Versículos e textos bíblicos comentados :
Romanos 16:17, I Coríntios 5: 9 a 13; e II João – O Princípio da Separação
Romanos 16:17 e I Coríntios 5: 9 a 13 – O Princípio da Separação
Estes dois textos tem sido muito usados para promover o afastamento de “irmãos” na igreja. Porque dois versículos são mais fortes que uma multidão de versículos que promovem a reconciliação, o amor entre os irmãos, a unidade? Será que estes versículos são a base do evangelho, ou apenas uma ponta? Porque pessoas insistem em apontar mais para a separação do que para a união? Será que é o medo de ser influenciado e assim perder a salvação, mas que arriscar para ajudar alguém? Vamos estudar estes dois textos, començando por Romanos 16:17:
“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Será que o Senhor inspirou o apóstolo Paulo para produzir um texto que promoveria divisão e afastamento de irmãos? Será que o objetivo deste texto é afastar os que “promovem divisões e escândalos”? Seria para proteger os que têm a “doutrina”? Ou seria para proteger a “doutrina”? Boas perguntas talvez sem resposta, mas com certeza sempre o objetivo das Escrituras Sagradas é aproximar o homem mais de Deus.
Temos algumas traduções do versículo:
Almeida Corrigida Fiel (ACF): “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Corrigida (C): “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Revista e Atualizada (A): “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles”.
Linguagem do dia de Hoje (LdH): “Meus irmãos, peço que tomem cuidado com as pessoas que provocam divisões, que atrapalham os outros na fé e que vão contra o ensinamento que vocês receberam. Afastem-se dessas pessoas”.
Nova Versão Internacional (NVI): “Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles”.
O texto no original de Romanos 16.17 diz:
Παρακαλϖ δέ ΄υμάς ΄αδελφοί σκοπεϊν τούς τάς διχοστασίας καί τά σκάνδαλα παρά τήν διδαχήν ΄ήν ΄υμειίς ΄εμάθετε ποιοϖντας καί ΄εκκλίνατε ΄απ΄ αύτϖν.
Transliterado diz:
PARAKALO DE HUMAS ADELFOI SKOPEIN
TUS TAS DIKHOSTASIAS KAI TA SKANDALA PARA TEN DI-
DAKEN EN HUMEIS EMATHETE POIUNTAS KAI EKKLINATE AP’
AUTON.
A palavra principal para ser analisada é EKKLINATE que vem do verbo EKKLINO que conforme o dicionário é: Έκκλίνω = desviar-se, separar-se. Rm.16.17; 1 Pe 3.11; Rm 3.12.
Fica claro que o conselho é desviar ou separar-se dos que “promovem divisões e escândalos contra a doutrina”. A outra palavra importante é ADELFOI que significa “irmão”. Esta palavra determina o tipo de pessoa que deve ser observada, pois são os “irmãos” que devem notar os que estão no meio da igreja. É uma referência a “irmãos”, ou seja, cristãos, ou ainda pessoas que são parte da igreja, pessoas nascidas de novo. Neste caso “afastar” ou “desviar”, ou ainda “separar-se” de pessoas que não são cristãs, porque elas promovem divisões e escândalos contra a doutrina, ou seja, contra a mensagem que a igreja prega, não está sendo apoiado pelo texto. O texto de 1 Coríntios 5:10 é claro sobre este assunto: (I Coríntios 5:10) – “Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo”. O único assunto a ser discutido neste texto é o “afastamento” de “irmãos” que produzem “divisões e escândalos”, contra a mensagem ensinada, ou a doutrina. Qualquer cristão que se afastar do mundo, porque o mundo persegue, difama, aprisiona, promove divisões até conscientes para destruir a igreja, não pode se apoiar neste texto para deixar estas pessoas. Se o mundo “ataca” a igreja, isto é parte da normalidade da vivência cristã, pois assim fizeram contra o Senhor Jesus, e assim farão contra todos que seguem Jesus. Jesus, no entanto, ordenou o IDE ao mundo.
A mesma palavra para desviar ou separar em Romanos 16:17, estão em 1 Pedro 3:11 e Romanos 3:12, vejamos os textos:
(I Pedro 3:11) - Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a.
É bem interessante que o apartar do mal é a mesma palavra para apartar do provocador, mas o verso também segue “faça o bem, busque a paz e siga-a”, isto sem dúvida é o conselho para ajudar os que são afastados, cortados, ou separados.
