto, é necessário que o “alguém” seja muito bem encaixado no contexto do texto de 2 João.
A Igreja deve acima de tudo enfatizar o amor que reconcilia e aproxima de todos, muito mais que a separação. Os poucos textos que falam de separação de pessoas deveriam ser os menos enfatizados, e apenas utilizados em casos extremos e muito bem julgados por uma liderança séria e descomprometida com a situação. Muitas vezes lideranças da igreja que foram ofendidas, ou diretamente afetadas por pessoas são os juízes que determinam o tal “alguém”, o que conforme os juristas é algo inaceitável. Tudo deveria ser feito para aproximação e reconciliação, além da necessidade de evangelização de “alguéns” que podem ser parte deste grupo considerado “perigoso” pelo apóstolo João. O termo final é KOINONIA, traduzido como “tem parte”. João diz que quem recebe este “alguém” tem comunhão com as obras más deste “alguém”. Portanto demonstra uma unidade com esta pessoa. Em nenhum momento João demonstra que devemos perseguir este “alguém”, ou que devemos “ser mal educados”, “intolerantes”, “tenhamos ódio deles”, “desejemos o mal para eles”, ou ainda que “os amaldiçoemos”. Isto é contra a fé cristã, e o amor Cristão. Por isto apenas nos limitamos às duas recomendações de João, e que seja a última situação.
No fim de tudo, podemos lembrar que o Amor é à base de tudo, não existe separação promovida pelo ódio, vingança, antipatia, medo, falta de perdão, ameaça, ou qualquer outro sentimento e motivação que não nos aproxime do amor. O amor encobre multidão de pecados, e “vira o rosto ao ofensor”. Amai, não separai, mas se for separar, ainda amai na esperança da reconciliação e arrependimento.
Terminando estes textos abordados neste tema que intitulamos de “princípio de separação”, reafirmamos que estes textos foram escritos para chamar a atenção da liderança para a necessidade de cuidar do povo de Deus. Entretanto toda ação de disciplina ou de orientação deve ser feita em cima do amor cristão, esperando que os afetados serão restaurados e que em breve a separação terminará.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Elementos que podem relegar uma igreja a perder seu sentido de existir

A igreja perde seu sentido de existir, quando perde seu propósito de existir. O autor do livro Um Igreja sem Propósitos coloca alguns elementos que foram encontrados nas sete igrejas do apocalipse, e que podemos destacar como elementos que relegam a igreja a sua inexistência. Encontrei cinco elementos principais: Prostituição com os deuses pós-modernos, tolerância com a libertinagem, a dupla personalidade da igreja (duas caras), a falta de identificação com Deus, e a perda do primeiro amor. A igreja que tem estes elementos perde seu propósito de existir, e começa a produzir três situações: Suicídio espiritual, a acomodação, ou amoldar segundo o mundo. Como a igreja não foi chamada para ser uma organização formal, como um clube, uma empresa, ou uma sociedade não governamental, a perda do propósito fundamental de ser o Corpo de Cristo na terra, leva também a sociedade e os indivíduos a perder a relevância da igreja. Se a igreja não dá seu valor, ou não sabe seu valor verdadeiro, limitando-se a ser uma ONG defensora dos direitos humanos ou uma sociedade religiosa sem fins lucrativos, o mundo também não saberá o que é a igreja.
Chegamos então ao ponto fundamental do propósito da igreja, o que ela é, e não o que ela faz. O que ela é ditará o que ela faz, mas suas obras não salvarão a humanidade. A salvação é pela fé, e a igreja deve ser a demonstração da graça de Deus aos homens. Nós somos a Bíblia que o mundo lê, somos o “verbo” que se faz carne no meio do mundo. A relevância que teremos será a relevância que damos a grande comissão que Jesus nos deu. Ide e fazei discípulos, esta é nossa parte no Missio Dei. Se a igreja não assumir seu papel fundamental tudo será muito parecido com o que o mundo tem, se ela assumir seu propósito nós seremos a “loucura do evangelho” que o mundo admira.
Entretanto para descobrir ou redescobrir o grande propósito da igreja, temos que trabalhar com os cinco elementos que citei. Voltemos ao primeiro amor, e nos identificaremos com o Pai. Identifiquemos-nos com o Pai, e teremos uma personalidade firme. Com esta personalidade firme não toleraremos a libertinagem. E com o fim da libertinagem destruiremos os deuses pós modernos. Assim seremos o “povo mais feliz da terra”, e nosso valor aparecerá.