O campo da Ciência da
Religião é uma área da ciência relativamente muito nova, apesar do assunto ser
um dos mais antigos da terra. A Informática é uma tecnologia que criou um campo
de conhecimento específico, mas é muito novo, a Religião está no homem desde
que ele foi criado. O campo de conhecimento da Religião está intrinsecamente
relacionado com a Teologia, pois a busca da Religião é o que a Teologia estuda,
ou seja, Deus. Contudo como é um fenômeno humano, e não divino, pois Deus não
se busca, pois Ele é completo em si, temos outros campos que auxiliam e estão
ligados ao conhecimento da Religião. Temos a Sociologia, a Antropologia e a
Psicologia, cada ciência se mistura nos campos de conhecimento, pois estudam o
homem considerando algum aspecto, mas são diferenciadas pelos objetivos ou
pelos campos de análise e experimentação.
O Homem é um ser, por isto estudamos de forma antropológica, é um ser
social, então estudamos de forma sociológica, é um ser Pessoal, por isto
estudamos de forma psicológica, mas o homem também um ser Religioso, por isto
temos que estudá-lo de forma religiosa. Estas ciências podem ser colocadas como
Ciências Humanas, incluindo a filosofia, nesta ligação intrínseca. Poderíamos
estudar a área social na antropologia, mas decidiu-se dividir, da mesma forma
decidiu-se dividir o aspecto religioso. A questão de definir áreas de
conhecimento é cultural e depende da cosmovisão. No passado especialmente no
período da Idade Média quando a Ciência Moderna tinha sua formação, a Teologia
era o campo que englobava todas estas ciências humanas. Era um pensamento
lógico para a cosmovisão da época que tinha como fonte a idéia que a Religião
era o centro da vida humana, portanto todas as ações sociais, psicológicas e
até físicas tinham sua fonte e origem no fenômeno religioso. Como a sociedade
européia cristã foi a que determinou a ciência moderna, sua mudança de
cosmovisão também modificou a forma de estudar o homem. A sociedade moderna
separou a religião da ciência, criando a idéia que o conhecimento pode ser
adquirido sem a ajuda ou busca de Deus, que para um homem de formação cristã,
nunca pode ser desassociado o conhecimento de Deus. Isto se deve a fé de que
Deus é a fonte do conhecimento, lembrando dos conceitos filosóficos gregos,
Deus é o Logos. Inclusive a Bíblia traz este conceito, afirmando que Jesus é o
Logos encarnado. Numa visão de mundo cristã, o conhecimento sempre está ligado
a Deus, então a teologia nunca poderia ser desassociada de qualquer campo das
chamadas Ciências Humanas. Se o homem é a imagem e semelhança de Deus, e foi
criado por Deus, então é lógico buscar em Deus o que somos, e por que somos.
Ele é o criador, então Ele sabe e conhece o homem, melhor que o próprio homem.
Inclusive considerando que Deus é onisciente, a busca do conhecimento em Deus é
óbvia. Hoje na cosmovisão pós moderna, a
fé ou o fenômeno religioso tem sido mais valorizado, o que faz da ciência da
religião um campo de maior pesquisa para os anseios da sociedade humana.
Para muitos falar de
ciência e falar sobre Deus é errado ou é não científico, mas retirar o
pensamento reinante na grande maioria da humanidade, seja atual, seja histórico,
é desconsiderar o conceito científico da experimentação. Na experiência, deixando
de lado as cosmovisões, incluindo aqui a cosmovisão modernista, que tenta
isolar a teologia da ciência, o homem confirma a existência de Deus, e o
fenômeno religioso é mais que um desejo, é uma constatação de uma necessidade.