(Romanos 3:12) - Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
Todos que se apartam. Aqui vemos a mesma palavra demonstrar que a pessoa pode se separar, por decisão própria.
O tipo de pessoa que promove “divisão e escândalo” é especificado no próximo versículo: (Romanos 16:18) – “Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples”. Então estas pessoas mesmo sendo da igreja, estão enganadas pensando que servem a Deus, entretanto o texto diz que eles servem a si mesmo. Outra característica destas pessoas é utilizar de palavras suaves e lisonjeiras para enganar. Sem dúvida é importante determinar características para estes provocadores. Mas dois outros tópicos são importantes de determinar: quem deve notar os provocadores e qual é a doutrina ensinada.
Quem deve notar são os “irmãos”, isto significa todos da igreja, e não é uma prerrogativa dos lideres, portanto qualquer cristão tem esta autoridade. Um líder pode também estar promovendo a divisão e o escândalo.
Qual é a doutrina? Conforme o texto é a distorção da doutrina o elemento motivador que promove o afastamento dos promovedores do resto da igreja. Então descobrir qual é a doutrina ensinada é fundamental para descobrir a distorção. A doutrina que aprenderam é uma citação sem definição especifica no texto, apenas é uma citação a tudo que é ensinado pelo evangelho de Jesus Cristo. Então a determinação da doutrina pode ser algo muito contraditório, pois existem sempre várias correntes teológicas sobre vários temas. Portanto separar-se de alguém que é considerado um provocador, deveria ser apenas em casos muito escandalosos, e para aqueles que realmente têm atitudes contra o evangelho de Jesus. Quando alguém afirma ser o “dono” da doutrina pura, pode-se até considerar esta pessoa uma pessoa que pode ser o provocador, pois o orgulho é uma marca dos provocadores.
Temos outro texto que trata da separação de provocadores, é o caso do homem que promoveu um escândalo sexual com sua mãe, que talvez pode ter sido sua madrasta. O Apóstolo Paulo foi muito direto com a situação, e temos a determinação de separação na carta aos Coríntios. (I Corintios 5:1) – “GERALMENTE se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai” A continuação do texto trata da separação:
(I Corintios 5:9) - Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;
(I Corintios 5:10) - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.
(I Corintios 5:11) - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
(I Corintios 5:12) - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?
(I Corintios 5:13) - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.
Encontramos aqui o único exemplo real de uma separação na igreja, que poderia ser considerado uma exclusão. Este sem dúvida produziu um escândalo. Mas existe outros casos que podem ter produzido divisões, como outros casos citados por Paulo.
O texto de Coríntios fala sobre que este tipo de atitude não está ligado com pessoas do mundo, os que não são cristãos verdadeiros, na verdade chega a fazer uma lista de não cristãos com erros considerados muito ruins até para os padrões normais do mundo atual: “Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.”
Então mais uma vez estamos com uma atitude de separação que pode ser usada com um objetivo, mas qual é o objetivo da separação na igreja? Seria para castigar o promovedor? Para proteger a Igreja? E o castigo teria qual o objetivo, caso seja o objetivo? Um castigo para vingar o pecado? Mas a vingança não pertence ao Senhor? O castigo não seria como um “castigo da vara da correção” para corrigir o pecador? E quando alguém usa um castigo que traz dor, como a vara, o aplicador deixa de conversar ou demonstrar o amor para com seu filho castigado? Fustigar a vara com ira, não é algo condenado pela própria palavra de Deus?
Se o texto de I Coríntio 5 é usado para promover a separação de algum membro da igreja, ou cristão, então a continuação do que aconteceu com o separado deve ser considerada. Na segunda Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo diz: (II Coríntios 2:5) – “Porque, se alguém me contristou não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos. (II Coríntios 2:6) - Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. (II Coríntios 2:7) - De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. (II Coríntios 2:8) - Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor”.
A importância da preocupação com a pessoa que está sendo separada por motivo de um pecado escandaloso, ou de divisões na igreja, que não tem sido permitido ajuda do provocador, é extremamente necessária. Aqui o Apóstolo Paulo demonstra que existe um acompanhamento para que o separado não seja consumido pela tristeza da separação. Então se alguém produz separação e isto está consumindo o separado, a separação não está produzindo o resultado que é desejado por Deus. E se o castigado não é acompanhado em seu momento de separação, esta separação será destruidora e não restauradora. A destruição do provocador ou do separado é um objetivo que não vem do amor de Deus, vem do diabo, pois Deus quer restaurar, não destruir. A busca pelo perdão e consolo é o objetivo final. Não a destruição pela tristeza. Se alguma separação tem o objetivo de destruir o separado, esta separação não vem de Deus, vem do inimigo de Deus, que veio para matar, roubar e destruir. Deus veio para perdoar e consolar conforme o próprio texto estudado.
