domingo, 25 de novembro de 2012

A Ciência da Religião e as outras Ciências Humanas


O campo da Ciência da Religião é uma área da ciência relativamente muito nova, apesar do assunto ser um dos mais antigos da terra. A Informática é uma tecnologia que criou um campo de conhecimento específico, mas é muito novo, a Religião está no homem desde que ele foi criado. O campo de conhecimento da Religião está intrinsecamente relacionado com a Teologia, pois a busca da Religião é o que a Teologia estuda, ou seja, Deus. Contudo como é um fenômeno humano, e não divino, pois Deus não se busca, pois Ele é completo em si, temos outros campos que auxiliam e estão ligados ao conhecimento da Religião. Temos a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia, cada ciência se mistura nos campos de conhecimento, pois estudam o homem considerando algum aspecto, mas são diferenciadas pelos objetivos ou pelos campos de análise e experimentação.  O Homem é um ser, por isto estudamos de forma antropológica, é um ser social, então estudamos de forma sociológica, é um ser Pessoal, por isto estudamos de forma psicológica, mas o homem também um ser Religioso, por isto temos que estudá-lo de forma religiosa. Estas ciências podem ser colocadas como Ciências Humanas, incluindo a filosofia, nesta ligação intrínseca. Poderíamos estudar a área social na antropologia, mas decidiu-se dividir, da mesma forma decidiu-se dividir o aspecto religioso. A questão de definir áreas de conhecimento é cultural e depende da cosmovisão. No passado especialmente no período da Idade Média quando a Ciência Moderna tinha sua formação, a Teologia era o campo que englobava todas estas ciências humanas. Era um pensamento lógico para a cosmovisão da época que tinha como fonte a idéia que a Religião era o centro da vida humana, portanto todas as ações sociais, psicológicas e até físicas tinham sua fonte e origem no fenômeno religioso. Como a sociedade européia cristã foi a que determinou a ciência moderna, sua mudança de cosmovisão também modificou a forma de estudar o homem. A sociedade moderna separou a religião da ciência, criando a idéia que o conhecimento pode ser adquirido sem a ajuda ou busca de Deus, que para um homem de formação cristã, nunca pode ser desassociado o conhecimento de Deus. Isto se deve a fé de que Deus é a fonte do conhecimento, lembrando dos conceitos filosóficos gregos, Deus é o Logos. Inclusive a Bíblia traz este conceito, afirmando que Jesus é o Logos encarnado. Numa visão de mundo cristã, o conhecimento sempre está ligado a Deus, então a teologia nunca poderia ser desassociada de qualquer campo das chamadas Ciências Humanas. Se o homem é a imagem e semelhança de Deus, e foi criado por Deus, então é lógico buscar em Deus o que somos, e por que somos. Ele é o criador, então Ele sabe e conhece o homem, melhor que o próprio homem. Inclusive considerando que Deus é onisciente, a busca do conhecimento em Deus é óbvia.  Hoje na cosmovisão pós moderna, a fé ou o fenômeno religioso tem sido mais valorizado, o que faz da ciência da religião um campo de maior pesquisa para os anseios da sociedade humana.

