quinta-feira, 25 de abril de 2013

Ciência e Religião inimigas ou aliadas?


Quero começar estes textos de reflexão considerando a história da Psicologia, que é uma das ciências humanas. Na história da psicologia podemos ver a história do relacionamento entre a Religião e a Ciência. 
A Psicologia divide sua história em quatro etapas:

  1. Espiritual – Religioso
  2. Filosófico – Religioso
  3. Cientifico - Ateísta
  4. Cientifico – Fenomenologista

  1. Espiritual – Religioso:

Este primeiro período, o maior da humanidade, é o que compreende da criação da humanidade até a civilização grega. Em termos de anos temos de pelo menos 4 mil a.C. até 500 a 300 a.C., ou 3.500 anos da humanidade.
Este período se caracteriza pela ligação da psicologia ao serviço religioso. Os sacerdotes prestavam serviços de aconselhamento, de tratamentos psicológicos e até de tratamento médico, que incluía doenças e distúrbios mentais. Alguns dos tratamentos psicológicos eram exorcismos ou feitiçaria, que envolvia o inicio da Farmacheia ou Farmácia (manipulação de medicamentos).
Neste período o homem sempre ligou os problemas psicológicos sejam eles físicos ou da alma como problemas espirituais. As doenças mentais e os distúrbios mentais teriam origens ou causas espirituais. Por isto os tratamentos estavam ligados a rituais, poções mágicas, orações, e atos religiosos.

  1. Filosófico – Religioso:

O Segundo período foi da civilização grega até o tempo do Renascimento. Um período de 2.300 anos foi o segundo maior período da humanidade. Com a chegada do pensamento filosófico, a religião foi apoiada pela filosofia que era também parte da Religião. Mas os novos conceitos traziam a idéia da observação dos fenômenos naturais como parte da compreensão do universo, e não somente a fé religiosa.
O Homem que já tinha muitas técnicas de medicina, especialmente os egípcios, babilônios, medos-persas, chineses, e outros, começaram a desvincular a saúde do corpo, incluindo aqui a mente ou a alma.
Este período teve seu auge no inicio com a civilização grega, e depois se estagnou e perdeu seu brilho, na idade média. A Idade Média trouxe a filosofia para os conceitos religiosos e também determinava as novas ciências da matemática e da física que cresciam. Outras ciências como astronomia, medicina, engenharia de construções, eram aperfeiçoadas, mas a Religião era a que julgava o “certo” e “errado”, por isto a ciência estava mais ligada ao “espiritual” que ao “natural”. Todos os conceitos da Sociologia, Filosofia, Psicologia, Antropologia, História, Economia, Direito, Política, ou toda ciência social era ligada a Teologia. As ciências sociais eram a Teologia, e as ciências naturais eram submetidas à Teologia, o que por motivo de ignorância teológica impediu o crescimento do conhecimento humano, sendo até chamado a “Idade da Trevas”.
É bom lembrar que grandes cientistas como Galileu, Leonardo da Vinci, e outros viveram este período, mas isto não venceu a ignorância e intolerância religiosa que imperava, e impediu o florescimento da ciência.

  1. Cientifico - Ateísta:

O terceiro período que pode ser chamado de “moderno” ou “experimental” nasceu de em um período de crise religiosa, quando a Reforma Protestante quebrou o domínio do catolicismo que era intolerante e ignorante quanto a renovação do conhecimento humano, promovendo a “caça as bruxas” ou a “inquisição” que era uma luta contra os que “discordavam” da igreja católica. A Reforma promoveu florescer de uma volta à liberdade, a busca da prosperidade, e o pensamento livre, incluindo os pensamentos gregos. Este momento religioso permitiu que a Política fosse liberta para permitir o Renascimento que foi seguido pelo Iluminismo.
Este momento de crise, no entanto, também criou uma rejeição a Religião, que era vista como “inimiga da ciência”, e formou uma ideia de uma ciência “laica”, ou em alguns casos “atéia”. O Ateísmo tornou-se como parte do novo conceito cientifico, que desconsiderava o metafísico ou o espiritual.
A Religião foi retirada dos meios científicos, e até os dias de hoje ainda se vêem esta influencia em muitos cientistas. A Religião foi banida, e considerada até como o “ópio da humanidade”, “um comportamento primitivo”, “a repressora”, ou apenas a “ilusão de um complexo sexual”.
Este período foi do Renascentismo até o Período Contemporâneo com o fim das escolas e os “ismos”, por volta de 1940, no meio das grandes guerras mundiais. A Segunda Guerra Mundial foi já o inicio de um novo período pós moderno.
Neste período “moderno” anti religião, temos à formação das principais teses da Psicologia Moderna, com seus grandes teóricos, como Sigmund Freud, Gustav Fechner, Wilhelm Wundt, Wilham James, J.B. Watson. Foi quando nasceu a psicanálise e a psiquiatria e a psicologia se desvinculou do exorcismo.
A Psicologia formou as “escolas” e os “ismos” seguindo um método experimental. Fundamentalmente os problemas que formaram as divisões:
                               I.            Mente versus Comportamento (Estruturalismo x Comportamentalismo)
                            II.            Campo versus Atomismo (Gestalt x Elementarismo)
                         III.            Nativismo versos Empirismo
A linha da Gestalt e da psicanálise se tornou a escola mais forte.