Vejamos as palavras nos textos originais do grego coinê, dos dois textos de Coríntios:
(I Corintios 5:9) - Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; (I Corintios 5:10) - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. (I Corintios 5:11) - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. (I Corintios 5:12) - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? (I Corintios 5:13) - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.
dizendo-se irmão – v.5:11
O texto no original como veremos abaixo é ADELFOI como é usado em Romanos. O texto em Coríntios diz que este provocador se diz irmão, e ele será tratado como irmão, conforme o texto, pois somente Deus é que poderá determinar quem é irmão e quem não é irmão. O verso 13 diz que Deus julga os de fora sobre o pecado e salvação, mas a igreja julga sobre erros dos membros da igreja, mas isto não significa que a igreja faz o julgamento sobre a salvação deste membro, ou de qualquer um. É apenas para a disciplina na igreja, para o testemunho diante do mundo, e para proteção da igreja e do próprio provocador.
No original 1 Cor. 5.9 a 13
9 ̓έγραψα ͗υμϊν ̓εν τή ̓επιστολή μή συναναμίγνυσθαι πόρνοις. (EGRAPSA ÜMIN EM TEH EPISTOLEH MEH SÜNANAMIGNÜSTHAI PORNOIS)
10 καί ού πάντως τοϊς πόρνοις τοϋ κόσμου τούτου ̓ή τοϊς πλεονέκταις ̓ή ̓άρπαξιν ͗ή ε͗ιδωλολάτραις ͗επεί ̓ οφείλετε ̓άρα ̓εκ τοϖ κόσμου ̓εξελθεϊν. (KAI HOÜ PANTÖS TOIS PORNOIS TOÜ KOSMOÜ TOÜTOÜ Ë TOIS PLEONEKTAIS Ë ÄRPAKSIN Ë EIDÖLOLATRAIS EPEI OFEILETE ÄRA EK TOÖ KOSMOÜ EKSELTHEIN).
11 νϋνί δέ ͗έγραψα ύμϊν μή συναναμίγνυσθαι ͗εάν τις ͗αδελΦός ͗ονομαζόμενος ͗ή πόρνος ͗ή πλεονέκτης ͗ή ε͗ιδωλολάτρης ͗ή λοίδορος ͗ή μέθυσος ͗ή ͗άρπαξ τώ τοιούτώ μηδέ συνεσθίειν. (NÜNÍ DE EGRAPSA HUMIN MË SÜNANAMIGNÜSTHAI EAN TIS ADELFOS HONOMAZOMENOS HË PORNOS HË PLEONEKTËS HËS EIDÖLOLATRËS HË LOIDOROS HË METHÜSOS HË ARPAKS TÖ TOIOÜTÖ MËDE SUNESTHIEIN).
12 τί γαρ μοι καί τούς ͗έξω κρίνειν ο͗υχί τοΰς ͗έσω ͗υμεϊς κρίνετε. (TI GAR MOI KAI TOÚS HEKSÖ KRINEIN OÜKHI TOUS HESÖ HÜMEIS KRINETE).
13 τοΰς δέ ͗έξω ͗ο Θεός κρινεϊ καί ͗εξαρεϊτε τόν πονηρόν ͗εξ ͗υμϖν α͗υτϖν. (TOÚS DÉ HEKSÖ HO THEOS KRINEI KAI EKSAREITE TON PONERON EKS HÜMÖN HAÜTÖN).
não vos associeis com os que se prostituem – v. 5:9
não vos associeis com aquele – v.5:11
Nos dois versos a palavra é a mesma: συναναμίγνυσθαι, que transliterado é: SÜNANAMIGNÜSTHAI e conforme o léxico é: Συναναμείγνμι (SUNANAMEIGNMI) = misturar com, pass. Unir-se ou associar-se com – 1 Co 5.9,11; 2 Ts 3.14.
Misturar, unir, e associar, e vemos a mesma palavra em 2 Ts. 3.14 =
(II Tessalonicenses 3:14) - Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.
