sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ferramentas para o Processo de Condicionamento Psicológico de Grupos de Conduta Coletiva


:
No Processo de Condicionamento Psicológico encontramos `ferramentas´ que podem ser usadas de forma consciente ou inconsciente, mas são identificadas na prática.
Utilização de Ferramentas Psicológicas para Condicionar um comportamento de grupo, que é direcionado por uma liderança. Este condicionamento pode ser consciente ou inconsciente como dissemos.
O condicionamento consciente é baseado em estudos e técnicas aplicadas por profissionais, que orientam ou supervisionam a aplicação das ferramentas. Neste caso existem grupos que utilizam conscientemente estas ferramentas, e podem ser motivados por conceitos considerados bons ou maus. Os bons consideram que estão fazendo o bem para as pessoas, os maus são claramente egoístas, e estão convictos que estão apenas utilizando das pessoas para alcançar seus objetivos. Aqui novamente podemos ter objetivos positivos e negativos. Os positivos podem considerar que os “fins justificam os meios”, e neste caso procuram um resultado positivo para o grupo, mesmo provindo de um processo negativo, o que nos leva a repensar o que é positivo. Realmente é positivo o resultado, quando O processo é ruim? No pensamento cristão isto é o mal, não podemos usar pessoas para produzir resultados positivos. Mesmo que sejam positivos os resultados, o caminho que foi traçado não é o padrão de Deus. Então não podemos usar o mal para produzir o bem, pois do mal não vem o bem, somente Deus pode “transformar” o mal em algo que é bom, pois em sua misericórdia, Ele “conserta” ou “acerta” o fim. Já os negativos são claramente os resultados somente para os que utilizaram as ferramentas, e os “usados” ficam sem nenhum ganho.  Podemos ter objetivos positivos com um processo positivo, e resultados positivos.
O condicionamento inconsciente, eu creio, e quero crer, é a maior parte dos que utilizam estas ferramentas. São usados e usam. Ou seja, utilizam daquilo que já é utilizado neles de alguma forma por outros, ou por alguma ação espiritual. Nunca podemos como cristãos esquecer que por traz das ações humanas tem influencias espirituais, que deveriam ser as provindas de Deus, mas muitas vezes tem como origem o mal, o diabo e seus seguidores. A não crença no mal como seres espirituais é também uma forma de ser usado por eles. Eles sejam os imateriais, ou os materiais que são os “servos” usados, estão empregados de uma consciência das ferramentas, mas os usados finais podem ser inocentes neste quisito. Como disse usam, pois são usados, e usam sem saber que estão usando.
A Utilização de Ferramentas Psicológicas para Condicionar um comportamento, é parte do condicionamento de um grupo ou de um indivíduo. Estou relacionando algumas ferramentas que são utilizadas de forma consciente ou de forma inconsciente por grupos considerados como seitas. Contudo tenho de afirmar que o condicionamento não é um formato somente de seitas, o que verificamos é que seitas utilizam com mais freqüência, ou com mais quantidades as ferramentas associadas abaixo relacionadas. Este condicionamento é um processo inclusive cultural, em quase todas as sociedades. Existem empresas que utilizam destas ferramentas para propagar ou para impor seus produtos. É comum a grupos exotéricos a utilização destas ferramentas. Também é encontrado em sistemas marciais ou de treinamento militar. A formação de grupos de conduta coletiva é comum e historicamente muito utilizada. Regimes autoritários utilizam destas ferramentas. Mas como meu objetivo primordial é alertar a igreja, apoiar a apologética que visa auxiliar os aprisionados para se libertarem, pois não apoio a apologética que simplesmente julga, condena e exclui, ou pior, penaliza. Creio que Jesus não veio para julgar, veio para nos libertar do julgo da pena. Ele mesmo assumiu a pena para si mesmo, pagando-a no seu próprio corpo. Ele convidou os condenados a serem livres. Considerando as amplas possibilidades de diferença de opiniões e de organizações, gostaria de contribuir para a análise, detecção, reformulação de novos procedimentos não indutivos, e criação de possibilidades de escolha sem interferência coletiva, mas formação da decisão individual. Nos meus estudos observei estas “ferramentas psicológicas e sociológicas” em grupos de Condução Coletiva. Abordarei abaixo estas “ferramentas” considerando a forma de pensar dos participantes e a produção do condicionamento:
  1. Controle de todo meio de ensino – escola, livros, esportes, filmes, musicas, etc. A utilização dos meios de ensino tem sido uma das formas mais eficazes de condicionamento de grupos de conduta. A prisão numa conduta, é a formação desta conduta. A conduta é ensinada e reproduzida. Os motivos e objetivos da conduta são implantados nos participantes, que ficam “condicionados” a crer.
  2. Reformulação de Conceitos: Sentidos novos as palavras e conceitos (criação de gírias e novas palavras ou frases conceito). Esta ferramenta tem sido na verdade a formação de novas culturas. Palavras e conceitos novos, criam culturas novas. Os grupos de conduta formam culturas particulares, que normalmente somente são totalmente compreendidas pelos participantes.
  3. Isolacionismo Proibitivo: Impedir contatos com o mundo ou a igreja. Esta tem sido a ferramenta mais declarativa da formação de um grupo de Conduta. O isolacionismo é a marca dos grupos de conduta, ou do condicionamento deste grupo. Quanto mais isolado, mas fácil de controlar. Se este isolamento é proibitivo, ou seja, proibi a união com outros ou faz esta união submetida a rígidos padrões de controle do grupo. Algumas vezes a unidade com outros que não sejam do grupo, são tão controlados, que é uma unidade fingida e qualquer impacto no controlado.
  4. Autoridade Delegada Ditatorial e Controladora: (na maior parte é afirmado que é delegada por Deus). A Ditadura é uma ferramenta de controle de massas, e de grupos de conduta. Quanto mais o líder impõe sua vontade e seu desejo, mais o grupo é conduzido para o único objetivo, o do líder ou da liderança, que normalmente tem um líder. Contudo este líder precisa de buscar um apoio em Deus, e neste caso ele busca formas de provar sua autoridade delegada diretamente de Deus. O líder então precisa de testemunhos, de eventos, de sonhos, visões, profecias, ou qualquer tipo de meio formalmente considerado como “espiritual” para firmar sua autoridade. Quanto mais ditatorial, mais controlador. Quanto mai controlador, mas autoridade intocável o líder terá.
  5. Ligação intensa no Grupo Social: (Com três elementos de ligação, que são o caminho desta ligação: a conquista, o aprisionamento e a dependência). A ligação intensa é uma ferramenta que solidifica o grupo de conduta. Quanto mais intenso a ligação entre o grupo, mas aprisionado ao grupo, a pessoa estará. Por isto esta ligação precisa de ser ampliada de uma ligação puramente espiritual ou religiosa, para ligações mais fortes como casamentos, sociedades em empresas, adoção de filhos, empregos em empresas do grupo, empréstimo de bens e habitações, pagamento de dividas, ou formação de dividas, casas para moradia emprestada ou alugada, as vezes com preços pequenos, para produzir a dependência, caridade com objetivo de produzir o sentimento de gratidão aprisionado. São muitas as formas de ligação intensa. Não podemos considerar que a ligação intensa tem em si um sentimento puro de amor, ele tem no fim o desejo de produzir o aprisionamento no grupo.
  6. Afastamento Salvador: Necessidade de ser afastado do mundo (familia, amigos) e/ou igreja para purificação. O afastamento salvador foi uma marca de uma época medieval quando formou os conventos e monastérios. A idéia da purificação por meio do afastamento, é antiga, mas também é muito utilizada para o condicionamento coletivo.
  7. Separação Transitório ou Sacrificial: Necessidade da separação do mundo, igreja, familia, amigos, por um período limitado ou por necessidade de sacrifício para a salvação dos “perdidos”. Estas promessas em maioria não são concretizada, mas são consideradas necessárias para o condicionamento, ou para o afastamento de outras opiniões, que possam fazer o condicionado pensar diferente. Neste caso criar uma “utopia” é fundamental para forjar uma “utopia fantasiosa” que é imaginária e prometida. Aqui encontramos muitos deste tipo de condicionamento falando que “um dia” ou “em algum momento”, tudo mudará e eles serão mais inclusivos de todos. Isto teoricamente somente poderia acontecer se a utopia ou os objetivos finais fossem atingidos. Como a maioria absoluta das vezes ninguém atinge o final, o final sempre é apenas um alvo, e o caminho para o fim que é inatingível, promove uma separação, que normalmente para acelerar a chegada ao fim, torna-se mais forte a separação. É então um ciclo separatista infinito e constante.
  8. Padrão Moral condicionado: Uma moralidade interna, que recria os padrões sobre mentira, violência, ódio e amor, ou o que certo e errado. Uma moral adequada ao objetivos do grupo. A moralidade não tem como base a Bíblia, tem como base o que o grupo deseja da Bíblia. Neste caso a moralidade é reinventada para suprir o desejo de não errar, mesmo errando. Esta moral então encoberta o que pode ser óbvio para a maioria das pessoas, e utiliza desta própria realidade, que é de “ser óbvio o erro para todos” como parte do raciocínio de defesa. Ou seja, “como todos dizem que é errado, então é certo, pois o mundo não está do lado de Jesus”. Raciocínio antitético e dualístico.
  9. Tortura: (Psicológica ou física) Tolher de desejos do corpo, impor desconforto, ou sofrimento. A tortura é também um pensamento medieval de penitenciar para produzir santificação. E neste pensamento a tortura é um meio de produzir castigo que seria aceitável e até necessário para libertar-se do mal.
  10.  Medo: (formação do medo coletivo, criação do elemento de destruição – inferno, doença, morte, perda, incluindo bens e pessoas). Medo é a ferramenta mais forte de todo processo de condicionamento, e é a ferramenta de elo de ligação. A Bíblia diz que o amor lança fora o medo, e medo produz tormento. No tormento que o medo produz os grupos de conduta amarram os participantes. Demonstra que o verdadeiro amor não está sendo o motivador destes grupos. Mas o medo é visto em todo processo, e ele é as “correntes” que prendem o controlado.
  11. Aceitação do Castigo: criação de formas de castigos, que são purificativas, e reintrodutórias ao grupo. Além de necessárias para o cuidado e proteção do grupo. A tortura já é um castigo, mas agora temos mais uma ferramenta terrível deste processo, é a aceitação deste castigo. O controlado aceita de bom grado o castigo, a tortura, o medo, a ditadura, o afastamento e separação. A aceitação é a total subordinação sem resistência, ou com resistência fraca. Na verdade, o grupo de conduta produz várias formas de destruir a “rejeição” a qualquer parte do processo. A não aceitação é colocada em todo processo como rebelião, como erro, como destrutiva, como blasfematória, como traição, como loucura, enfim como algo maligno e fora da vontade de Deus.
  12. Vergonha: Formação de um sentimento de vergonha que produzirá a necessidade do castigo, incluindo tortura, e a dificuldade de sair do grupo, porque teme os grupos de fora e teme a perda. A vergonha então é a ferramenta final, que embrulha o processo ou que dá ao processo permissão de continuar. A vergonha nos faz esconder, assim como Adão fez com Deus no Éden. Este esconder promove mais afastamento e separação, permite mais isolacionismo, aumenta o medo, permite aceitar tudo, tenta entender os padrões e conceitos distorcidos do grupo, se submete sem questionar, se tortura e tortura a outros para tampar sua vergonha, por fim acaba se ligando mais com os outros que estão dentro do “mesmo barco” para não afundar, ou ser afundado. A vergonha acusa o outro, e não assume a culpa ou o erro. A vergonha nos afasta de Deus, e não permite respondermos ao convite de Deus: Adão onde estás? 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