Para muitos falar de ciência e falar sobre Deus é errado ou é não científico, mas retirar o pensamento reinante na grande maioria da humanidade, seja atual, seja histórico, é desconsiderar o conceito científico da experimentação. Na experiência, deixando de lado as cosmovisões, incluindo aqui a cosmovisão modernista, que tenta isolar a teologia da ciência, o homem confirma a existência de Deus, e o fenômeno religioso é mais que um desejo, é uma constatação de uma necessidade. A necessidade é proveniente de subsistir ou de sobreviver, comemos para viver, bebemos para viver, e buscamos Deus para viver. Não há forma de viver, sem buscar a Deus, em nenhuma cultura, o homem conseguiu viver sem Deus, mesmo que a visão seja distorcida, Deus estará naquela cultura, em todas as épocas da história humana. Mesmo considerando a visão não provada e ilógica da evolução, ainda o homem-macaco é religioso na fantasia criada pela ciência da ficção científica que cria uma sociedade baseada em suposições, não em documentos ou fatos. O fato da sociedade de cosmovisão moderna, com uma ênfase no pensamento científico, a fé foi colocada como opositora, mas agora o homem tem percebido o que sempre soube que a fé é colaboradora, e necessária para a compreensão do homem, ou do conhecimento do homem. A oposição que foi uma reação a negação da possibilidade de discordar dos pensamentos da instituição católica. Não era uma reação a fé, ou a religião, mas como a religião era dominada por uma instituição, que se declarava a detentora da verdade, os homens que se declararam cientistas, promoveram uma nova “caça a bruxas”, agora numa visão modernista. A “caça” aos religiosos, que infelizmente ainda se percebe em muitos dos ambientes científicos. A oposição a religião ou a fé foi tão forte, que trouxe inclusive uma reação de defesa por parte da religião, que em alguns casos atacou fortemente a ciência, e outros casos tentou se aliar a ela. Na idade média a instituição dominante se defendeu de forma política, pois dominava a política, mas a reforma destruiu a dominação, e criou a possibilidade de apoiar a ciência. Por isto a maioria dos apoiadores no inicio da era moderna, foram de origem protestante. Os cientistas que ainda tem resquícios deste ódio contra a religião deveriam considerar que isto é contra a própria ciência, pois a ciência deve analisar, constatar e formular teses, sem preconceitos. Podemos ser objetivos e até afirmar o que os outros não concordam, mas temos que ter o discurso que mostre a afirmação. Neste texto mesmo, quando rebato a teoria da evolução, sou técnico ao dizer que é apenas uma teoria que nunca foi provada, e que se baseia apenas em suposições. Não há documentos históricos que abordam o assunto, mas a Criação é altamente citada, contada, reafirmada por povos antigos e novos. Porque a ciência humana se segurou no conceito evolucionista para criar suas bases? Não seria porque os preconceitos dos cientistas que odiavam a religião impuseram sobre os atuais cientistas. Se considerassem o criacionismo no mesmo patamar que o evolucionismo, os cientistas teriam mais possibilidades de buscar na fé, parte do conhecimento que tanto buscam. Por isto falo do fato discordante, para proporcionar o sentimento e assim criar a reflexão de qual é seu ponto de partida ao ler este texto. É cientifico, religioso ou harmonioso?

Então considerando os fatores aludidos acima, a Ciência da Religião deveria ser considerada de forma separada das outras ciências humanas. O pesquisador cientista deveria ser visto como um técnico da área. Os pesquisadores de outras ciências considerando a visão modernista de ciência, porque não podemos desconsiderar a realidade da cosmovisão atual da sociedade pós moderna, que já modifica alguns conceitos de ciência, podem contribuir e até participar do campo em estudo, a Religião. Contudo deveríamos buscar nos especialistas da religião, a formação de conceitos, e de material de estudo. Como não temos especialistas de fato, a maioria são pós graduados de um campo das ciências humanas. Então como não temos estes especialistas de fato, deveríamos considerar a participação dos pesquisadores provindos dos outros campos das ciências humanas. Contudo considerando que o fenômeno religioso é a busca de Deus, quem estuda sobre Deus é a Teologia, a Teologia é indispensável na formação da ciência da Religião. Pois quem é Deus, não só define a busca, como explica a busca. Seriam prudente e razoável de alguns sociólogos, antropólogos e psicólogos não retirar os teólogos da discussão do fenômeno religioso, mas alguns destes, e digo alguns, pois muitos cientistas tem finalmente se libertado da prisão do passado, a prisão do feridos. Esta é a prisão de todos que de alguma forma foram feridos por outros. Ela é criada porque o homem naturalmente procura se defender para sobreviver, e neste caso a Igreja, a Teologia e a Fé ou o fenômeno religioso recebeu a culpa pelos erros de uma instituição ou de instituições humanas que se diziam ou se dizem detentoras do domínio da religião. A religião não é da igreja, é do homem, mas a resposta está na Igreja, e digo isto na convicção cristã que tenho, pois não poderia esquecer que a fé é determinatória, não é relativa ou reflexiva. Quem tem fé, tem certeza de algo. O Homem é religioso, e a religião é a sua busca, mas a resposta é o fim ou objetivo final da religião. Encontrando a resposta, a religião se torna o meio, não mais o fim da fé. Infelizmente para muitos a religião se tornou a objetivo principal da própria religião, exaltando os ritos, os símbolos e os credos. Então retornando a minha defesa da teologia, como teólogo, reafirmo que é prudente e razoável que a teologia seja sempre considerada, consultada e participante da discussão sobre a Religião, pois Religião sem Deus não é Religião. Da mesma forma que não existe Religião sem o Homem. Mesmo no conceito cristão, esta é uma realidade, pois a religião é o “religare” ou seja, é a religação entre o homem e Deus, e faltando um dos dois, não existe religação.

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