Verificamos então o mesmo ensinamento de separação de alguém que não obedece, ou seja, é um tipo de rebelde. Entretanto temos aqui em Tessalonicenses duas realidades. A primeira é que objetivo da não associação, ou união, ou ainda mistura, é para que o separado sinta vergonha. A vergonha é um sentimento que somente pode acontecer em alguém que sente que errou e foi exposto. O segundo é o texto seguinte: (II Tessalonicenses 3:15) – “Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão”. Este texto mostra que este cristão ou irmão em Cristo, não deve ser tratado ou considerado um inimigo, mas tratá-lo como um irmão. Este texto então se aplica ao acontecimento de Coríntios e também Romanos. O provocador que foi separado não é um inimigo, mas um irmão que precisa de ajuda, se não for irmão, não pode ser separado ou “cortar” qualquer contato com ele, pois todos os não cristãos são pessoas que Deus deseja alcançar.
Vemos em Romanos e em Coríntios as duas atitudes básicas da separação: separar – que significa uma atitude de afastamento para com o provocador, e não associar – que significa uma atitude de afastamento do grupo. Entretanto é importante sempre observar que o objetivo é a restauração, não a destruição do separado. Estes textos têm sido muito usados para determinar o que é chamada pela igreja institucional de exclusão. Contudo qual tem sido o objetivo da separação? E como tem sido a proteção do separado?
Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo – v. 5:13
A palavra “Tirai” é EKAIRO, que significa: Εξαίρω = Remover – 1 Co 5.13; 5.2 v.1.
Esta palavra também está em (I Coríntios 5:2) – “Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação”. Tirar é remover, ou fazer que o separado esteja fora da comunhão da igreja. Mas isto significa não poder mais conversar com esta pessoa? Não poder mais conversar com ela? O texto não determina isto, e nenhum texto dá este tipo de permissão a igreja. Ele apenas orienta a separação, mas não uma atitude de desprezo e menosprezo.
O segundo texto analisado é:
(II Coríntios 2:5) – “Porque, se alguém me contristou, não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos. (II Coríntios 2:6) - Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. (II Coríntios 2:7) - De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. (II Coríntios 2:8) - Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor”.
No original o texto transliterado de II Cor. 2: 5 a 8 é:
5 EI DE TIS LELÚPËKEN OÚK HEME LELÜPËKEN HALL HAPO MEROÜS HINA MË HEPIBARÖ PANTAS ÜMAS.
6 HIKANON TÖ TOIOÚTÖ HË HEPITIMIA AÜTË HË HÜPO TÖN PLEIONÖN.
7 HÖSTE TOÜNANTION MALLON HÜMAS KHARISASTHAI KAI PARAKALESAI MËPÖS TË PERISSOTERA LÜTË KATAPOTHË HO TOIOÜTOS.
8 DIO PARAKALÖ HÜMAS KUROSAI EIS AÜTON AGAPEN.
A palavra mais importante deste texto é a última: AMOR, e Paulo roga. Paulo roga para que a igreja confirme para com o separado o AMOR. Amor aqui é AGÁPE, o amor sacrificial, o amor de Deus para com o homem.
Qual o princípio da separação? É o amor, a vingança, o medo, ou o desprezo? Sem dúvida é unicamente o AMOR.
O Princípio da Separação em II João
(II João 1:5) - E agora, senhora, rogo-te, não como se escrevesse um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros.
Mais um texto para analisar o princípio da separação depois que já estudamos em Romanos 16 e 1 Coríntios 5 este princípio. Assim como fizemos com os dois outros textos, vejamos no original este texto que o apóstolo João escreveu para uma presbítera como está no original, ou uma senhora (anciã) que aparentemente cuidava de uma igreja, era uma “eleita” para algo, talvez somente uma referência a sua salvação, ou para a sua liderança.