PROCESSO DE CONDICIONAMENTO PSICOLÓGICO PARA O APRISIONAMENTO



Partindo do principio defendido aqui, que análise antropológica, considerando os aspecto sociológicos e psicológicos como parte do julgamento apologético de um grupo que está sendo considerado uma seita, eu coloco as ferramentas observadas por mim, em estudo aprofundado de grupos apontados como seitas. Esta ferramentas são “ferramentas de condicionamento”, utilizadas por grupos, por indivíduos, de forma consciente ou inconsciente para aprisionar os adeptos num controle dominatório, que na maior parte das vezes feri o principio fundamental bíblico do amor. Neste caso o grupo se torna mais forte que o mandamento de amar como Cristo amou. O grupo então acredita que o amor a Deus está ligado as normas de conduta e de crença impostos pelo próprio grupo, e mesmo que o amor não esteja sendo demonstrado de forma prática, para o próximo, o importante é o cumprimento da lei, não a salvação do relacionamento. O relacionamento fica em segundo plano, diante da lei, mas surge a pergunta: o que é maior a lei, ou o objetivo da lei? Para que a lei foi feita por Deus? Ela não foi feita para promover e produzir o amor? E se ela destrói e impede o amor? Será que compreendemos de fato esta lei?

Devemos estar consciente que o amor faz sacrifícios, que o amor age fora dos desejos do alvo de nosso amor, o próximo, e ainda que amor até faz feridas para curar as infecções, assim como o médico corta e opera para curar. Também devemos ser consciente que o amor produz divisões para dividir o amado daquilo que possa destruir ou possa impedir de amar. Contudo a motivação que é imaterial, sempre deverá ser o alvo de nosso julgamento. Neste caso julgar motivos, nos ligará as atividades. Que Deus nos ajude a ver nas atividades as motivações do amor, e não as motivações ligadas a rejeição, a auto aceitação, ao medo, a preservação própria ou do grupo, ao legalismo sem misericórdia, a subordinação sem consciência e sem liberdade, a preguiça de lutar pela verdade, ao egoísmo da complacência ou da comodidade. Enfim passo as ferramentas de controle para formação de grupos que poderíamos considerar “seitas”. Seguiremos este pensamento para auxiliar aqueles que podem estar sendo alvo de algum tipo de condicionamento, ou de alguns que estejam usando este condicionamento, mesmo que de forma inconsciente

domingo, 9 de dezembro de 2012

PROPOSTA PARA O CONCEITO DE SEITAS E HERESIAS



Considerando que todo grupo humano tem processos de condicionamento para criar uma forma de produzir o controle do grupo, relacionamos algumas ferramentas principais utilizadas para aprisionar um individuo dentro do grupo. Apesar de muitas vezes utilizarmos este discurso para delimitar os adeptos de uma seita, concluímos que o processo é muito mais amplo, e não pode ser aplicado somente ao grupo que chamamos “seita”. Antigamente utilizávamos o termo “seita” para um grupo dissidentes, ou separatista que seguia uma doutrina “herética” ou considerada “herética”. É interessante que muitos destes grupos após um período histórico ou de adaptação ao sistema religioso reinante, foram considerados igrejas ou até “avivamentos”, ou ainda “reformas de um sistema religioso”. É fato que o diferente é normalmente rejeitado, especialmente se este diferente é contrário a opinião do grupo reinante, ou dos lideres reinantes.
Por este motivo tenho observado que nossa Apologética Cristã tem seguido um caminho diferente ao caminho que a Igreja do período da Idade Média e Primitiva seguiu. Antes o pensamento estava mais ligado ao teológico, que seria um discurso mais baseado na fé, no credo, na doutrinas bíblicas. Para isto tínhamos estudos aprofundados que mostravam o erro daquilo que foi chamado de “heresia”. Estes estudos foram inclusive a base para a teologia sistemática, com inicialmente os credos e as confissões. Hoje, no entanto um novo fenômeno se observa, com um discurso mais psicológico, talvez pelo conhecimento da ciência da psicologia que se estruturou como um campo separado da teologia. Antes não se conseguia pensar no homem como um ser separado entre a alma e o espírito. Hoje parece que querem dividir a “psique”, do “pneuma”, mas a própria Bíblia diz que somente a Palavra de Deus tem o poder de “dividir alma e espírito”. Pensar na “psique” do homem sem pensar no seu sentido religioso ou imaterial ou espiritual, é dividir o indivisível.
Contudo verifico a necessidade de criar um novo discurso apologético para perceber as formações de grupos religiosos, que tem mais ligações sociais que espirituais. Neste caso apesar da dogmática poder seguir uma linha correta ou aceitável dentro dos padrões bíblicos, a linha de unidade sociológica pode estar deturpada, no que concerne aos padrões de relacionamento humano estabelecido por Deus. Neste caso, mesmo que pessoas creiam de forma correta com relação à doutrina bíblica, considerando os níveis de aceitabilidade do processo de salvação, mesmo assim podem estar se tornando uma “seita” no aspecto sociológico e psicológico. Considerando este aspecto, gostaria de sugerir que deveríamos reformular nosso conceito de “Seita”.  Na verdade, creio que este conceito já foi reformulado, mas muitas vezes não se percebe esta mudança, neste mundo que passou da modernidade, para a pós modernidade.
Seita é um grupo que segue uma crença que produz o afastamento e até o rompimento do padrão bíblico de relacionamento com Deus e com o Próximo.
Neste caso colocamos a análise teológica, junta com a análise antropológica, considerando os aspectos sociológicos e psicológicos como fatores unitários para julgar o grupo que está sendo considerada uma seita. Neste caso mesmo que o grupo siga todos os aspectos dogmáticos, que são estudados na teologia, teriam também que seguir também os aspectos de relacionamentos. Consideremos o AMOR na dogmática e prática cristã como o aspecto fundamental que deve criar os relacionamentos, seja com Deus, seja com o próximo. Quando o dogmático cria uma vertente que impede a manifestação plena do Amor, podemos perceber uma vertente com pensamentos heréticos ou de aprofundamento numa linha fanática ou desprovida da fonte do cristianismo que é o Amor. Deus é Amor, e a forma mais clara do evangelho é o “o porquê Deus amou e deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê,  não pereça, mas tenha a vida eterna”. Creio que aqui está à base da análise teológica, o AMOR foi o ponto fundamental do evangelho, e toda dogmática deveria ter como base o “ferir o principio do amor”. Uma dogmática que exclui o amor como a base do evangelho, pode levar a um legalismo intolerante e inclusive herético. Incluo aqui a analise da expressão de Deus, que deveria sempre ser fundamentada na revelação da humanidade de Cristo. Cristo na terra era Deus sendo manifesto, e isto deve ser então a base para interpretar Deus durante toda Bíblia, pois Deus não muda, e Jesus é Deus na terra. Jesus foi a plena manifestação de como Deus se relaciona com o Homem. Ao olhar para o Jesus julgando a adultera que os homens trouxeram, cheios de atitude religiosa, vemos como Deus age.
Neste caso faço duas as minhas observações neste texto, primeiro como já disse é a proposta de uma nova conceituação de “Seita”, e segundo é uma nova visão de análise teológica sempre considerando o “relacionamento guiado pelo amor” como a forma mais concreta e correta de verificar a discordância doutrinaria.
Heresia é o entendimento e interpretação errôneo das Escrituras Sagradas, a Bíblia, considerando sempre o impacto desta doutrina na criação de um relacionamento de amor produzido com Deus e com o próximo.
Neste caso, uma doutrina ou dogmática que afaste o principio básico que Deus é amor, e se relaciona com amor com o homem, e ordena que o homem se relacione com Ele e com o próximo em amor, pode ser considerado uma doutrina herética. Mesmo que a base do pensamento sobre o amor seja sua soberania, e tenha no final um fim da bondade, misericórdia, paz, benignidade e fidelidade. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

APOLOGIA DA VERDADE


Atualmente leciono numa faculdade teológica aqui na África, e fui convidado para a matéria de Religiões e Seitas. Considero o campo de conhecimento que a matéria aborda a Ciência da Religião e a Apologética. A Ciência da Religião aborda todo fenômeno religioso do ponto de vista antropológico, ou seja, como o homem ser relaciona com a Religião. Sem considerar o fato concreto da existência de Deus, que mesmo num estudo aprofundado desta ciência, todos teriam que concluir que Deus existe, pois não podemos pensar em algo que não existe, ou que não é baseado no que existe, a Ciência da Religião aborda que em todos os seres humanos, em todas as culturas, em todos os povos, em todas as épocas, o homem sente a necessidade ser ligado com o divino. Este “divino” pode ser interpretado como Deus ou como deuses, contudo é fato que o Homem sente que existe um Ser Superior. A idéia ateísta que não existe Deus é tão ilógica, que fere o principio do pensamento aristotélico defendido hoje como verdadeiro.

