Quando se estuda
filosofia utiliza-se como base o pensamento grego, e ele é para a ciência
moderna a fonte da filosofia. A filosofia é na concepção da própria palavra, a
busca da verdade ou da sabedoria. Mas foram os gregos que iniciaram a busca da
verdade? É claro que não, a verdade e o verdadeiro conhecimento ou sabedoria,
sempre a busca maior do homem. Podemos dividir os conceitos como diferentes, e
eu arriscaria dizer que conhecimento é o fato, a sabedoria é como utilizar o
fato da melhor forma, e a verdade é a causa do fato. Este fato pode ser
reconhecido como o “logos”, a essência do conhecimento, a razão da sabedoria, e
a expressão da verdade.
Voltando a pergunta
deste texto, os gregos pensaram sobre a verdade baseados em seus conceitos
religiosos e culturais de vida, ou sua cosmovisão da vida. Quando se fala de
Sócrates, Platão, e Aristóteles, a “trindade filosófica” para alguns eles são a
deidade da filosofia. É fato que talvez os gregos foram os primeiros que
trataram a filosofia como matéria de estudo, mas isto os coloca como a base? Ou
os coloca como um degrau elevado de uma busca intensa de milênios de
humanidade? Antes deles não houve outros que estudaram a filosofia no sentido
de busca da verdade ou do logos? É claro que sim, na verdade muitos homens eram
chamados de “sábios”, muito antes da cultura grega se formar. Porque estes não
podem ser estudados como a base dos gregos? Porque considerar os gregos o
início, sendo talvez eles tenham sido o clímax?
Como cristão, tenho
acesso ao conhecimento da sabedoria dos judeus e dos orientais, que antes dos
gregos já consideravam a sabedoria tema de estudo e de discussão. Porque a
filosofia dos gregos é considerada sem influência religiosa, sendo que os
gregos eram politeístas, e sua fé religiosa influenciou sim, tudo que pensavam,
e a filosofia dos judeus e mais tarde dos cristãos, é considerada uma parte
separada, uma parte influenciada pela religião? Os gregos incluindo a “trindade
santificada pela filosofia” pensavam de uma forma, mas a forma deles pensarem
não é o fim, é uma parte da caminhada humana. A matéria filosófica deveria
considerar os pensamentos humanos, e deixar de relegar a filosofia de grupos
religiosos como se fosse um pensamento paralelo. Os gregos também criam na sua
religião, e ela influenciou tudo que os chamados filósofos falaram, até aqueles
que se diziam ateus, pois esta é a religião deles, não crer num ser superior,
crer em si, e no acaso. Ou seja, seu deus é o acaso, o destino, ou o seu
próprio eu. Não há homem sem religião, pois a religião é a verdadeira busca ou
o fenômeno humano incontestável da busca da verdade. Não considero a filosofia
a busca da verdade, acho a filosofia nos moldes modernos, a busca paralela da
verdade, numa tentativa insana de separar a religião da filosofia. Os gregos
não faziam isto, nem nenhum povo antes. Sempre a religião foi a fonte da
filosofia, e hoje os teóricos da filosofia querem separar a fonte da filosofia,
o que relega a filosofia a uma busca sem resultado. Encontrar a verdade ou a
verdadeira sabedoria para que? Para dizer que encontrou? Ou para utilizar com o
propósito de ser feliz? Sem ser hedônico, o homem sempre buscou a sabedoria ou
a verdade na sabedoria para encontrar o motivo de sua existência, como diria o
inglês: “Ser ou não ser eis a questão”.
A matéria da filosofia
deveria estudar os provérbios judeus, e sabedoria cristã, pois é o pensamento
que mais influenciou a terra, e o mundo chamado moderno. Nossa sociedade tem
mais pensamentos cristãos, que por sua vez são baseados no pensamento judeu, ou
bíblico. Porque relegar a Bíblia fonte da sabedoria judaico-cristã como uma
parte somente da religião, e não da origem da filosofia? Porque não utilizar
Salomão como o maior dos filósofos de todos os tempos? Porque não utilizar os
ensinos muito bem organizados do talmude, ou dos livros rabínicos dos judeus? A
escola rabínica tem uma base cientifica tão organizada como os gregos. A escola
cristã é na verdade parte da busca humana, mas é relegada como “filosofia
cristã”, mas a filosofia grega, é chamada de filosofia. Não seria mais honesto
dizer que a filosofia dos gregos clássicos era apenas a filosofia grega? Não
deveria a ciência chamada de filosofia ensinar em blocos de pensamento?
Filosofia Grega, Filosofia Judaica, Filosofia Cristã, Filosofia Chinesa, etc.
