Considerando que todo
grupo humano tem processos de condicionamento para criar uma forma de produzir
o controle do grupo, relacionamos algumas ferramentas principais utilizadas
para aprisionar um individuo dentro do grupo. Apesar de muitas vezes utilizarmos
este discurso para delimitar os adeptos de uma seita, concluímos que o processo
é muito mais amplo, e não pode ser aplicado somente ao grupo que chamamos
“seita”. Antigamente utilizávamos o termo “seita” para um grupo dissidentes, ou
separatista que seguia uma doutrina “herética” ou considerada “herética”. É
interessante que muitos destes grupos após um período histórico ou de adaptação
ao sistema religioso reinante, foram considerados igrejas ou até “avivamentos”,
ou ainda “reformas de um sistema religioso”. É fato que o diferente é
normalmente rejeitado, especialmente se este diferente é contrário a opinião do
grupo reinante, ou dos lideres reinantes.
Por este motivo tenho
observado que nossa Apologética Cristã tem seguido um caminho diferente ao
caminho que a Igreja do período da Idade Média e Primitiva seguiu. Antes o
pensamento estava mais ligado ao teológico, que seria um discurso mais baseado
na fé, no credo, na doutrinas bíblicas. Para isto tínhamos estudos aprofundados
que mostravam o erro daquilo que foi chamado de “heresia”. Estes estudos foram
inclusive a base para a teologia sistemática, com inicialmente os credos e as
confissões. Hoje, no entanto um novo fenômeno se observa, com um discurso mais
psicológico, talvez pelo conhecimento da ciência da psicologia que se
estruturou como um campo separado da teologia. Antes não se conseguia pensar no
homem como um ser separado entre a alma e o espírito. Hoje parece que querem
dividir a “psique”, do “pneuma”, mas a própria Bíblia diz que somente a Palavra
de Deus tem o poder de “dividir alma e espírito”. Pensar na “psique” do homem
sem pensar no seu sentido religioso ou imaterial ou espiritual, é dividir o
indivisível.
Contudo verifico a
necessidade de criar um novo discurso apologético para perceber as formações de
grupos religiosos, que tem mais ligações sociais que espirituais. Neste caso
apesar da dogmática poder seguir uma linha correta ou aceitável dentro dos
padrões bíblicos, a linha de unidade sociológica pode estar deturpada, no que
concerne aos padrões de relacionamento humano estabelecido por Deus. Neste
caso, mesmo que pessoas creiam de forma correta com relação à doutrina bíblica,
considerando os níveis de aceitabilidade do processo de salvação, mesmo assim
podem estar se tornando uma “seita” no aspecto sociológico e psicológico.
Considerando este aspecto, gostaria de sugerir que deveríamos reformular nosso
conceito de “Seita”. Na verdade, creio
que este conceito já foi reformulado, mas muitas vezes não se percebe esta
mudança, neste mundo que passou da modernidade, para a pós modernidade.
Seita
é um grupo que segue uma crença que produz o afastamento e até o rompimento do
padrão bíblico de relacionamento com Deus e com o Próximo.
Neste caso colocamos a
análise teológica, junta com a análise antropológica, considerando os aspectos
sociológicos e psicológicos como fatores unitários para julgar o grupo que está
sendo considerada uma seita. Neste caso mesmo que o grupo siga todos os
aspectos dogmáticos, que são estudados na teologia, teriam também que seguir
também os aspectos de relacionamentos. Consideremos o AMOR na dogmática e
prática cristã como o aspecto fundamental que deve criar os relacionamentos,
seja com Deus, seja com o próximo. Quando o dogmático cria uma vertente que
impede a manifestação plena do Amor, podemos perceber uma vertente com
pensamentos heréticos ou de aprofundamento numa linha fanática ou desprovida da
fonte do cristianismo que é o Amor. Deus é Amor, e a forma mais clara do
evangelho é o “o porquê Deus amou e deu seu Filho Unigênito, para que todo
aquele que n’Ele crê, não pereça, mas
tenha a vida eterna”. Creio que aqui está à base da análise teológica, o AMOR
foi o ponto fundamental do evangelho, e toda dogmática deveria ter como base o
“ferir o principio do amor”. Uma dogmática que exclui o amor como a base do
evangelho, pode levar a um legalismo intolerante e inclusive herético. Incluo
aqui a analise da expressão de Deus, que deveria sempre ser fundamentada na
revelação da humanidade de Cristo. Cristo na terra era Deus sendo manifesto, e
isto deve ser então a base para interpretar Deus durante toda Bíblia, pois Deus
não muda, e Jesus é Deus na terra. Jesus foi a plena manifestação de como Deus
se relaciona com o Homem. Ao olhar para o Jesus julgando a adultera que os
homens trouxeram, cheios de atitude religiosa, vemos como Deus age.
Neste caso faço duas as
minhas observações neste texto, primeiro como já disse é a proposta de uma nova
conceituação de “Seita”, e segundo é uma nova visão de análise teológica sempre
considerando o “relacionamento guiado pelo amor” como a forma mais concreta e
correta de verificar a discordância doutrinaria.
Heresia
é o entendimento e interpretação errôneo das Escrituras Sagradas, a Bíblia,
considerando sempre o impacto desta doutrina na criação de um relacionamento de
amor produzido com Deus e com o próximo.
Neste caso, uma
doutrina ou dogmática que afaste o principio básico que Deus é amor, e se
relaciona com amor com o homem, e ordena que o homem se relacione com Ele e com
o próximo em amor, pode ser considerado uma doutrina herética. Mesmo que a base
do pensamento sobre o amor seja sua soberania, e tenha no final um fim da
bondade, misericórdia, paz, benignidade e fidelidade.
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