Antes de João falar sobre o tema abordado, que é “separação”, ele fala sobre o amor. Como o assunto da separação não é o assunto principal do texto, mas apenas uma parte, nós não podemos desvincular o assunto principal que o apóstolo João aborda, que é o amor, e na verdade nunca compreenderemos a “separação”, sem o amor. Biblicamente podemos tirar uma conclusão que antes de falar sobre a “separação”, é importante aprender sobre o amor, e muito mais é importante “andar no amor”, como João disse: “E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele”. (II João 1:6) O mandamento que João disse é o amor. Que amor é este mencionado neste versículo? A palavra é AGÁPE, o amor de expressão divina, diferente de “amor fraternal” (FILEO) ou “amor físico” (EROS). No versículo, o apóstolo João usa também a palavra “princípio”, ou seja, “início”, que é a palavra ARCHÊ, a mesma palavra usada por ele no evangelho quando disse que no “princípio” era o Verbo, ou a Palavra (LOGOS). Este “princípio” ou inicio é no começo de tudo, quando Deus criou os céus e a terra, e o homem. Então este mandamento é o fundamento de todos mandamentos, é a base de como devemos andar. Então não podemos continuar no ensinamento que João passou a dar para os cristãos, através da senhora eleita, se não entendermos o que é andar em amor (AGÁPE). Portanto antes de pensar nos assuntos secundários dos próximos versículos, vamos sempre usar o amor como o “padrão” para o entendimento deste ensino de João. Tudo que impede ou luta contra o amor, impede a compreensão da “separação” mencionada no texto.
Então surgem algumas perguntas do texto que veremos abaixo: Há algum amor em separar-se de outra pessoa? Deus tinha o propósito de dividir a igreja entre os crentes santos e os crentes não santos ou crentes que são enganadores? Seria amor separar os enganadores? Quem são os enganadores? Quem pode definir quem são os enganadores? Qual é a característica ou características dos enganadores que este texto diz? Podemos aplicar este texto a todo que não concorda conosco ou com nossa igreja? Qual é a doutrina de Cristo? Quem vai determinar ela? Quem tem a doutrina pura de Cristo?
(II João 1:7) - Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo.
Este enganador está sendo definido de uma forma muito clara: Ele é o que não confessa que Jesus Cristo veio em Carne. Então qualquer um que confessa não é este enganador ou o anticristo, como depois foi acrescentado. Uma pessoa que confessa ou reconhece que Jesus é aquele que veio em carne, não pode ser classificado nesta classe, nem nas próximas regras de separação. Estes enganadores entraram no mundo (KOSMOS), não estão especificamente na igreja, mas atuam na igreja.
A palavra grega para “enganador” é PLÁNOI, que significa: “enganador, impostor”, e é usado em também em Mt. 27.63; e 2 Co. 6.8. Vejamos os textos:
(Mateus 27:63) - Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei. Aqui os Fariseu e Saduceus usaram a mesma palavra para definir a Jesus, chamando-o de enganador. Por isto, podemos concluir que a definição clara, é a usada por 2 Jo. 7, não a de alguém que não concorda conosco, ou que prega algo que não cremos. Todos nós sabemos que Jesus não era um enganador, mas os religiosos intitularam Jesus, pois não concordavam com ele. Quantos infelizmente fazem isto na igreja? Devemos ter muito cuidado em classificar uma pessoa de enganador, e utilizar este texto para “cortar” o contato com pessoas. Os Fariseus e Saduceus fizeram isto com Jesus, e estavam enganados.
(II Corintios 6:8) - Por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; Agora é Paulo que diz que eles assim como outros pregadores do evangelho podem estar sendo chamado de enganadores, mesmo sendo verdadeiro. Isto mostra como a igreja pode se enganar, pensando que alguns são enganadores, quando não são, por isto vamos nos limitar apenas a definição de 2 João 7. Não vamos aumentar o sentido de enganador para englobar as pessoas que não gostamos aquelas que consideramos problemáticas, que não concordam conosco, aquelas que se desviaram, que nos feriram ou magoaram, que dividiram a igreja, ou outra classe que queremos incluir. Vamos ficar apenas no que o texto de 2 João 7 diz.
Outro fator a ser verificado é que estes “enganadores” entraram no “mundo”, que é KOSMOS, no grego. Aqui não define que estes enganadores, estão na igreja, mas sim que estão no mundo. A questão de estar na igreja pode ser ampliada, mas não definida como única realidade. O mundo aqui pode ser no sentido de toda sociedade humana, ou de sociedade humana sem Deus. Como não é uma definição específica, não vamos definir, mas abrir para a possibilidade de ter ou não ter pessoas que são da igreja.
Em 2 João 8 o texto continua: Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão. O apóstolo João continua falando para que os crentes, os nascidos de novo, que ele está escrevendo a carta, ou seja, a igreja, não perca o que tem ganhado. É uma advertência antes de falar do assunto que estamos abordando, que é a separação. E esta sempre será a advertência antes de “separar”, qualquer pessoa, olhe primeiro para você, antes de ver o engano nos outros. E nunca se esqueça do mandamento maior que é o amor, antes de decidir “separar” alguém.