Não acredito no estudo da Ciência da Religião, para um Cristão, sem a unidade com a Apologética, pois qual seriam o objetivo de um Cristão estudar outras religiões ou divisões das religiões, as seitas, e no caso específico as seitas cristãs, sem ter o objetivo de conhecer para utilizar. Sem dúvida, partimos do pressuposto que nossa experiência com Jesus nos esclareceu a Verdade, pois Jesus disse: “Eu Sou a Verdade”. Outro pensamento diferente do ensinamento Bíblico não é a Verdade. Sei que isto vai contra o pensamento atual da busca da harmonização de idéias, e o ecumenismo como forma de encontrar a Pacificação mundial ou dos grupos sociais. Mas a negação da Verdade, não é a melhor forma de encontrar um meio de unidade, a liberdade de expressão pode ser uma forma de promover a conversa, e permitir a continuação de uma conversa até que encontremos a Verdade, contudo a aceitação do que não é Verdade, não ajuda a descobrir a Verdade. Quando estudamos a distorção da Religião no homem, queremos conhecer para ajudar no processo de recondução ao Caminho da Verdade. Jesus disse: “Eu o Caminho”. Para todo que crê em Jesus, a fé no que Ele disse tem que ser absoluta, senão teremos que crer que Ele era um “louco” ou um “mentiroso”. Ele não deu possibilidades de encontrar uma Verdade Maior, como fez outros grandes pensadores como Buda, Maomé, Confúcio, Gandhi, Marx, Freud, Platão, Alan Kardec. Jesus disse que Ele era a própria Verdade. Ele não disse que tinha a Verdade, disse que Era a Verdade.
Então a Apologética é a construção de um discurso religioso concreto, lógico, cientifico e claro da Verdade. É a defesa da Verdade. Por isto estudamos o que outros pensam sobre Deus, ou sobre o divino, para que possamos ajudá-los a encontrar a Verdade, que é Jesus, o único caminho para Deus, ou melhor, o caminho em Deus. Mas não somos colocados como os juízes, e sim como advogados, que devem lutar pela defesa da verdade,  e principalmente da ajuda de pessoas que buscam o apoio diante da sentença. Se um advogado pudesse pegar todos seus clientes e sabendo que eles são culpados, pudesse um salvo conduto de total perdão, que advogado não faria isto?! Nós temos condições de ajudar pessoas condenadas e auxiliá-las com o perdão total no tribunal de Deus. Jesus não veio condenar, pois as pessoas já estão condenadas, Jesus veio salvar. E esta tem que ser nossa atitude, a mesma de Jesus.

domingo, 25 de novembro de 2012

A Ciência da Religião e as outras Ciências Humanas


O campo da Ciência da Religião é uma área da ciência relativamente muito nova, apesar do assunto ser um dos mais antigos da terra. A Informática é uma tecnologia que criou um campo de conhecimento específico, mas é muito novo, a Religião está no homem desde que ele foi criado. O campo de conhecimento da Religião está intrinsecamente relacionado com a Teologia, pois a busca da Religião é o que a Teologia estuda, ou seja, Deus. Contudo como é um fenômeno humano, e não divino, pois Deus não se busca, pois Ele é completo em si, temos outros campos que auxiliam e estão ligados ao conhecimento da Religião. Temos a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia, cada ciência se mistura nos campos de conhecimento, pois estudam o homem considerando algum aspecto, mas são diferenciadas pelos objetivos ou pelos campos de análise e experimentação.  O Homem é um ser, por isto estudamos de forma antropológica, é um ser social, então estudamos de forma sociológica, é um ser Pessoal, por isto estudamos de forma psicológica, mas o homem também um ser Religioso, por isto temos que estudá-lo de forma religiosa. Estas ciências podem ser colocadas como Ciências Humanas, incluindo a filosofia, nesta ligação intrínseca. Poderíamos estudar a área social na antropologia, mas decidiu-se dividir, da mesma forma decidiu-se dividir o aspecto religioso. A questão de definir áreas de conhecimento é cultural e depende da cosmovisão. No passado especialmente no período da Idade Média quando a Ciência Moderna tinha sua formação, a Teologia era o campo que englobava todas estas ciências humanas. Era um pensamento lógico para a cosmovisão da época que tinha como fonte a idéia que a Religião era o centro da vida humana, portanto todas as ações sociais, psicológicas e até físicas tinham sua fonte e origem no fenômeno religioso. Como a sociedade européia cristã foi a que determinou a ciência moderna, sua mudança de cosmovisão também modificou a forma de estudar o homem. A sociedade moderna separou a religião da ciência, criando a idéia que o conhecimento pode ser adquirido sem a ajuda ou busca de Deus, que para um homem de formação cristã, nunca pode ser desassociado o conhecimento de Deus. Isto se deve a fé de que Deus é a fonte do conhecimento, lembrando dos conceitos filosóficos gregos, Deus é o Logos. Inclusive a Bíblia traz este conceito, afirmando que Jesus é o Logos encarnado. Numa visão de mundo cristã, o conhecimento sempre está ligado a Deus, então a teologia nunca poderia ser desassociada de qualquer campo das chamadas Ciências Humanas. Se o homem é a imagem e semelhança de Deus, e foi criado por Deus, então é lógico buscar em Deus o que somos, e por que somos. Ele é o criador, então Ele sabe e conhece o homem, melhor que o próprio homem. Inclusive considerando que Deus é onisciente, a busca do conhecimento em Deus é óbvia.  Hoje na cosmovisão pós moderna, a fé ou o fenômeno religioso tem sido mais valorizado, o que faz da ciência da religião um campo de maior pesquisa para os anseios da sociedade humana.

Para muitos falar de ciência e falar sobre Deus é errado ou é não científico, mas retirar o pensamento reinante na grande maioria da humanidade, seja atual, seja histórico, é desconsiderar o conceito científico da experimentação. Na experiência, deixando de lado as cosmovisões, incluindo aqui a cosmovisão modernista, que tenta isolar a teologia da ciência, o homem confirma a existência de Deus, e o fenômeno religioso é mais que um desejo, é uma constatação de uma necessidade. A necessidade é proveniente de subsistir ou de sobreviver, comemos para viver, bebemos para viver, e buscamos Deus para viver. Não há forma de viver, sem buscar a Deus, em nenhuma cultura, o homem conseguiu viver sem Deus, mesmo que a visão seja distorcida, Deus estará naquela cultura, em todas as épocas da história humana. Mesmo considerando a visão não provada e ilógica da evolução, ainda o homem-macaco é religioso na fantasia criada pela ciência da ficção científica que cria uma sociedade baseada em suposições, não em documentos ou fatos. O fato da sociedade de cosmovisão moderna, com uma ênfase no pensamento científico, a fé foi colocada como opositora, mas agora o homem tem percebido o que sempre soube que a fé é colaboradora, e necessária para a compreensão do homem, ou do conhecimento do homem. A oposição que foi uma reação a negação da possibilidade de discordar dos pensamentos da instituição católica. Não era uma reação a fé, ou a religião, mas como a religião era dominada por uma instituição, que se declarava a detentora da verdade, os homens que se declararam cientistas, promoveram uma nova “caça a bruxas”, agora numa visão modernista. A “caça” aos religiosos, que infelizmente ainda se percebe em muitos dos ambientes científicos. A oposição a religião ou a fé foi tão forte, que trouxe inclusive uma reação de defesa por parte da religião, que em alguns casos atacou fortemente a ciência, e outros casos tentou se aliar a ela. Na idade média a instituição dominante se defendeu de forma política, pois dominava a política, mas a reforma destruiu a dominação, e criou a possibilidade de apoiar a ciência. Por isto a maioria dos apoiadores no inicio da era moderna, foram de origem protestante. Os cientistas que ainda tem resquícios deste ódio contra a religião deveriam considerar que isto é contra a própria ciência, pois a ciência deve analisar, constatar e formular teses, sem preconceitos. Podemos ser objetivos e até afirmar o que os outros não concordam, mas temos que ter o discurso que mostre a afirmação. Neste texto mesmo, quando rebato a teoria da evolução, sou técnico ao dizer que é apenas uma teoria que nunca foi provada, e que se baseia apenas em suposições. Não há documentos históricos que abordam o assunto, mas a Criação é altamente citada, contada, reafirmada por povos antigos e novos. Porque a ciência humana se segurou no conceito evolucionista para criar suas bases? Não seria porque os preconceitos dos cientistas que odiavam a religião impuseram sobre os atuais cientistas. Se considerassem o criacionismo no mesmo patamar que o evolucionismo, os cientistas teriam mais possibilidades de buscar na fé, parte do conhecimento que tanto buscam. Por isto falo do fato discordante, para proporcionar o sentimento e assim criar a reflexão de qual é seu ponto de partida ao ler este texto. É cientifico, religioso ou harmonioso?

