Ao ler o livro A Cabana de
William P. Young, tive o grande prazer de ver uma história muito bem contada, e
elaborada. O autor demonstrou um estilo que mantêm o leitor atento e desejoso
de saber mais. O tema principal em minha opinião é o Perdão, e ele é
fundamental dentro da fé cristã. Como sabemos o Perdão vai além da fé para a
constatação científica psicológica que o perdão liberta e cura. O livro é muito
útil para fazer o leitor refletir sobre o Perdão e principalmente sobre Deus. Considerando
o tema Perdão, eu não teria nada a considerar, a não ser elogiar a história e o
tema. Entretanto me sinto impelido, dentro de minha responsabilidade pela
discussão de teorias teológicas abordadas, a chamar a atenção à teologia construída
neste livro.
Eu chamaria de Teologia da
Cabana, a construção que o autor faz sobre a doutrina da Trindade e da
Personalidade de Deus. Quando se cria obras literárias especialmente fictícias,
apesar do autor sugerir que seja baseada em alguma história real, mas isto ele
não deixa claro, toda relação com as doutrinas bíblicas devem ser consideradas
e observadas. É muito simplismo defender uma obra literária, apenas por ser uma
boa ou ótima obra de literatura. Os conceitos sempre têm que ser discutidos e
pensados. Outro dia lia uma obra do autor Augusto Cury, intitulada “Mulheres
Inteligentes, Relações Saudáveis”, e apesar da qualidade das teorias
apresentadas serem muito interessante e boa parte verdades verificáveis, é um
livro muito bom para ler, e com ótimos conselhos para mulheres, e para homens
também. Contudo ele não menciona Deus, faz uma alusão a Jesus, mas não cita o
nome dele, e faz comparações entre o homem e mulher, diminuindo o homem, e
exaltando a mulher, o que não é uma forma que a Bíblia faz. São louváveis seus
elogios a Jesus e sua mãe, mas o nome que foi dado acima de todo nome, é aquele
que desbarata as forças das trevas, e somente por meio de Jesus que o ser
humano pode alcançar a felicidade e a perfeição. Todo conselho sem Deus é um conselho
sem solução. Mesmo sendo ele o autor mais lido na década de 2000, no Brasil,
isto não o faz digno de ser fiel como a Bíblia. Assim como Paulo Coelho, que é
um Bruxo ou Mago reconhecido, é um autor reconhecido no mundo todo, mas isto
não o faz “inspirado por Deus”. Na verdade após o apóstolo João, quando
terminou o livro de Apocalipse, fechando a Bíblia, ninguém mais teve a
“inspiração divina da Palavra revelada escrita de Deus”. Todos após podem até
ter revelações do que já foi revelado, nunca novas revelações. Isto inclusive
tem sido motivo de heresias e novas seitas na igreja, com pessoas que afirmam
ter recebido uma nova revelação, como uma visão do céu ou do inferno, que não
tem respaldo nenhum na Bíblia. Ninguém é maior em revelação que a Bíblia, a
Bíblia é a Palavra Verdadeira de Deus, e toda verdade revelada no mundo tem que
passar pelo crivo das Escrituras Sagradas. Cury é psicólogo, e é notável em
suas teorias, especialmente a teoria das janelas das memórias, mas nem ele, nem
ninguém deveriam ser lidos sem uma análise fria, considerando os princípios
estabelecidos na Palavra de Deus.
No caso da Cabana temos alguns
temas fundamentais que a teologia, através de servos de Deus fiéis e sérios,
tem exaustivamente estudado e discutido, inclusive escrevendo livros e teses. A
teologia da Cabana forma uma imagem de Deus considerando dois tópicos
importantes: A personalidade de Deus e a Trindade. É fato que a igreja concorda
quase que unanimente que Deus é uma Trindade, na verdade, os que não apóiam esta
tese têm sido considerados pela ortodoxia reformada e conservadora, como
hereges. A questão que Deus é uma Trindade, é um tese provada através de muitos
livros e teses teológicas, mas como a Trindade se relaciona no livro é um tema
muito interessante abordado pela Cabana. A forma como a Trindade se relaciona
na Cabana demonstra uma unidade formidável. Talvez seja até uma forma
parabólica muito interessante para considerar a unidade da Trindade, como um só Deus,
sendo três pessoas distintas. O respeito, o amor, o carinho, a forma como eles
assumem funções diferentes, que na verdade são compartilhadas no final como uma
só, é muito bem apresentada por Young. A forma como a Trindade se apresenta no
livro nos faz deliciar com a comunhão que Deus tem em si mesmo. Deus é auto-suficiente,
Ele não precisa nem mesmo de nós para ser suficiente. Ele não nos criou, porque
tinha uma necessidade ou porque faltava algo para Ele. Ele tem na Trindade a
possibilidade de amar e ser amado. Isto o faz totalmente completo em si mesmo. E
a forma como a Cabana demonstra esta comunhão é louvável. C. S. Lewis teve a
coragem de criar suas histórias que foram motivadoras para muitas gerações, e
espero que Young, continue com sua carreira, e recomendo a leitura do livro desde seja feita a analise dos erros, entretanto se os leitores não puderem fazer esta analise, é melhor se abster de ler. Contudo como todos tem o direito de ler e analisar que seja lido com uma analise critica e bíblica.
Contudo como mencionei não posso deixar de ler
um livro sem uma visão crítica, pois senão ficaria exposto a receber mentiras,
mesmo que estas fossem de pessoas sinceras e desejosas de ajudar. Michael
Youssef do ministério Leading the Way listou
13 heresias contidas nesse livro, que é um grande best-seller nos Estados
Unidos, no site Pés Descalços Ministério Pés Descalços encontramos esta lista e
uma critica muito pertinente.