Agora em 2 João 9, o apóstolo João diz: Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Esta afirmação segue a admoestação de estar julgando a si mesmo, e é uma continuação desta fala, quando João adverte que para ser de Deus, o cristão precisa perseverar na doutrina de Cristo. E a doutrina de Cristo, é aquela que ele está defendendo de forma ampla acima. A única doutrina específica mencionada neste texto até agora é o mandamento que desde o princípio foi ensinado, ou seja, o mandamento de amar. Seria esta a verdadeira doutrina de Cristo que João está se referindo. Não podemos incluir aqui nesta “doutrina de Cristo”, os credos denominacionais, ou as doutrinas defendidas por movimentos cristãos, temos que ficar dentro do texto. Poderiamos ampliar apenas para uma compreensão maior, de que “doutrina de Cristo”, é a doutrina acerca de Cristo, ou seja, que o Cristo veio a este mundo em carne. Porque veio? Veio por que Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna.
Definir doutrina de Cristo, como as doutrinas de uma determinada denominação, igreja ou grupo cristão é “forçar” o texto. A única forma de interpretar é usar o que o texto está falando.
Chegamos agora a 2 João 10 e 11 que diz: Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras. Agora estamos diante do texto que realmente estamos abordando neste texto, e trata da “separação”. A pessoa aqui é citada como “alguém”. Este “alguém” no original é TIS, que é um pronome indefinido: “qualquer um, alguém”. Não existe uma definição de quem é esta pessoa, pode ser da igreja ou de fora da igreja, mas sem dúvida é alguém que traz uma “doutrina” parecida com a de Cristo. Então este “alguém” está em contato com a igreja, e quer introduzir uma doutrina que não é a de Cristo. Este “alguém” pode ser ligado apenas ao “enganador” dos versículos acima. Alguém que traz um tipo de doutrina que retira a verdade da encarnação de Jesus. Paulo em 2 Tim 3.16 diz que Jesus é “aquele que foi manifesta em carne” e em várias outras declarações Paulo afirma que Jesus veio em carne. Sabemos historicamente que João estava se referindo a falsa doutrina do docetismo que negava a realidade da carne, assim como o gnosticismo que defendia que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação era apenas aparente. Estas linhas de pensamento se formaram no primeiro século e foram se manifestar com grupos no segundo século. Estas eram doutrinas que não participavam da “doutrina” de Cristo, pois negava o amor da vinda do Filho de Deus ao mundo. Quando se nega que Jesus veio em carne, se nega o amor de Deus, em ter se tornado um homem, morrido e ressuscitado.
O texto fala que este “alguém” estava vindo para introduzir uma doutrina falsa. Este “Vir”, no original é ERKHOMAI e significa “vir a público, aparecer, vir perante a”. Vemos agora que este “alguém” vem de forma publica ou decidida para trazer esta doutrina que vai contra a doutrina de Cristo, ou seja, a doutrina do Amor de Jesus Cristo, que veio em Carne para salvar a humanidade. Não podemos aumentar o “alguém” para incluir todos que são indesejáveis. Devemos na verdade restringir somente ao que diz o texto, para poder ter a possibilidade de não separar de ninguém, e ter a oportunidade de levar todos ao arrependimento.
Podemos então chegar à conclusão que a verdadeira doutrina de Cristo é o amor de Deus sendo derramado por meio de Jesus, o seu Filho que veio ao mundo em carne, ou em forma humana, com um corpo físico, morrendo numa cruz para ser nosso substituto, pagando o preço do pecado da humanidade, e posteriormente ressuscitando dentre os mortos, com um corpo e como um homem, e oferecendo a salvação a todo homem que crer para ser como Jesus, amando a Deus sobre todos, e ao próximo como a si mesmo. A doutrina de Cristo não é o credo de uma denominação, ou de um grupo cristão como já falamos, não é nada que não seja o que é de fato a mensagem do evangelho. Muitos querem colocar usos e costumes culturais como a doutrina de Cristo, ou colocar correntes teológicas sobre escatologia, soteriologia, eclesiologia, e bibliologia como a doutrina de Cristo, e não são. Aqui a doutrina de Cristo para determinar o “enganador” tem que ser o texto que o versículo está inserido.