Então considerando os fatores aludidos acima, a Ciência da Religião deveria ser considerada de forma separada das outras ciências humanas. O pesquisador cientista deveria ser visto como um técnico da área. Os pesquisadores de outras ciências considerando a visão modernista de ciência, porque não podemos desconsiderar a realidade da cosmovisão atual da sociedade pós moderna, que já modifica alguns conceitos de ciência, podem contribuir e até participar do campo em estudo, a Religião. Contudo deveríamos buscar nos especialistas da religião, a formação de conceitos, e de material de estudo. Como não temos especialistas de fato, a maioria são pós graduados de um campo das ciências humanas. Então como não temos estes especialistas de fato, deveríamos considerar a participação dos pesquisadores provindos dos outros campos das ciências humanas. Contudo considerando que o fenômeno religioso é a busca de Deus, quem estuda sobre Deus é a Teologia, a Teologia é indispensável na formação da ciência da Religião. Pois quem é Deus, não só define a busca, como explica a busca. Seriam prudente e razoável de alguns sociólogos, antropólogos e psicólogos não retirar os teólogos da discussão do fenômeno religioso, mas alguns destes, e digo alguns, pois muitos cientistas tem finalmente se libertado da prisão do passado, a prisão do feridos. Esta é a prisão de todos que de alguma forma foram feridos por outros. Ela é criada porque o homem naturalmente procura se defender para sobreviver, e neste caso a Igreja, a Teologia e a Fé ou o fenômeno religioso recebeu a culpa pelos erros de uma instituição ou de instituições humanas que se diziam ou se dizem detentoras do domínio da religião. A religião não é da igreja, é do homem, mas a resposta está na Igreja, e digo isto na convicção cristã que tenho, pois não poderia esquecer que a fé é determinatória, não é relativa ou reflexiva. Quem tem fé, tem certeza de algo. O Homem é religioso, e a religião é a sua busca, mas a resposta é o fim ou objetivo final da religião. Encontrando a resposta, a religião se torna o meio, não mais o fim da fé. Infelizmente para muitos a religião se tornou a objetivo principal da própria religião, exaltando os ritos, os símbolos e os credos. Então retornando a minha defesa da teologia, como teólogo, reafirmo que é prudente e razoável que a teologia seja sempre considerada, consultada e participante da discussão sobre a Religião, pois Religião sem Deus não é Religião. Da mesma forma que não existe Religião sem o Homem. Mesmo no conceito cristão, esta é uma realidade, pois a religião é o “religare” ou seja, é a religação entre o homem e Deus, e faltando um dos dois, não existe religação.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Caso Específico da Teologia da Prosperidade em Angola


Considerando o principio eterno de que o Evangelho é as boas novas de que Jesus veio ao mundo para salva-lo, não para condená-lo, temos que avaliar nossas teologias, e no caso específico a teologia da prosperidade. Quando falo de avaliar nossa teologia, quero dizer a forma como criamos o discurso de apresentar o evangelho. Não quero dizer que devemos modificar nossa teologia, no sentido de modificar a mensagem ou a doutrina da Bíblia, pois fizéssemos isto estaríamos relativizando a fé, e criando um “Cristo” segundo nossa visão ou segundo nossa necessidade. Não quero dizer que a verdade bíblica pode ser modificada, e sim que a verdade pode ser revelada de forma mais compreensível, quando adaptamos o discurso a cosmovisão do ouvinte. Não existe vários “Cristos”, Jesus é o mesmo, somente a forma como descobrimos ele é que pode ser diferente. E como Jesus é a exata imagem do Criador, e Ele mesmo é ressuscitado o próprio Criador, agora unido a humanidade, por causa de sua encarnação, Ele é infinitamente revelador. Jesus revela a Verdade, pois Ele é a Verdade, como Ele mesmo disse, e n’Ele a Verdade é Viva e Eficaz. Uma Verdade Viva é uma Verdade que se relaciona com o ouvinte, e é uma Verdade que preenche a necessidade individual.

Considerando o caso específico aqui em Angola, analisando a teologia da prosperidade, como é chamada, esta tese que promove uma visão de Deus do ponto de vista da prosperidade, trago uma contribuição de um professor num encontro promovido no INAR. O INAR é o órgão do Governo Angolano, do ministério da Cultura, que trata dos assuntos religiosos. O Dr. Vicente Pinto de Andrade, professor economista da Universidade Católica de Angola, em sua palestra no Workshop de Luanda (14 e 15 de junho de 2011) promovido pelo INAR (Instituto Nacional de Assuntos Religiosos), fez algumas afirmações interessantes no estudo da Prosperidade. Conforme Andrade: “Aqueles que vêem na globalização uma ideologia, em parte, têm razão, devido ao fato da ideologia neoliberal ter sido, durante os últimos anos, a ideologia hegemônica da globalização.” Após esta afirmação, o Dr. Andrade afirma que o neoliberalismo veio da filosofia protestante intitulada “ética do trabalho”. Este pensamento que foi formulado pelo pensador Max Weber, um protestante, e podemos ver já a “teologia numa linha de prosperidade”. O Protestantismo promoveu uma visão de prosperidade, e nos EUA, encontramos esta linha já formulada, e adaptada ao contexto fundamentalismo norte americano, criando uma cosmovisão dentro de uma prosperidade econômica e material que os americanos viviam. Continuando o Dr. Andrade também diz: “A moral do sucesso contagiou gerações de gestores e de políticos, que começaram a cultuar a prosperidade e o consumo, glorificaram as recompensas materiais e a sua fruição, desprezaram aqueles que foram considerados por eles os ‘vencidos da vida’, ‘os perdedores’, acentuando, assim, as ambições individuais, o enriquecimento rápido e fácil, a realização pessoal. A moral do sucesso repousa na vontade incontida de o ‘vencedores’ se distinguirem e de desdenharem a multidões, os pobres, os velhos, os desvalidos, os desprotegidos, legitimando, deste modo, a boa fortuna e fazendo dela o discurso oficial”.

Começo nossa reflexão considerando uma pergunta: Quem são os “vencidos”? “Os perdedores”? Será que de fato o motivo que os classificou assim é a capacidade individual, ou as condições atribuídas a eles, ou ainda a permissividade dada pelo sistema imperante no mundo? Neste caso a teologia da Prosperidade tem uma resposta para os “perdedores” ou os coloca num ambiente de penalização? Ou ainda os empurra a um ambiente de marginalização? Não digo que seja isto, mas pergunto se na prática tem sido isto, pois muitas vezes o discurso é emocionante, convincente e carinhoso, mas a prática é a demonstração do avesso.
O discurso dos que aderiram à teologia da Prosperidade, principalmente os neo pentecostais, demonstra uma busca de inclusão de todos no processo de prosperidade. Creio ser uma expectativa sincera a inclusão, e não a exclusão, pois se fosse a exclusão teríamos que considerar os “pregadores da prosperidade” como não Cristãos. Infelizmente muitos querem taxar estes pregadores de “charlatães” e “aproveitadores”, mas isto já é em si um preconceito e um julgamento baseado na hipocrisia dos que utilizam do sistema para se beneficiar, e “fecham os olhos” ao seu lado para os necessitados. O que quero dizer é que é fácil julgar estes pregadores, sem ter uma resposta, que eles dizem ter. Não posso acusar sem procurar compreender considerando o réu inocente, até que se prove ao contrário.  Mas se considerarmos que estes pregadores tem o pensamento de incluir a todos através da fé, precisamos pensar no impacto que esta teologia pode trazer para a sociedade angolana, e este é nosso dever como igreja angolana. Mesmo sendo estrangeiro em Angola, não sou estrangeiro na igreja angolana, pois não há estrangeiros dentro do corpo de Cristo. Somos um povo somente, a Igreja de Jesus Cristo. Não há estrangeiros dentro da Igreja, como disse o Apóstolo Paulo, “não há judeus ou gregos”, todos somos um em Cristo.

Continuando com o Dr. Andrade em seu discurso no Workshop em Luanda, ele demonstra uma ligação intima da ideologia da globalização com o pensamento da “moral do sucesso” como ele conceitua. Esta “moral do sucesso” tem uma ligação muito forte com a teologia da prosperidade, que se formou junta na sociedade norte americana. Talvez pudéssemos até afirmar que a “moral do sucesso” seria uma conseqüência do fundamentalismo norte americano. Esta ‘moral do sucesso’ promoveu na política o neoliberalismo, e na igreja evangélica produziu a teologia da prosperidade. Sabemos que sempre a Igreja, sendo formada de pessoas, e Igreja são pessoas, não uma instituição ou prédios, ela será influenciada pela filosofia política do país que a igreja está vivendo. A origem desta ‘moral do sucesso’ tem haver com a ordem política e econômica mundial depois da segunda guerra mundial. Com a ascensão do poderio americano, que se confirmou com o fim da guerra fria, e o desmantelamento da antiga URSS, o pensamento neoliberal conquistou as duas alas políticas mundiais. Tanto o capitalismo como o socialismo se adaptaram ao novo modelo mundial que busca ser o unificador criando uma ‘nova era’ como alguns chamam, e como alguns creem. Mesmo o pensamento da ala liberal do socialismo percebeu a necessidade de uma nova estratégia de unificação no contexto global reinante e em processo de dominação. A ‘moral do sucesso’ teve suas bases nos EUA, com o fundamentalismo que promoveu a idolatria do sucesso ou da prosperidade. O sucesso se confundiu com a prosperidade, e o materialismo se confundiu com o sucesso. Para muitos, ou a maioria hoje, o sucesso está ligado aos bens materiais, ao poder, e a individualização, ou melhor, o hedonismo egoísta, que prefere a si mesmo, que a distribuição de renda para a melhor qualidade de vida da sociedade. É fato que a renda mundial se concentra em um grupo ínfimo e quase não muito conhecido. A prosperidade que os ricos experimentam ainda não é quase nada do que os que controlam os movimentos de pensamentos dominantes e dominadores. Contudo a maioria da população humana hoje sonha com participar do grupo que se chama próspero. E este ideal globalizado atingiu a teologia e a igreja. A Igreja que vive um momento histórico pós moderno, criou uma teologia da prosperidade que na verdade, é fruto desta “moral de sucesso” difundida nos “discursos oficiais”, como diz o Dr. Andrade.

Os aderentes da Teologia da Prosperidade devem sempre considerar que o inclusivismo é o ponto fundamental para que esta teologia não se torne anti-cristã. Até que ponto que esta prosperidade inclui a todos, e busca a prosperidade para todos. Podemos e devemos discutir as teses bíblicas que fundamentam este dogma. A exclusão é promover o preconceito, o orgulho e condenar os excluídos a destruição e a falta de salvação. Paremos um pouco e repensemos através desta minha última afirmação que parece absurda, mas é uma conclusão dentro da lógica teológica apresentada nesta tese, ou seja, “falta de salvação” proveniente da “falta de prosperidade”. Não parece um pouco estranho que o material intervenha na salvação, mas alguns diriam que “sem pão”, “sem fé”, ou talvez seja na lógica da tese “sem pão, provando sua falta de fé”. A lógica absorve, mas não retira a verdade clara que diz ser a salvação proclamada a todos, conforme uma ordem de Jesus. “Pregai a toda Criatura”, neste caso todos estão incluídos para os benefícios da salvação de Cristo. Uma teologia nunca pode excluir, mas sempre incluir o perdido.