A necessidade é proveniente de subsistir ou de sobreviver, comemos para viver,
bebemos para viver, e buscamos Deus para viver. Não há forma de viver, sem
buscar a Deus, em nenhuma cultura, o homem conseguiu viver sem Deus, mesmo que
a visão seja distorcida, Deus estará naquela cultura, em todas as épocas da
história humana. Mesmo considerando a visão não provada e ilógica da evolução,
ainda o homem-macaco é religioso na fantasia criada pela ciência da ficção
científica que cria uma sociedade baseada em suposições, não em documentos ou
fatos. O fato da sociedade de cosmovisão moderna, com uma ênfase no pensamento
científico, a fé foi colocada como opositora, mas agora o homem tem percebido o
que sempre soube que a fé é colaboradora, e necessária para a compreensão do
homem, ou do conhecimento do homem. A oposição que foi uma reação a negação da
possibilidade de discordar dos pensamentos da instituição católica. Não era uma
reação a fé, ou a religião, mas como a religião era dominada por uma
instituição, que se declarava a detentora da verdade, os homens que se
declararam cientistas, promoveram uma nova “caça a bruxas”, agora numa visão
modernista. A “caça” aos religiosos, que infelizmente ainda se percebe em
muitos dos ambientes científicos. A oposição a religião ou a fé foi tão forte,
que trouxe inclusive uma reação de defesa por parte da religião, que em alguns
casos atacou fortemente a ciência, e outros casos tentou se aliar a ela. Na
idade média a instituição dominante se defendeu de forma política, pois
dominava a política, mas a reforma destruiu a dominação, e criou a
possibilidade de apoiar a ciência. Por isto a maioria dos apoiadores no inicio
da era moderna, foram de origem protestante. Os cientistas que ainda tem
resquícios deste ódio contra a religião deveriam considerar que isto é contra a
própria ciência, pois a ciência deve analisar, constatar e formular teses, sem
preconceitos. Podemos ser objetivos e até afirmar o que os outros não
concordam, mas temos que ter o discurso que mostre a afirmação. Neste texto
mesmo, quando rebato a teoria da evolução, sou técnico ao dizer que é apenas
uma teoria que nunca foi provada, e que se baseia apenas em suposições. Não há
documentos históricos que abordam o assunto, mas a Criação é altamente citada,
contada, reafirmada por povos antigos e novos. Porque a ciência humana se
segurou no conceito evolucionista para criar suas bases? Não seria porque os
preconceitos dos cientistas que odiavam a religião impuseram sobre os atuais
cientistas. Se considerassem o criacionismo no mesmo patamar que o
evolucionismo, os cientistas teriam mais possibilidades de buscar na fé, parte
do conhecimento que tanto buscam. Por isto falo do fato discordante, para
proporcionar o sentimento e assim criar a reflexão de qual é seu ponto de
partida ao ler este texto. É cientifico, religioso ou harmonioso?
Então considerando os
fatores aludidos acima, a Ciência da Religião deveria ser considerada de forma
separada das outras ciências humanas. O pesquisador cientista deveria ser visto
como um técnico da área. Os pesquisadores de outras ciências considerando a
visão modernista de ciência, porque não podemos desconsiderar a realidade da
cosmovisão atual da sociedade pós moderna, que já modifica alguns conceitos de
ciência, podem contribuir e até participar do campo em estudo, a Religião.
Contudo deveríamos buscar nos especialistas da religião, a formação de
conceitos, e de material de estudo. Como não temos especialistas de fato, a
maioria são pós graduados de um campo das ciências humanas. Então como não
temos estes especialistas de fato, deveríamos considerar a participação dos
pesquisadores provindos dos outros campos das ciências humanas. Contudo
considerando que o fenômeno religioso é a busca de Deus, quem estuda sobre Deus
é a Teologia, a Teologia é indispensável na formação da ciência da Religião.
Pois quem é Deus, não só define a busca, como explica a busca. Seriam prudente
e razoável de alguns sociólogos, antropólogos e psicólogos não retirar os
teólogos da discussão do fenômeno religioso, mas alguns destes, e digo alguns,
pois muitos cientistas tem finalmente se libertado da prisão do passado, a
prisão do feridos. Esta é a prisão de todos que de alguma forma foram feridos
por outros. Ela é criada porque o homem naturalmente procura se defender para
sobreviver, e neste caso a Igreja, a Teologia e a Fé ou o fenômeno religioso
recebeu a culpa pelos erros de uma instituição ou de instituições humanas que
se diziam ou se dizem detentoras do domínio da religião. A religião não é da
igreja, é do homem, mas a resposta está na Igreja, e digo isto na convicção
cristã que tenho, pois não poderia esquecer que a fé é determinatória, não é
relativa ou reflexiva. Quem tem fé, tem certeza de algo. O Homem é religioso, e
a religião é a sua busca, mas a resposta é o fim ou objetivo final da religião.
Encontrando a resposta, a religião se torna o meio, não mais o fim da fé. Infelizmente
para muitos a religião se tornou a objetivo principal da própria religião,
exaltando os ritos, os símbolos e os credos. Então retornando a minha defesa da
teologia, como teólogo, reafirmo que é prudente e razoável que a teologia seja
sempre considerada, consultada e participante da discussão sobre a Religião,
pois Religião sem Deus não é Religião. Da mesma forma que não existe Religião
sem o Homem. Mesmo no conceito cristão, esta é uma realidade, pois a religião é
o “religare” ou seja, é a religação entre o homem e Deus, e faltando um dos
dois, não existe religação.
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