Considerando todo contexto já mencionado acima da compreensão da doutrina de Cristo, do “alguém”, ou do “enganador”, podemos analisar o ensinamento de João sobre a separação da pessoa que traz uma doutrina diferente que não confessa que Jesus veio em carne, ou nega o amor de Deus para com os homens. Como deve ser a separação com esta pessoa? Vejamos as palavras no original: “... não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” = MÉ LAMBÁNETE AUTON EIS OIKIAN KAI KHAIREIN AUTO MÉ LEGETE. HO GAR LEGON AUTO KAIREIN KOINONEI TOIS ERGOIS AUTOU TOIS PONEROIS.
Então o texto utiliza a palavra LAMBANETE que significa: “receber, tomar, pegar, apossar-se”. O sentido desta palavra é maior que deixar entrar em sua casa, está ligado a não fazer desta pessoa um morador de sua casa. A palavra KHAIPEIN significa: “saudar, dizer bom dia ou como vai?”. Então é muito claro que realmente a recomendação apostólica para os que trazem uma doutrina contrária a doutrina de Cristo é muito forte. João realmente ordena que em suas casas ou “lares” não seja recebido estas pessoas, e também não seja saudado. Cremos que podemos parar por aqui, não acrescentando nenhuma outra forma de separação. E, além disto, é necessário que o “alguém” seja muito bem encaixado no contexto do texto de 2 João.
A Igreja deve acima de tudo enfatizar o amor que reconcilia e aproxima de todos, muito mais que a separação. Os poucos textos que falam de separação de pessoas deveriam ser os menos enfatizados, e apenas utilizados em casos extremos e muito bem julgados por uma liderança séria e descomprometida com a situação. Muitas vezes lideranças da igreja que foram ofendidas, ou diretamente afetadas por pessoas são os juízes que determinam o tal “alguém”, o que conforme os juristas é algo inaceitável. Tudo deveria ser feito para aproximação e reconciliação, além da necessidade de evangelização de “alguéns” que podem ser parte deste grupo considerado “perigoso” pelo apóstolo João. O termo final é KOINONIA, traduzido como “tem parte”. João diz que quem recebe este “alguém” tem comunhão com as obras más deste “alguém”. Portanto demonstra uma unidade com esta pessoa. Em nenhum momento João demonstra que devemos perseguir este “alguém”, ou que devemos “ser mal educados”, “intolerantes”, “tenhamos ódio deles”, “desejemos o mal para eles”, ou ainda que “os amaldiçoemos”. Isto é contra a fé cristã, e o amor Cristão. Por isto apenas nos limitamos às duas recomendações de João, e que seja a última situação.
No fim de tudo, podemos lembrar que o Amor é à base de tudo, não existe separação promovida pelo ódio, vingança, antipatia, medo, falta de perdão, ameaça, ou qualquer outro sentimento e motivação que não nos aproxime do amor. O amor encobre multidão de pecados, e “vira o rosto ao ofensor”. Amai, não separai, mas se for separar, ainda amai na esperança da reconciliação e arrependimento.
Terminando estes textos abordados neste tema que intitulamos de “princípio de separação”, reafirmamos que estes textos foram escritos para chamar a atenção da liderança para a necessidade de cuidar do povo de Deus. Entretanto toda ação de disciplina ou de orientação deve ser feita em cima do amor cristão, esperando que os afetados serão restaurados e que em breve a separação terminará.
É certo que dentro do cristianismo corremos muitos perigos. Não existe divisão entre irmãos, existe o verdadeiro e o falso. Em Apocalipse Jesus fala bem da Igreja de Éfeso por não aceitar os ensinamentos dos nicolaítas. Mas repreende a igreja de pérgamo por aceitar o ensinamento desses mesmos nicolaítas.
ResponderExcluirO Apostolo Paulo chama a atenção de Timóteo dizendo:
O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns ABANDONARÃO a fé e SEGUIRÃO espíritos enganadores e a ensinamento de demônios.
Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada
1 Timóteo 4:1,2
Paulo também chama a atenção dos Colossenses dizendo:
Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.
Colossenses 2:8
O QUE ESTÃO FAZENDO FOI O QUE CRISTO DISSE E MANDOU?
ENTÃO CUIDADO A QUEM ESCUTAMOS E SEGUIMOS. Amar o próximo não é compactuar e aceitar o erro, mas dizer lhe a verdade do Reino de Deus, ainda que não aceitem, como os Fariseus fizeram com os Apóstolos.
Muito bom
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