Concluo sem rejeitar a teologia da Prosperidade, mas sendo um constante questionador da biblicidade deste novo dogma, e digo isto, pois sei que não somos os detentores da revelação plena de Deus nestes últimos dias; e sempre lembrando que novas revelações sempre trouxeram impactos de reformulação de pensamentos; sim, concluo dizendo que creio convictamente que o fator de acréscimo desta teologia em Angola e em qualquer país do mundo é a manifestação do inclusivismo, ou melhor, é incluir todos nos benefícios provenientes da fé. O exclusivismo pode ser uma característica negativa, herética, e anti-cristã. O exclusivismo é limitar o beneficio para um grupo selecionado, exclusivo. Isto faz deste grupo exclusivo e exclusivista um grupo superior, como se Deus fizesse acepção de pessoas. Se tornando conforme os padrões sociológicos apresentados na Ciência da Religião, uma “seita”, e não uma religião. Relembro para o aprofundamento da análise apologética que o “padrão citado deste fenômeno religioso” que diz ser um grupo fechado, exotérico e com crenças perigosas, uma “seita”.

Não quero incluir na discussão a doutrina da eleição, quero apenas considerar que Deus dá o “sol para o justo e para o injusto”. O inclusivismo deve então para ser benéfico proporcionando as mesmas condições de acessibilidade dos ‘ganhos’ desta prosperidade divina. Como dar a todos a acessibilidade que a Bíblia diz que todos podem ter, ao receberem a salvação de Jesus, que nesta corrente evidencia a prosperidade? Seria a fé a forma de igualar todos os salvos? Estou considerando o pensamento da teologia da prosperidade que inclui no termo “salvo” a “prosperidade”. Então Jesus nos salva prosperando. As igrejas devem considerar que não podemos ser influenciados pelos modismos da pós modernidade, temos que estar convictos de nossa fé bíblica, que leva as ‘boas novas’ que neste aspecto, inclui a prosperidade no conceito da teologia da prosperidade, para todos os homens. Neste caso qualquer sociedade pode obter os benefícios da prosperidade, seguindo os princípios bíblicos, isto não significa que está à disposição de um grupo institucional da Igreja, e de novo considero Igreja como o Corpo de Cristo. Nenhum grupo é detentor dos benefícios de Deus, os benefícios foram dados a Igreja e a todos que querem seguir o padrão estabelecido por Deus. E mesmo a Igreja somente tem quando segue este padrão divino.

Porque “Deus amou o MUNDO (todos os homens, sem exceção), de tal maneira que DEU (deu a todos), seu Filho Unigênito (com todos os benefícios que o Filho traz para a humanidade) para que todos (sim todos, todos incluídos, sem exceção) que nele crêem tenham a vida eterna (aqui sim demonstra a individualidade, com a decisão de querer e crer, permitindo o livre arbítrio sem imposição, e isto não pode ser dado por governos, famílias ou igrejas, é pessoal)”. Aqueles que querem terão, os que não querem não terão. Mas aqueles que querem tem que crer para ter. Mas quem crê? E no que crê? 

domingo, 11 de novembro de 2012

A Teologia da Prosperidade e a Globalização



A Teologia da Prosperidade tem sido um novo dogma que tem adquirido adeptos em todas as denominações evangélicas. Até mesmo a Igreja Católica que em seu dogma tem o principio da avareza, como o acumulo de riquezas que são além do necessário, tem também simpatizantes deste novo dogma. Esta teologia tem maior aceitação entre os protestantes ou evangélicos, principalmente pelo histórico que formou o capitalismo e o pensamento da prosperidade. A Igreja Católica foi a primeira a reagir a aquilo que é chamado de “capitalismo selvagem”, e criou o dogma da Teologia da Libertação. Esta teologia reagiu ao pensamento capitalista e foi muito confundido com o pensamento socialista ou maxista. Em alguns casos de fato os socialistas aderiram a teologia da Libertação como um apoio aos seus ideais de distribuição de renda. Não vamos discutir qual o pensamento político mais adequado a fé cristã, nem mesmo analisar qual aquele que mais apoiou a fé cristã. Contudo observamos que a defesa do “pobre” sempre foi um aspecto da fé Cristã, antes observada na lei mosaica. O “pobre” era sempre defendido e era incentivado o cuidado e a formação de leis de cobertura. A teologia da Libertação apesar de em alguns casos tender a extremismos por parte dos adeptos, chamou atenção numa teologia latina americana ao problema da diferença das classes e da distribuição de renda. Este tem sido um das maiores preocupações do discurso pós moderno, apesar de na prática não ser a forma de viver pós moderna, que á altamente competitiva, individualista, e exclusivista. O Cristianismo sempre deve ser inclusivista e bondoso, criando possibilidades de auxiliar todos os homens. A teologia latina americana tem reagido à discussão da teologia da libertação com a criação de uma teologia holística que tem sido chamada de Missão Integral. A Missão Integral é uma resposta evangélica ao fato que as sociedades latinas americanas, não têm a mesma prosperidade da região norte do mundo, incluindo aqui o bloco europeu e os norte americanos. Até mesmo a pobreza no bloco do norte é diferente dos latinos americanos e os da região chamada subdesenvolvida: América do Sul, África e Ásia. E a distribuição de renda dentro de um sistema capitalista é promovida pela riqueza individual. Nosso ponto de vista não está baseado em pensamentos provenientes de linhas não cristãs, ou mesmo não teológico. Cremos que Jesus é a resposta para qualquer sociedade, e a compreensão exata de seus ensinamentos que são fundamentados no amor, é a melhor solução e de fato são a única e verdadeira solução para a sociedade humana. O que devemos então pensar é se a teologia da prosperidade tem de fato transmitida ao mundo o ensinamento de Cristo de amar ao próximo como a si mesmo e amar a Deus sobre todas as coisas. Creio que toda teologia construída em temas filosóficos precisam reavaliar sempre a base em que foram construídas. Nossa teologia é construída no amor de Deus? O amor de Deus é a base para toda compreensão de sua justiça, pois Deus é amor. O fato é que todos nossos dogmas deveriam ser interrogados com a frase: Este dogma feriu o principio do amor de Deus? Ou este dogma nos afasta do amor de Deus?
A globalização promove o pensamento que está em consonância com a Teologia da Prosperidade. A Teologia da Prosperidade apóia e fortalece o principio do capitalismo mundial, por isto é uma teologia muito bem aceita pelos empresários, e os políticos. Ela é admirada pelos pobres, e almejada por todos. Ela se confunde um pouco com os desejos naturais de crescimento e subsistência. A Teologia da Prosperidade segue a “onda” da planificação da sociedade, com a busca de uma sociedade próspera. Contudo uma pergunta forte ecoa: “O que serão feitos com os pobres da terra?” Eles serão esquecidos? Serão classificados como “homens de pouca fé”? Será que temos o direito cristão de empurrar para a “periferia da igreja” os pobres, utilizando de um dogma que nos permita esta atitude e até nos justifique a atitude preconceituosa ou segregista? Minha pergunta pode parecer indutiva, e talvez seja, mas agora quero a utilizar como forma de discussão e de busca de alguma base bíblica para uma distribuição de rende tão irregular, e determinatória. Alguns não crescem, porque não é permitido, outros porque são discordantes, outros porque são inferiorizados, outros porque são dizimados. Será que a tese da capacidade individual é reinante neste mundo que a Bíblia diz: “jaz no maligno”. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