  1. Cientifico – Fenomenologista:

Este é o quarto período que podemos chamar de “Contemporâneo” e talvez será chamado de “pós moderno”, nasceu após a primeira guerra mundial, no tempo do fortalecimento da nação americana como grande poder político militar. Posteriormente com os experimentos da Segunda Guerra Mundial, que promoveram verdadeiros laboratórios humanos, e a fuga dos cientistas alemães e judeus para os EUA, a ciência floresceu nos EUA e tem influenciado até os dias de hoje o novo pensamento, mas próximo da Religião, mas num conceito mais fenomenológico que religioso. A metafísica já tem sido abordada como fenômenos sobrenaturais, criando até novas ciências como a parapsicologia na psicologia e outras “ciências” que buscam espaço no meio cientifico.
A Religião ganhou um novo espaço com a Ciência da Religião, criando o estudo do “Fenômeno Religioso”. A Religião tem sido vista como fato, e não ilusão, pois é constatada e observada, até mesmo experimentada. A teologia ganhou espaço como parte do “fenômeno religioso”, contudo a ciência ainda não aceita Deus como fato, apenas como mito ou símbolo. O estudo do “fenômeno religioso”, abriu nos campos da Sociologia, Antropologia, Psicologia, Política, Economia, e Administração estudos específicos da manifestação do fenômeno. Por isto temos agora a “Sociologia da Religião” e a “Psicologia da Religião”.
A Psicologia tem mudado sua perspectiva sobre a Religião que era vista como uma “inimiga” da ciência ou do conhecimento, e nestes dias contemporâneos a ciência incluindo a psicologia tem aceito a Religião como uma “aliada”. O próprio nascimento da “Psicologia da Religião” e a “Capelania” tem sido a prova da aproximação da Psicologia e a Religião.
Este período a Psicologia ou a ciência assume a liderança e autoridade, contudo não reduz a Religião ao desprezo, inutilidade, ou dispensabilidade.

ciência verdadeira que é o estudo da natureza nunca afastará o homem de Deus, pois Deus é o Criador, e a natureza "proclama a glória de Deus". Quanto mais estudarmos a natureza, mas teremos revelação de Deus. O marxismo tese sociológica que tinha colocado a Religião na classe de “crime” ou “perigo”, agora sucumbe diante da realidade da influencia inegável da Religião. O Evolucionismo perdeu sua força cientifica, apesar de manter sua força cultural, pois não provou nenhum elo perdido, e a Religião permanece firme até mesmo no caso dos que não são cristãos aderindo e reinterpretando as teses evolucionistas, ou seja, a Religião de novo engolindo os novos conceitos. O freudianismo que junto com o marxismo e o evolucionismo foram às teses mais agressivas contra a Religião, no campo psicológico sucumbe diante da realidade que o homem não reage como um animal, pois tem características diferentes. O homem pode reagir como um animal, mas isto não significa que é sua natureza, mas apenas que é possível o que torna a tese de Freud uma proposição inconsistente.
Vivemos um período de distanciamento da importância da ciência, e a busca da Religião, pois o Hedonismo não está baseado em fatos, mas sim em resultados. O homem quer a felicidade a qualquer preço, e mesmo que seja ilógica e sem explicação quer ser feliz. A Religião sempre foi à busca da felicidade, então a Religião revive ou ressurge na sociedade pós moderna contemporânea, como um vulcão inativo que ressurge.
Os Cristãos têm a oportunidade de reformular seus discursos antes defensores diante da critica cientifica, para um discurso mais espiritual não hedonista, mas amoroso. Como sempre o Evangelho traz a solução por meio do amor, que traz a felicidade. 

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