Porque os teóricos da filosofia escolheram a filosofia grega como a base da
filosofia? Talvez porque foram os cristãos como Agostinho que ressuscitaram a
filosofia grega? Talvez seja, e historicamente eu diria que esta é a explicação
melhor. Contudo sem minimizar o pensamento grego que na verdade foi parte do
preparo da humanidade para receber o próprio “logos” encarnado, gostaria de
sugerir incluir na matéria filosófica o estudo de pensamentos, deixando as
pessoas filosofarem, e não serem induzidas a pensar como os gregos ou os ateus
pensam. Quem disse que o ato de Sócrates ao suicidar foi o mais nobre? Quem
disse que muitos dos filósofos gregos que aceitavam a pedofilia, além de outros
modos de vida condenados pela Bíblia é uma forma de sabedoria? Porque pensar
que o modo de vida está separado da sabedoria? Na Bíblia sabedoria é nossa
forma de viver de forma certa ou verdadeira. Se nós olhamos para a vida de
Jesus, veríamos que ele é o maior filosofo da terra, tanto em dizer como em ser
o que ele diz ser. Deveríamos considerar o proceder da pessoa quando estudamos
seu pensamento. Dizer uma coisa e viver outra, ou dizer uma coisa e mostrar em
sua vida que sua fé é uma mentira ou não produziu nada que fosse útil para sua
vida, não é querer saber a verdade, é omitir parte da verdade sobre o pensador.
Não consigo entender
como os filósofos tiraram Salomão e Jesus da filosofia, sendo que eles são os
maiores filósofos de todos os homens que passaram na terra. Porque Sócrates,
Platão e Aristóteles, poderia ser Salomão, Jesus e Paulo, pois estes
influenciaram mais o mundo que os gregos. Talvez a filosofia moderna não aceite
os pensamentos judaico-cristãos como parte da estrutura fundamental da
filosofia, e sim como um adendo, pois a filosofia cristã é mais dogmática.
Apesar de ser considerado o dogmatismo uma “heresia” filosófica, a própria
definição do que é errado já é um dogmatismo institucional, ou seja, afirmar
que não podemos ter convicções sobre uma verdade incontestável e absoluta, já é
em si um encarceramento do pensamento, pois cria a indução num pensamento
relativista. Somos dogmáticos, mas não “dogmatistas”, que quer dizer, que somos
firmes no pensamento cristão, de que a Bíblia é a verdade, mas não nos fechamos
no que concerne à revelação da verdade, que pode ser renovada, reencontrada,
compreendida, ampliada, entendida, contextualizada, somada, e corrigida ou
reconhecido o erro estar aberto para o novo ou aquilo que nunca foi pensado.
Num mundo eclético que
busca a unidade num tipo de uniformidade global com um pensamento materialista,
individualista e humanista, deveríamos permitir um pensamento menos
relativista, mas dogmático, sem ser dogmatista. Quando digo, dogmático, quero
dizer convicto de conceitos firmes, como parte da Verdade Absoluta. Considero
absoluto a afirmação joanina que o “logos” deixou de ser um conceito para ser
uma manifestação clara através de uma pessoa que é Jesus Cristo, o Deus que se
encarnou, se tornou homem, para revelar a verdade. Este que é Jesus disse: “Eu
sou a Verdade”, ou Ele é a Verdade ou Ele foi a maior mentira da terra. Não há
duas interpretações, não foi uma afirmação relativa ou eclética, foi um
pensamento absoluto e convicto: “Eu Sou”. Este foi também a forma como Deus se
nomeou ao legislador e grande estadista, além de profeta, Moisés: Deus se
chamou de “EU SOU” (Yehova ou Jeová). “Eu sou o que sou”, é a Verdade de Deus,
e é a Verdade para o Homem. Descobrindo quem Ele é, encontraremos a “Sophia” (sabedoria)
de um “logos” vivo, e útil para nosso dia a dia. Num mundo pós moderno que
busca sentido prático para tudo, coloquemos a filosofia dentro de um pensamento
pós moderno, aberto para retirar o pensamento grego do centro da filosofia.
Gosto do trio clássico (Sócrates, Platão, e Aristóteles), mas não os acho os
detentores da base filosófica, pois em nenhum momento eles falaram sobre a
revelação da Verdade, apesar de falarem boas coisas. E se a filosofia colocasse
Jesus como o centro do pensamento filosófico, com certeza teríamos uma
revolução filosófica, pois Jesus não diz buscar a verdade, Ele diz ser a
própria Verdade. Contudo o homem em seus contextos diferenciados e locais,
deveria compreender que sempre Deus é um universo infinito de descobertas.
Neste sentido sempre poderemos descobrir e ampliar o conhecimento da Verdade, o
amor a Sabedoria, a compreensão da simplicidade do conhecimento. Talvez
chegaríamos a compreensão que mais sábio é o que ama, do que o que conhece.
Mais sábio é temer a Deus, que temer ser incompreendido pelos homens.