As doutrina Neo Pentecostais


As doutrinas Neo Pentecostais são oriundas do movimento pentecostal, mas dentro das igrejas neo pentecostais, encontramos uma ênfase e em alguns casos distorções. Não farei uma análise das distorções ou das diferenças. Estaremos apenas fazendo uma análise teológica dogmática. Precisamos distinguir os dos movimentos históricos da Igreja: O Movimento Pentecostal e o Movimento Neo Pentecostal.
O Movimento Pentecostal foi o histórico avivamento da “Rua Azuza”, no início do século 20, quando houve uma ênfase na experiência com o Espírito Santo, seguindo uma seqüência ou uma nova manifestação histórica, como foi na época do início da Igreja, no evento revelado e descrito no livro de Atos, capítulo 2 (dois). A partir do evento acontecido nos E.U.A. uma “onda” de igrejas se formou seguindo os conceitos pentecostais da “descida do Espírito Santo”. As Igrejas nascentes que foram chamadas de Pentecostais, ou com nomes que ligavam o pentecostalismo, defendiam que a experiência pentecostal estava disponível e era, e ainda é, e sempre foi, ou foi renovada, para toda Igreja. As duas principais ênfases doutrinárias foram “uma segunda experiência com o Espírito Santo” e os “dons ou manifestações do Espírito Santo”. Estes dons enfatizaram a cura divina, milagres, manifestações físicas da presença do Espírito Santo, incluindo aqui as profecias e as línguas estranhas ou glossária. Mais atualmente o movimento pentecostal ainda gerou duas visões distintas: o movimento celular e o movimento da batalha espiritual. Estas visões talvez pudessem ser novos movimentos, provindos do Pentecostalismo, mas não temos trabalhos mais aprofundados nesta divisão, por isto não vamos abordar, como uma nova divisão. Talvez alguns poderiam classificar como neo pentecostais ou com um nome particular para eles. Eu diria que são os do Movimento do Discipulado e os do Movimento da Batalha Espiritual. Mas não é nosso objetivo abordar estas vertentes do pentecostalismo. É fato que o “Discipulado” seja ele: Celular, Individualista ou ainda Hierárquica, nasceu após o Pentecostalismo, e no meio dos oriundos da vertente pentecostal. Também é fato que os da “Batalha Espiritual”, são oriundos do pentecostalismo. O “Discipulado” nasceu mais no meio do século, e os da “Batalha Espiritual”, mais no final do século 20, talvez junto com o Neo Pentecostalismo.
O movimento neo pentecostal foram igrejas originadas das igrejas pentecostais, mas com uma nova visão. Esta visão veio do movimento da fé. Este movimento da fé tem como seu originador o rev. Kenneth Haggin, renomado pregador, e fundador da Escola Rhema em Tulsa, EUA. A visão de Kenneth Haggin originou-se do ou no fundamentalismo norte americano. O fundamentalismo norte americano teve como seus principais propagadores os televangelistas americanos, que utilizaram da Televisão, a nova forma de comunicar da humanidade, para propagar a fé, e mesmo não de forma negativa, também propagou a cultura e o ideal norte americano. O pensamento era que a América era como o Salvador do mundo, e a civilização cristã ideal. Assim como os Europeus pensaram na Idade Média, a América do Norte começou a criar uma teologia que foi chamada de fundamentalista, e nela as sementes do Neo Pentecostalismo foram difundidas. O Rev. Kenneth Haggin foi um exímio escritor, e seu carisma contagiou pregadores no mundo todo.
A mensagem do Fundamentalismo Norte Americano tem como Princípios:
1. A riqueza e poder americano vêm da fé evangélica, e esta riqueza é o ápice numa civilização genuinamente Cristã;
2. A prosperidade é o fim de uma vida com Deus, e esta prosperidade deve ser usada para encabeçar o mundo; (neste aspecto é criada a idéia de superioridade racial ou cultural, formando o pensamento de que outros povos são inferiores culturalmente, intelectualmente, e socialmente)
3. Deus quer homens fortes e prósperos; (estes fortes demonstram poderio e comando, além de domínio e controle)
Kenneth Haggin exaltou em sua teologia a fé, e deixou o amor parte, mas ênfase da vida cristã. Ele formou aquilo que poderemos chamar de a teologia da prosperidade e do triunfalismo forjando um novo tipo de igreja ou de crentes, os crentes vitoriosos, os crentes com uma confissão positiva. Este movimento proveio dos pentecostais que crêem na segunda experiência e nos dons, mas o foco agora é a prosperidade. Os focos do Pentecostalismo são tratados como rotineiros e em alguns casos de igrejas que consideram até como desnecessários os fundamentos do pentecostalismo.
Este movimento fez nascer nos EUA, igrejas com ênfase na prosperidade financeira. Algumas inclusive já estão promovendo um novo fenômeno ou movimento com mega-igrejas ou igrejas shopping. A visão mais específica da Igreja com Propósitos tem sido uma nova forma de ação eclesiástica, numa visão pós moderna. Mas creio que estas igrejas nascentes do fundamentalismo norte americano, buscam uma forma de se acomodar ou de moldar dentro da visão globalista e pós moderna.
No Brasil fez nascer a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, que veio de uma igreja Pentecostal, chamada Igreja de Vida Nova, do Bispo Roberto MacLister. Depois novas igrejas neo pentecostais se formaram no Brasil: A Igreja Internacional da Graça de Deus – Missionário R.R. Soares e a Igreja do Poder Mundial – Apóstolo Valdomiro Santiago. Cada um auferiu a si mesmo um título diferente, que demonstra a busca de uma forma nova de apresentar o evangelho. As doutrinas deliminatórios e de ênfase neo pentecostais apresentarei abaixo:
  1. O Determinismo
  2. Confissão Positiva
  3. Triunfalismo
  4. Teologia da Prosperidade
Vamos fazer uma análise panorâmica destas doutrinas:
A doutrina do Determinismo: A frase “Eu determino...” e “Eu profetizo...” são gírias ou nomenclaturas definitórias de uma tese teológica que tem muitos textos bíblicos como embasamento. A linha de pensamento do determinismo crê que Deus deu ao homem, que é cristão, a capacidade de exigir o cumprimento da vontade e da palavra de Deus. Neste caso tudo que Deus prometeu é requerido e imposto para cumprir o propósito de Deus. Os deterministas crêem que tem a revelação clara da Bíblia, no que concerne a suas promessas. O ponto de vista um pouco indefinido são as maldições como resultado do pecado, as maldições são mais tratadas como um mal que precisa ser destruído, na verdade no ponto de vista determinista, o mal tem que ser destruído, pois esta é a vontade de Deus, e o homem que utiliza da fé, tem que expulsar o mal. Neste caso o cristão pode determinar até para Deus, e para os Anjos, e Deus ficaria feliz com esta atitude de fé. Para o ponto de vista determinista Deus também com a fé determinista, e esta é a fé que o cristão deve agir. Assim fazendo ele está agindo com Deus.
O cristão pode também profetizar em nome de Deus, se ele tiver a fé na palavra de Deus. Para os deterministas a Bíblia já tem a profecia, então profetizar a Bíblia ou algo que tenha relevância ou proveniência da Bíblia é um direito de todo cristão. A idéia determinista também cria a idéia do “direito”, ou seja, todo cristão tem direito de tudo que está na Bíblia. O ponto de partida para receber é a fé, diferindo um pouco do pensamento reformista que crê que o ponto de partida é o arrependimento e a santidade. O cristão tem o poder de determinar que aconteça algum fato normalmente utiizando o termo: “eu profetizo...” ou “eu determino...” para que no mundo espiritual seja fixado um decreto provindo de Deus, através de um servo que utiliza da fé. Este profetizar seria uma atitude que os profetas teriam tido no V.T., então os textos da ação de profetizar são muito utilizados para fundamentar a tese. Encontramos aqui inclusive outra doutrina que está no meio neo pentecostal, mas que é mais de origem do Movimento de Batalha Espiritual, são os “atos proféticos”. Esta tese é o pensamento que devemos e/ou podemos fazer atos físicos que determinam ações espirituais. Neste pensamento as bases bíblicas são vários atos físicos na Bíblia que produziram ações espirituais.
No determinismo neo pentecostal: tudo tem que se submeter a fé, e observa-se que isto é independente da vida espiritual da pessoa. Observamos a exaltação do fim, e não do meio. Pessoas que apresentam resultados positivos e vitoriosos, normalmente são consideradas como pessoas de fé, mas se sua vida não tem um caráter cristão, normalmente isto não é enfatizado. O Fim torna-se então o objetivo, e o meio é parte do processo, que somente vai ser observado no final. A fé neste caso seria um elemento santificador. À medida que a fé do cristão aumenta a sua santidade é maior. (por isto os neo pentecostais valorizam tanto os exorcistas e praticantes dos dons de curar).
Outro aspecto do determinismo é o positivismo cristão, mas este deve ser considerado outra tese defendida pelos neo pentecostais.
A doutrina do Positivismo Cristão:
Esta tese tem uma das origens mais forte no movimento celular do rev. Paul Yong Shu, atualmente com o nome de David na Coréia do Sul. Um movimento considerado um avivamento, e com um impacto impressionante não somente no seu país, mas em todo mundo. A visão do Rev. Paul foi muito atrativo para os pregadores norte americanos, inclusive o Rev. Haggin. A tese da Palavra de Poder, fortaleceu ou até formou a idéia norte americana da Palavra Positiva. A idéia do Positivismo já era antigo nos EUA, mas esta filosofia influencia a cultura norte americana, e conseqüentemente fez os teólogos considerarem a verdade dentro do pensamento positivista. A consideração da verdade sobre o positivismo não é o tema deste texto, apenas queremos relatar o fato.
Com a influencia nos EUA da tese da Palavra de Poder, um dos livros de Rev. Paul, o Quarta Dimensão, trouxe um impacto na teoria daquilo que foi nomeado como “o gerar uma palavra”. O GERAR trouxe algumas ramificações com inclusive a utilização do termo como uma forma espiritual de força espiritual. Este GERAR está baseado em Genesis, quando o Espírito Santo estava “pairando” sobre a terra sem forma e vazia. Neste caso o Espírito Santo estava “gerando” a PALAVRA da criação, e da mesma forma podemos “gerar” a Palavra de Deus. Este pensamento trouxe uma vertente, forte no neo pentecostalismo com a idéia da palavra positiva (toda palavra tem poder). Neste caso a tese do GERAR uma PALAVRA, demonstra também o PODER DA PALAVRA. Toda palavra tem poder, e nunca devemos utilizar qualquer palavra negativa, pois podemos “gerar o mal”. O termo “gerar”, também trouxe a idéia de “estar grávido da Palavra”. Com estas idéias em mente, chegamos a conclusão que se toda palavra tem poder, devemos sempre falar positivamente. Kenneth Haggin, contudo, foi mais longe e considerando sua teologia da fé, ele reafirmou a importância de ter palavras de fé. Uma palavra somente tem poder, quando falada em fé, o que difere de alguns que crêem que de qualquer forma a palavra terá poder, como se a palavra tivesse neste conceito um poder intrínseco, ou mágico. Dizer Palavras Positivas de Fé, seria então uma Confissão Positiva. A confissão positiva com palavras de fé é outra doutrina forte no neo pentecostalismo. Neste caso todos devem tomar cuidado com o que falam, pois “a poder em suas palavras”. Eles procuram sempre falar somente palavras positivas. Isto pode inclusive modificar ou diminuir os termos: “pecado”, “culpa” e “derrota”, da forma reformista e mais histórica que a Igreja compreende. O Pecado e suas conseqüências devem então ser diminuídos, ou até esquecidos, sempre fortalecendo a Fé. Não queremos com isto concordar ou discordar, apenas relatar a forma como se manifesta a tese positivista cristã, ou até, como tem sido manifestada.
Triunfalismo: A terceira tese doutrinaria forte é o triunfalismo. O triunfalismo é a dominação da igreja – “somos cabeça e não cauda”. A idéia do triunfo sobre o diabo, sobre o pecado, sobre as conseqüências do pecado. Neste pensamento chegamos a dominação sobre os demônios e sobre a economia\sociedade. Considerando o mal como a atuação demoníaca constante no homem, isto pode trazer para a mente de alguns neo pentecostais, e isto não consegui constatar, que o mal não está no homem, mas no diabo e seu reino infernal. Talvez isto crie uma doutrina de inocência do homem, e possa até levar ao pensamento de que todos são filhos de Deus. Ainda não sei, mas pode chegar a este pensamento, e talvez seja para os menos doutrinados do movimento. Contudo é uma realidade que o diabo e os demônios, recebem a maior parte da culpa do pecado, da culpa, e das conseqüências do pecado. Neste caso a doença, a pobreza, e o insucesso tem sido um combate para o triunfo do cristão. No insucesso incluímos a parte da prosperidade financeira e de bens materiais. O mal pode ser expurgado por meio da fé destruindo a força das trevas na economia e na política. Controlando a política, a economia pode ser influenciada, por isto os neo pentecostais tem se demonstrado muito atuantes e muito desejosos de participar do governo e da ação social. O triunfalismo exalta o poder sobre as trevas, e cria uma série de formas exorcistas para destruir as forças do diabo. Como falamos também busca o domínio político, social e econômico. Lembramos um pouco das teses medievais do catolicismo que queria triunfar sobre os reinos da Europa, como forma de estabelecer o “governo de Deus” sobre o mundo. Nesse pensamento a Igreja tem que estar dominando o governo, ou pelo menos controlando as ações governamentais. O triunfalismo busca o triunfo sobre as trevas, e se o mundo jaz no maligno, então temos que triunfar no mundo, conquistando-o. Este inclusive é outro termo muito usado no triunfalismo: “conquistando a terra”. Também é um termo muito usado no movimento de batalha espiritual, mas talvez o neo pentecostalismo buscou muito do movimento de batalha espiritual, ou talvez seja o contrário, isto não consegui ainda chegar a uma conclusão. Podemos constatar, entretanto, que o fundamentalismo norte americano influenciou os dois movimentos e foi base para eles. Inclusive a luta americana contra o “mal” que vinha para conquistar o mundo, no período da guerra fria, foi um dos fatores de formação da idéia da guerra do bem contra o mal. O “mal” podia ser o comunismo, o rock in roll, o movimento hipp, ou agora o terrorismo. O fato é que o pensamento do “herói e o bandido” é muito presente na cultura norte americana. E precisamos compreender que quanto mais forte o bandido, maior o herói. Contudo quero reforçar a tese bíblica do “Todo Poderoso” Deus. Ele não precisa de um grande inimigo para ser um grande herói, ou um grande Deus. Ele é independente do inimigo, do outro poder. Na verdade, ninguém tem nenhum poder, se de Deus não for dado, e o diabo que apenas uma criatura, não consegue enfrentar Deus. Ninguém enfrenta Deus. Mas o triunfalismo cria uma vertente, que em primeira instancia não nega o poder de Deus, mas que afirma que o homem tem como obrigação o estabelecer o governo de Deus na terra. Neste caso, Deus decidiu dar ao homem esta incumbência. E somente por meio da fé o cristão, poderá triunfar sobre o mal ou sobre os poderes das trevas, pois a igreja deve governar, deve ser “cabeça e não cauda”.
Teologia da Prosperidade: A quarta grande doutrina é a chamada por muitos: teologia da prosperidade. Esta doutrina une o determinismo, a palavra positiva, e o triunfalismo para por meio da fé, estabelecer um alvo para a vida cristã: a prosperidade. Neste pensamento a prosperidade é o alvo final do cristão aqui na terra, e é a confirmação do triunfo sobre as trevas. Seja com o triunfo sobre a doença, ou seja, com triunfo sobre a pobreza, ou a falta de algo, material ou imaterial. Incluindo a restauração da família, de uma empresa em processo de falência, de um relacionamento com alguém, e principalmente do relacionamento com Deus. Cria-se o pensamento que todo cristão somente é vitorioso se demonstrar a prosperidade física, ou visível. A prosperidade física é demonstrada pela riqueza material e pela saúde do corpo. Este tem sido o principal alvo dos testemunhos que tem sido um dos principais aspectos litúrgicos dos cultos neo pentecostais. Os testemunhos tem sido a forma principal de transmissão da verdade da prosperidade. Os testemunhos em alguns casos tornam-se mais valiosos que a própria exposição da Bíblia. Observamos que muitas vezes os lideres buscam nos testemunhos a solidificação do ensinamento, e a escolha dos testemunhos demonstra que a mensagem que é transmitida é a prosperidade como fim e como demonstração da autoridade da igreja e da liderança desta igreja. Vemos então rituais para a busca da prosperidade material, e muitos destes rituais nos remetem ao simbolismo e ritualismo medieval praticado pelo catolicismo. Coisas como “água benta”, “viagens santificatórias” seja para a “terra santa”, ou para “o local santo”, que pode ser um templo, um monte, etc. Outros símbolos e rituais como algum tipo de penitencia, de objeto santo santificado e com poderes de santificação ou de salvação. Até mesmo o conceito modificado das indulgencias pode ser observado, com a utilização do dinheiro para demonstrar ou para comprar uma forma de prosperidade, de salvação ou de santificação. A ênfase na parte financeira tem como base o pensamento de que Deus é detentor de toda riqueza, e todo filho de Deus deve também usufruir desta riqueza. Neste conceito então a fé seria a porta de entrada para toda riqueza de Deus.
Outro fator muito importante nesta prosperidade é a prosperidade do corpo, ou a saúde divina. Neste ponto, o cristão que exerce a fé, tem a vitória sobre a doença, sobre a operação da morte no corpo, que também é a corrupção física. A fé então produz a cura divina. A busca da cura é um dos pontos importantes da teologia da prosperidade, em conjunto com a libertação do poder do diabo sobre tudo que está na vida do homem, produzindo também a libertação completa de demônios. Os exorcismos então importantes para demonstrar a força sobre o diabo e seu reino.
Uma característica forte do neo pentecostalismo é parecer com os pentecostais na busca do Espírito Santo, mas não é o foco do movimento. Mas a algumas heranças como a forma de governo eclesiástico que é uma liderança hierárquica, muitas vezes muito ditatorial, no estilo ou modelo católico. O sistema episcopal é normalmente o mais utilizado, pouco se observando o sistema congregacional. A utilização de ritos e símbolos como forma de purificação e santificação lembra muito os pentecostais, contudo o neo pentecostal é muito enfático na utilização destes meios religiosos. A demonstração de poderio com templos, grandes eventos, exaltação da igreja, dos pastores, dos ritos, e utilização de termos triunfalistas e positivistas, são conseqüência da teologia defendida. A determinação de estratégias missiológicas e eclesiais tem normalmente metas econômicas e de impacto social, considerando quantidade de pessoas, pois sua dogmática leva a este fim. Por isto não é de estranhar a grande ênfase na arrecadação de fundos para os objetivos das igrejas de formação ou de origem neo pentecostal. Outro aspecto também é a imitação da forma de pregar dos lideres carismáticos, produzindo até entonações, palavras ou gírias institucionais, e até expressões faciais parecidas com os lideres. O Isolacionismo tem sido marcantes nestes movimentos, com pouca busca de unidade com o restante das igrejas cristãs. Contudo já existem algumas alas neo pentecostais que tem buscado uma aproximação da cristandade, o que inclusive repete o fenômeno cíclico da institucionalização de um movimento com aparecimento da tranqüilidade produzida pela perca da rejeição ao novo, que todo movimento novo traz. Afinal tudo que é novo produz medo, rejeição e desconfiança. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