A forma como Young apresenta
Deus como personalidade, é algo muito discutível, e muito humanista, vendo Deus
do ponto de vista humano, e não bíblico. Em alguns momentos, Ele coloca Deus
fazendo zombarias até murmurando. Acho que Ele colocou Deus muito próximo da
imagem do Homem, e devemos lembrar que o Homem agora é uma imagem distorcida de
Deus. Apesar de saber que no livro, Deus está se revelando contextualizado a
vida do personagem do livro, Deus está muito “americano”, ou seja, num estilo
americano de vida. Isto é perigoso, pois pode incentivar os leitores a criar
uma imagem de um Deus americano ou de um Deus quase humano, com sentimentos de
irritação, ironia e atitudes de extrema zombaria. Outra critica construtiva é a
forma que Deus se apresenta como mulher. Sei que a imagem de Deus na Bíblia foi
revelada por meio da criação do Homem, e no inicio o Homem como ser Humano, era
unido. O Homem criado era Homem e Mulher, apenas depois é que Deus retirou
deste ser unificado a parte feminina, e formou a mulher. Considerando que a
imagem de Deus somente é completa quando o homem e mulher estão juntos, podemos
ver Deus se manifestando na forma de uma mulher. Contudo não vemos isto na
Bíblia, não existe nenhuma manifestação de Deus em forma de mulher na Bíblia.
Creio que por isto o autor não foi feliz na sua escolha. Colocar Deus Pai e Espírito
Santo como mulher é perigoso, considerando uma apresentação teológica, isto
inclusive pode ser uma forma de criar um problema para futuras discussões, que
podem levar uma apresentação simplesmente teológica, para o nível de uma
discussão feminista. Digo Feminista, pois alguns não veriam a verdade segundo a
Bíblia, mas segundo uma visão preconceituosa e emocional sobre a “briga nas
gerações atuais” de defender a mulher. A idéia de defender a mulher é positiva,
legal e muito fidedigna, mas ultrapassar os princípios bíblicos, não é
defender, é ofender, pois coloca a mulher numa posição que Deus não a criou. A
mulher não foi feita para ser escrava do homem, nem mesmo para ser inferior, nem
mesma foi feita para ser superior, ela foi feita para ser ajudadora idônea.
Nela está tudo aquilo que é necessário para a raça humana manifestar a imagem
de Deus em sua plenitude, assim como ela sozinha, não pode manifestar a imagem
de Deus. Criar, no entanto um “modelo de um Deus feminino” é ultrapassar a
revelação do próprio Deus na face da terra. Creio que é muito mais para apoiar
uma corrente feminista que sente necessidade de se auto afirmar, do que
apresentar Deus em sua plenitude. Afirmo mais uma vez que a mulher tem seu
valor, mas nunca devemos dar valor nem ao homem, nem a mulher, além do valor
que a Bíblia dá a nós. Também explico que sou contra a posição feminista, e
apoio as mulheres na busca de alcançar aquilo que foi perdido no Éden, a
unidade da raça humana, com o respeito e a verdadeira posição da mulher que foi
reconquistada com Cristo, em sua redenção plena da humanidade. Para mim o
feminismo é uma linha que busca isolar a mulher, acredito na feminilidade.
Mulher é mulher, e homem é homem, e Deus é Deus.
Não podemos deixar de lembrar
que existe uma manifestação feminina de Deus na Bíblia, mas não de forma
física. É um dos nomes de Deus, que Ele se revela como o EL SHADDAI. SHAD no
hebraico é “seios”, e EL é Deus. A tradução seria: “Eu sou o Senhor que
amamenta”. O significado é claro, pois a amamentação é uma prática comum para o
conhecimento de qualquer cultura e povo do mundo. Toda mãe amamenta seu filho,
algumas podem não amamentar por motivos impeditivos ou egoístas, mas o comum é
amamentar. Amamentar é dar de si mesmo e sustentar com sua própria vida ao
filho ou criança que ainda não consegue se alimentar sozinho. É fato que homem não amamenta. A figura de uma
mãe amamentando seu filho é uma forma que Deus se apresenta para a humanidade,
e isto é uma das funções ou características que apenas a mulher tem. Deus então
busca na mulher uma parte de sua imagem, e existem muitas outras que poderíamos
descobrir, vendo Deus em sua manifestação ao ser humano. Não obstante esta
manifestação, não vemos o próprio Deus na Bíblia se revelando como uma mulher,
o que torna perigoso utilizar uma forma que Deus não utilizou.
A questão de Deus se manifestar
em formas corpóreas com características caucasianas, mongólicas, ou africanas
também é discutível, pois nem o Pai, nem o Espírito Santo aparecem na Bíblia
como seres humanos, suas aparições são sombras, grande luzes, e não podemos
afirmar que Deus é da mesma forma que o homem. O homem é a imagem de Deus, mas
não significa que seu corpo é da mesma forma que a forma de Deus. Apenas Jesus
tem agora a forma humana, e um corpo que é glorificado. Por isto as aparições
de Deus aos seus servos na Bíblia, nunca foram em forma corpórea, o que também
cria outra vertente da teologia da CABANA. Jesus apareceu em forma corpórea,
pois Ele é agora homem como nós. E sua forma deve ser mais judaica que outra qualquer. Mas Deus Pai e Deus Espírito Santo não são
homens em forma corpórea. É certo que Deus pode todas as coisas, e considerando
esta doutrina, Deus poderia se apresentar na forma que Ele quisesse, mas isto
não nos permite ultrapassar as formas que Ele escolheu se manifestar, e estão
reveladas na Bíblia.