EU TENHO O DIREITO DE SER FELIZ?


Será que o homem tem o direito de ser feliz? Ou o homem tem o direito de buscar a felicidade? Biblicamente falando o homem por causa do pecado no pecado não pode e não tem nenhum direito de ser feliz, na verdade tem o direito da tristeza eterna, pois o salário do pecado é a morte. Enquanto o homem não encontra Deus, o direito pela felicidade está impedido pelo pecado. Mas buscar a felicidade é um direito do livre arbítrio humano, sem entrar na discussão da predestinação. E a busca desta felicidade tem limites ou é sem limites? O homem encontrará a felicidade através de sua força ou através da força de Deus?

Vamos falar de alguns conceitos pós modernos, desta sociedade globalizada, o individualismo e o hedonismo. Existem duas frases que demonstram muito o novo conceito pós moderno do individualismo e o hedonismo como base da nova sociedade, apesar de ser apenas uma forma de manipulação, pois no final é o “sistema deste mundo” que estabelece os modelos a serem cultuados, servidos e imitados. Estas frases são: “ O que tem haver isto”  ou “eu não concordo”. É tão fácil para a maioria da geração atual expressar sua opinião, como um direito adquirido ou uma norma a ser seguida. Os conceitos bíblicos como: “o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem dos lábios do Senhor”, ou “o sábio ouvirá e crescerá em conhecimento”, “ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes a prudência”, “sobre tudo que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”, “os lábios do justo sabem o que agrada”, “o mexiriqueiro revela o segredo, mas na multidão de conselhos existe segurança”, “o que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que abre muito os seus lábios se destrói”,  “ansiedade do coração deixa o homem abatido, mas uma boa palavra o alegra”, “o que se indigna à toa fará doidices, mas o tolo se encoleriza, e da-se por seguro”, acrecento aos conselhos de Provérbios as palavras em Eclesiastes: “tudo tem o seu tempo determinado...há tempo de ... estar calado, e tempo de falar... tempo de guerra e tempo de paz...” e as palavras de Tiago: “Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo corpo. De uma mesma boca procede benção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim...”.

O egoísmo é tão forte no conceito individualista e hedonista que a maioria que vive influenciada por este novo estilo de vida globalizado, não consegue ver como suas atitudes, palavras ou ações podem influenciar, ferir ou desviar as pessoas. Por isto é fácil dizer que “não tem nada haver eu fazer ou falar isto”. O “eu não concordo” é mais ostensivamente e um meio mais impiedoso de rebeldia contra autoridades, mas também é um o caminho para dizer “não vou fazer”, ou “o problema não é meu, eu faço somente minha parte”, ou talvez seja uma forma do mundo atual dizer: “eu somente farei aquilo me que faz feliz”. Mas a vontade do homem traz a felicidade, ou é a “boa, perfeita, e agradável” vontade de Deus que trará a felicidade plena e eterna? Perguntas, e respostas nas perguntas, o difícil é querer aceitar o que é óbvio, ou o que é a verdade incontestável e absoluta da Bíblia. O homem somente será feliz quando fizer toda a vontade de Deus, e terá parte da felicidade se fizer parte da vontade de Deus. A felicidade está ligada a Deus, nunca o materialismo e o humanismo egoísta poderão preencher o vazio da necessidade humana da comunhão com Deus, que envolve em fazer d’Ele o Senhor de sua vida. Esta necessidade humana de Deus, que poderia ser classificada antropologicamente como o desejo religioso pelo divino, é inerente, insubstituível, e principalmente irrevogável. O homem precisa ou necessita de Deus para ser feliz. E esta história de dizer que “serei feliz, custe o que custar”, é um modismo ridículo e não cristão.

O hedonismo é talvez ainda pior que o individualismo, mas procede dele, pois retira o sentido do amor ao próximo e a Deus e o focaliza somente em si mesmo. É a grande frase do inferno que invadiu o mundo e até mesmo a igreja: “Eu tenho direito de ser feliz” ou “Serei feliz custe o que custar”. Mesmo que isto custe sua salvação? Que custe ferir o próximo? Custe ferir a Deus? Custe “passar por cima dos outros e de tudo”? Custe viver fora da vontade de Deus? Custe ficar em seu conforto, enquanto o resto do mundo morre e vai “pro inferno”?

A felicidade do ser humano custou um alto preço, o maior que em todo universo alguém poderia imaginar ou prover. O preço foi pago por Deus, por meio de seu único filho, Jesus Cristo. A felicidade custa caro, mas o homem não tem como pagar, ele tem como receber por meio de Jesus. A “alegria que Jesus dá, o mundo não pode dar”, frase bonita e bem “crentês”, e talvez não tenha outra melhor, pois a felicidade que o homem procura não está na “força de seu braço” ou do seu esforço, mas somente do reconhecimento que nós precisamos d`Ele e n`Ele temos alegria. Esta idéia que invade até a igreja, querendo criar uma geração de crentes “fortes o suficiente para obrigar a Deus a fazê-los feliz”, pois eles “exigem de Deus” a felicidade, é tão hedônica e individualista como tudo que o mundo ensina. Deus não é obrigado a nada, Ele é suficiente em si mesmo, por isto é trino, pois Deus tem todas suas necessidades de comunhão e amor dentro de si mesmo. Deus é feliz em si mesmo, Ele se ama é é amado por si mesmo. Nós, não somos como Deus, precisamos d`Ele, e para ser completos precisamos d’Ele com os outros próximos, apesar d`Ele ser o suficiente caso os outros faltem, mas este não é o plano de Deus. Deus planejou para que vivêssemos como família, ou como uma sociedade de famílias.

Talvez o melhor seria dizer: “Eu quero ser feliz”, ao invés de dizer, “eu tenho o direito de ser feliz”. É mais respeitoso falar assim com Deus. O direito a felicidade é na verdade a busca da felicidade. O homem é pecador, e seu direito segundo a justiça divina é de ser infeliz, pois o pecado traz tristeza, dor, morte e destruição. Somente por meio da salvação o homem adquire o direito a felicidade, ou seja, por meio de Cristo, me torno digno de ser feliz. Não existe felicidade fora da vontade de Deus, ou fora de uma comunhão restabelecida com Deus. Jesus disse que a alegria que Ele dá, o mundo não pode dar. O texto de Filipenses diz: “Alegrai-vos no Senhor”. A origem da alegria, ou da felicidade é a comunhão com Deus, que é em si mesmo totalmente suficiente para si mesmo, sendo Ele feliz em sua comunhão triunitária. O amor é a origem da felicidade, sem amor, não existe felicidade. O amor que Deus tem em si mesmo, ou por si mesmo, considerando que Ele ama e é amado, na trindade Divina, o faz feliz plenamente, pois não pode ser dividido, destruído, ou modificado, é perfeito. O amor que podemos receber de Deus, através de relacionamento com Ele, é o inicio de nossa felicidade. A felicidade então somente existirá se amarmos ao Senhor Deus de todo nosso coração, e amarmos ao nosso próximo, como amamos a nós mesmos. O amor de Deus em nós fluirá uma felicidade que transcende as situações que passamos, ou melhor, mesmo nos momentos difíceis, poderemos ser felizes, pois sabemos que somos amados e amamos. O amor vence a infelicidade, pois o amor é feliz. O amor é na verdade a verdadeira busca da felicidade. Por isto homens e mulheres que buscam no amor carnal, físico ou mesmo na paixão de um relacionamento que se limita ao período chamado por nós de “vida física”, não é completo, é imperfeito, pois é dependente do tempo, do espaço, e das situações. A falta do querido traz infelicidade, e Deus nunca estará longe, somente nós podemos afastá-lo, apesar de Ele estar presente sem o percebermos. O pecado nos cega, e nos impede de ver o amor, e a presença de Deus, mesmo que este pecado seja a soberba de pensarmos que podemos ser felizes sem Deus, ou usando Deus como se Ele fosse uma “droga” para os momentos difíceis.

“Ser feliz custe o que custar”, não é uma frase de alguém que quer ser feliz, a melhor frase seria: “Custe o que custar amarei”. Neste caso você está pronto a fazer tudo para amar, e isto é à base da felicidade. Não há alegria sem amor. E o verdadeiro amor vem de Deus, pois Deus é amor. Quando entregamos nossa vida a Jesus, para Ele ser o Senhor absoluto de todas suas decisões, e atitudes, estamos no caminho da verdadeira alegria, que não está fundamentada em situações, mas em uma paz interior. Deus sabe como amar, pois Ele amou de tal maneira, ou custando tudo que poderia custar, dando seu único Filho, Jesus, para morrer em nosso lugar, ou para receber toda infelicidade em si mesmo, para podermos ser felizes.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Existe Liberdade sem a Verdade?


O homem pós moderno quer construir uma “liberdade” sem a redenção, ou a graça de Deus. Como? Olhando para trás vemos Kant substituindo a graça pela liberdade. Enquanto os teólogos falavam de natureza e graça, Kant falava de natureza e liberdade. Com seu racionalismo Kant buscou uma forma lógica de descobrir a liberdade advinda do estudo dos fenômenos da natureza. Uma forma “cientifica” de ser livre. A liberdade de Kant e dos renascentistas era uma liberdade humanista, sem a necessidade de Deus ou de sua redenção. A liberdade adquiriu um sentido diferente do sentido que Jesus Cristo deu a ela. Jesus disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).
Rousseau foi mais longe e buscou a verdade de forma política, e implantou todo tipo de conceito que restringe a liberdade. Este conceito atingiu a Revolução Francesa, a Maçonaria, que transmitiu para os republicanos. Os EUA foram forjados neste conceito de liberdade, igualdade e fraternidade. A liberdade e a igualdade, que estaria fundamentando a fraternidade, tem sido buscada sem a presença de Deus. Como se Deus fosse descartável neste processo de busca da liberdade. Existe liberdade sem Deus? Ou Igualdade sem Deus? E mesmo Fraternidade sem Deus? É certo que não, Deus é a fonte da liberdade, da igualdade e da fraternidade, que nasce da verdade que nos leva a seu Amor Redentor.
A liberdade pós moderna é uma liberdade individual, egocêntrica, e sem restrições. Como se o homem pudesse viver sem um Senhor, sem uma lei, sem uma moral, sem um Deus. Esta busca de uma liberdade que dá o direito ao homem de fazer o que quiser fazer, sem dar “satisfações” a ninguém, tem formado uma geração egoísta, sem respeito ao próximo, e sem respeito a Deus. “Porque preciso de Deus?” – Seria a pergunta de uma geração forjada na “teologia kantiana voltariana e hegeliana”. “Sou suficiente para mim mesmo”; diria a geração que busca esta liberdade a qualquer preço. Não seria então a idéia da felicidade a qualquer preço, a mesma que a liberdade a qualquer preço?
A liberdade naturalista que diminui o homem a categoria de um animal, e digo diminui, porque o homem foi colocado superior aos animais, é o próximo passo na liberdade sem Deus. Posso fazer tudo, pois sou como os animais, diriam os naturalistas, tenho “desejos” que não podem ser limitados, ou presos. Estes pensamentos naturalistas permitem o homem reagir não como animais, mas como monstros, pois os animais são mais morais. Os animais seguem as leis da natureza, que Deus estabeleceu, e isto os torna livres, é o pecado do homem que os aprisiona. Os animais não vão contra sua natureza, a não ser que o homem intrometa no processo natural. E os homens querem viver com uma liberdade que nem é natural ao próprio homem. Isto produz situações deformadoras no homem, fazendo o homem querer ser o que Deus não o criou para ser, e então sua vida torna-se não animalesca, mas destrutiva e anômala. A liberdade tão fortalecida pelos racionalista e naturalistas retirou Deus, amor e moral, e colocou o “eu” como o centro da existência humana. Este “eu” que Descartes estabeleceu como a única prova do real com seu dito: “cogito, ergo sum” (Penso, logo existo); e se existo não há duvida que eu sou o centro da existência. Este o “eu” que Voltaire zombaria para poder promover sua liberdade de falar, mesmo que isto destruísse todo conceito de um Deus amoroso e desejoso de salvar o homem. Este “eu” que Darwin diria ser meio macaco. Este “eu” que Freud tenta explicar, e coloca todo desejo do homem em sua sexualidade. Um “eu” tão defeituoso que nem mesmo sabe como ser livre, no meio de uma liberdade que é propagada como ‘conquistada’.
A liberdade oferecida pela cosmovisão pós moderna é uma liberdade escrava do medo, pois o homem sempre teme ser dominado. Na liberdade de Deus, o homem não teme ser dominado, pois já livremente torna-se servo do Senhor. Uma dominação livre da tirania que o mundo oferece, uma dominação de amor e verdade. Porque não ser livre dentro do domínio de Deus? Pois o homem sempre estará sobre um domínio, mesmo que este domínio seja o seu próprio desejo de ser como Deus, ou seja, auto suficiente.
Jesus ofereceu a liberdade através do conhecimento da Verdade, mas Ele também disse em João 8:45,46 – “Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? A liberdade do homem iniciará quando o homem quiser aceitar a Verdade, que Jesus ensina. Ele também diz em João 14:6 – “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Então através de um relacionamento com Jesus, você compreenderá o que é a verdade, andará no caminho certo, e viverá a vida. Diante de todas as palavras de libertação de Jesus para a humanidade, Ele que foi Homem como nós, apesar de ser Deus, mas ter se limitado a nossa forma humana, o homem que quer ser livre tem que buscar a verdade. Mas isto somente acontecerá “se, pois, o Filho (Jesus) vos libertar”... (João 8:36); porque a liberdade que provem da libertação de Jesus, é uma liberdade que “verdadeiramente (sereis) nos faz livres”.